quinta-feira, 29 de maio de 2008

Imprensa em Questão

JORNALISMO REGIONAL

Dois casos de atuação da imprensa local

*Fabiano Angélico

Nas últimas semanas, Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo voltaram a noticiar o escândalo do Detran do Rio Grande do Sul, caso de suspeita de corrupção que se tornou público em novembro de 2007, quando a Operação Rodin foi deflagrada pela Polícia Federal. De acordo com a PF, foi montado no Detran-RS um esquema que surrupiou R$ 40 milhões dos já depauperados cofres gaúchos.
Uma pesquisa na base de dados do projeto "
Deu no Jornal", da Transparência Brasil, indica que cada um dos jornalões sediados em São Paulo publicou três matérias sobre o caso no período entre 15 de maio e 21 de maio.
Acompanhado à distância por diários de alcance nacional, o tema não saiu da pauta da imprensa gaúcha desde 6 de novembro de 2007. Da data em que foi deflagrada a ação da PF até 21 de maio, foram 206 textos no Correio do Povo e 306 no Zero Hora, ainda de acordo com o projeto "Deu no Jornal" (banco de dados de matérias jornalísticas sobre corrupção).
Como evidenciam os números, a cobertura da imprensa gaúcha se descolou do noticiário nacional. E o desenvolvimento das apurações já atinge a governadora Yeda Crusius (PSDB), o que trouxe o caso de volta aos diários de referência.

Omissão na Paraíba

Embora tenham apresentado algumas falhas (para uma análise mais detalhada, ver o estudo "A cobertura do escândalo do Detran gaúcho", divulgado pela Transparência Brasil em abril), os dois principais jornais do Rio Grande do Sul cumpriram seu papel fiscalizador. Com toda a luz jogada sobre o escândalo Detran, é de se esperar que as autoridades façam uma boa apuração das responsabilidades.
A mesma esperança não se vislumbra em outro estado governado por tucanos. Na Paraíba, onde o governador Cássio Cunha Lima chegou a ser cassado, mas se segura no cargo por força de uma liminar, a imprensa local falhou feio.
Embora o caso que culminou na cassação do governador pelo Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba tenha sido outro (abuso de poder político), um assunto que poderia ajudar na compreensão das atividades do governo estadual ficou à sombra graças à ineficiência dos jornais paraibanos.
Conforme o estudo "
Na Paraíba, governo dispensa licitação e jornais dispensam esclarecimentos", divulgado pela Transparência Brasil em abril, os três principais diários paraibanos ficaram devendo à sociedade um relato consistente da denúncia apresentada por um deputado de oposição sobre dispensa supostamente irregular de licitação.

Não há hábito de repercutir

Das 23 matérias publicadas sobre o assunto na imprensa local entre 19 de novembro e 9 de dezembro de 2007, só uma não saiu no Correio da Paraíba, cujo proprietário, Roberto Cavalcante, é suplente do senador José Maranhão, ex-governador da Paraíba.
Em nenhum dos 22 textos do Correio, o atual governo da Paraíba é ouvido. "Há uma determinação do governo para não nos responder. Nós os consultamos, eles é que não falam", disse o editor de política do Correio da Paraíba, Josival Pereira, ao autor do estudo da Transparência Brasil. No entanto, em nenhum texto o jornal menciona que o governador foi procurado. Sem espaço para o "outro lado", é difícil conferir credibilidade aos relatos do Correio.
Os outros dois jornais analisados – Jornal da Paraíba e O Norte – também não cobriram o caso corretamente. O segundo deu apenas uma matéria sobre o assunto e o primeiro não publicou nem uma linha.
A editora-executiva do Jornal da Paraíba, Angélica Lúcio, disse à Transparência Brasil que o jornal tem não o hábito de repercutir um tema "quando o concorrente sai com o furo".

Sem braços

O diário O Norte também tem uma explicação para ter deixado o assunto de lado. Vale reproduzir um trecho do estudo:
"A editora de política de O Norte, Glaudenice Nunez, diz que foi decisão da empresa não acompanhar o caso e não pode comentar o assunto. Ela afirma que o jornal só publica denúncias ‘quando a Justiça se posiciona’ ou quando a ‘fonte da informação pode ser checada.’ Quando lembrada que é público o acesso ao Sagres, sistema que os deputados têm usado para fazer as acusações de dispensa de licitação, Glaudenice alega que ‘essa parte é por causa da determinação da empresa’."
Em resumo: a sociedade ignora o que se passou. Milhões de reais podem ter sido desviados. Por outro lado, pode ter havido falsas acusações. Quem sabe?
Como se percebe, faz toda a diferença a postura da imprensa local perante os governos locais. A chamada "grande mídia", que mal cobre os grandes escândalos – e muitas vezes os cobre muito mal, não tem braços para relatar todos os casos de suspeitas de corrupção sussurrados neste imenso país.
A esperança que resta é que o propalado crescimento da classe média brasileira resulte em um fortalecimento de algumas das nossas instituições, entre as quais os jornais de alcance municipal e/ou estadual. Quem viver, verá!

*O autor é Coordenador de projetos da
Transparência Brasil

Eleições 2008

Zé Antônio e Luizão saem na frente


Brasília – Da Redação – Um ato inusitado no mundo político, em especial às vésperas das convenções para a escolha dos candidatos a prefeitos e vereadores, e que alguns preferem chamar de “a democracia em resumo”, resultou no pré-lançamento de duas candidaturas a prefeito de Rolim de Moura (RO): a do atual presidente da Câmara Municipal, vereador José Antônio Gonçalves Ferreira, ou simplesmente “Zé Antônio”, pelo PSB, e do empresário Luiz Schok, ou “Luizão do Trento”, que no pleito passado concorreu encabeçando uma coligação que mais parecia uma “sopa de letras”, reunindo diversos partidos, alguns antagônicos e que nenhum analista imaginaria caminhar lado a lado, tanto que acabou derrotado pela atual prefeita Mileni Mota (PTB).
Na reunião em que as duas pré-candidaturas foram lançadas, o grande número de siglas partidárias ali representadas também causou estranheza, da mesma forma que o fato de se ver definido não apenas um nome para a corrida sucessória, mas sim dois.
Duas pré-candidaturas à prefeitura local, a do empresário Luizão do Trento (PSDB) e do vereador de Zé Antônio (PSB), foram lançadas na reunião, que teve representantes do PSB de praticamente todo Estado, além do presidente regional da sigla, Mauro Nazif, que deu total liberdade aos dirigentes do diretório municipal do PSB para definirem as coligações e decisões que irão tomar sobre as eleições de outubro próximo.
O senador Expedito Júnior (PR-RO) participou do evento, referendando a preparação Luizão do Trento e Zé Antônio, seu irmão, para que cheguem à Prefeitura de Rolim de Moura e possam fazer um bom trabalho em prol da população.
Na opinião de Expedito Júnior, os quatro mandatos de vereador que Zé Antônio tem em Rolim de Moura o credenciam como político conhecedor da administração pública, o que o coloca em condições de conduzir a Prefeitura de Rolim de Moura como um grande prefeito. Expedito disse ainda que não interfere nas decisões de Zé Antônio, e para exemplificar, diz que gostaria que o irmão tivesse ido ao PR, “mas respeito a decisão dele se filiar ao PSB de Mauro Nazif”
Sobre Luizão do Trento, Expedito demonstrou confiança na capacidade administrativa do empresário, que também considera em condições de fazer uma boa administração frente à prefeitura de Rolim de Moura, caso consiga se eleger.
Sobre a disputa de pré-candidatos com ligação pessoal com o senador, ele disse que tem ainda Josias Custódio (PTN), que também lançou sua pré-candidatura e, ainda, Mileni Mota (PTB), a quem disse já ter sido crítico, mas atualmente reconhece o bom trabalho que está sendo feito pela prefeita em Rolim de Moura. “Já estive falando com o governador Ivo Cassol, tanta gente conhecida disputando a Prefeitura de Rolim que quem ganhar, ficará tudo em casa”, disse Expedito Júnior.


Circo da Notícia

A MATEMÁTICA DA FOLHA

PT e PSDB, dois pesos e duas medidas

Luiz Antonio Magalhães

Reproduzido do blog do autor

O que vai a seguir é mais uma colaboração deste observador para a série "Como a grande imprensa manipula o noticiário". A Folha de S. Paulo de segunda-feira (26/5) publicou na primeira página a chamada a seguir:

** "A cada R$ 1 doado ao PT, empresas recebem R$ 54"

Pois bem, o leitor vai lá para dentro do jornal e lê a matéria, publicada na página A4, com os seguintes título e linha-fina (grifos meus):
** "Governo paga a empresas 54 vezes o que doaram ao PT"
** "Só das 20 maiores contribuintes, partido recebeu R$ 8,7 milhões no ano passado"
** "No segundo mandato de Lula, empresas receberam R$ 473 milhões do governo federal; PT foi o partido que mais obteve contribuições"
Mas eis que o distraído leitor vira a página e se depara com a seguinte preciosidade (grifos novamente meus):
** "Doadoras do PSDB obtêm contratos de R$ 3,4 bilhões"
** "Andrade Gutierrez e Odebrecht ganharam licitações em Minas Gerais e São Paulo"
** "Construtoras doaram ao todo R$ 2,4 milhões ao partido nacional em 2007; empresas dizem que doação foi feita de acordo com a lei"
Ora, para chegar nos tais R$ 54 que as empresas doadoras do PT receberam a cada R$ 1 doados ao partido, a Folha dividiu o total recebido (R$ 473 mi) pelo total doado (R$ 8,7 mi). No caso do PSDB, a mesma divisão mostra que, a cada R$ 1 doado aos tucanos, as empresas receberam exatos R$ 1.416. Mas o jornal paulistano achou que os cinqüenta e quatro contos do PT merecem mais destaque do que os R$ 1.416 do PSDB.
Uma manchete justa talvez fosse a seguinte:
** "Doação ao PSDB dá às empresas retorno 26 vezes maior do que doação ao PT"
Assunto para Carlos Eduardo Lins da Silva, o novo e competente ombudsman da Folha.

Comissão aprova projeto de Júnior para divulgação de verba indenizatória na internet

Brasília (Fabíola Góis/Assessora de Imprensa) - A Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado (CCT) aprovou parecer do senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) ao projeto de lei (PLS 671/07) do senador Expedito Júnior (PR/RO) que autoriza órgãos públicos a tomarem providências para a divulgação, pela Internet, das informações relativas a gastos públicos indenizatórios.
O projeto autoriza a Câmara, o Senado, o Presidente da República, os Conselhos Nacionais de Justiça e do Ministério Público a divulgarem os gastos caracterizados como verba indenizatória. Nos casos de despesas definidas por lei como reservadas ou de sigilo funcional, a proposta permite que os valores sejam divulgados de forma agregada. Também os gastos relativos à Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF), conhecido como cartão corporativo deverão ser divulgados na Internet.
Sérgio Zambiasi ressaltou que o Senado já publica em sua página na Internet os gastos da Casa com verbas indenizatórias. O relator informou que também a Câmara dos Deputados já divulga seus gastos, bem como algumas assembléias legislativas e câmaras municipais.
O senador Expedito Júnior explica que essa idéia surgiu antes mesmo dos escândalos com cartões corporativos divulgados pela imprensa. “A intenção é dar mais transparência com os gastos públicos”, afirmou.
Agora o projeto será examinado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), na qual receberá decisão terminativa
.


Imprensa em Questão

DOIS LADOS DO BALCÃO

A promiscuidade no jornalismo político


Argemiro Ferreira

Reproduzido do blog do autor


Certa vez estive envolvido numa discussão interna do Sindicato de Jornalistas do Rio sobre uma coluna iniciada por Pelé no Jornal do Brasil. Discordei da idéia de impedi-lo de escrever a pretexto de não ser jornalista. Mas o próprio craque, interpelado pelo sindicato, acabaria por recuar: concordou em expor suas análises sempre na forma de entrevistas, cabendo o texto a um jornalista.
Mais tarde ouvi dizer que Tostão, formado em Medicina, fez curso de comunicação para não ter de enfrentar a ira de jornalistas inconformados com a competição de não diplomados em comunicação. A disputa permanece, mas minha opinião continua a mesma. Não acho certo insistir em restrições assim para impedir um Pelé, um Tostão, um Gerson, um Sócrates e tantos outros de escrever sobre o que conhecem tão bem.
O jornalismo ganha com eles. Se esse caso e outros semelhantes violam a lei que regulamenta a profissão, os colegas jornalistas e os professores de comunicação que me desculpem, é hora de mudar a lei. Mas há certas sutilezas a serem examinadas. Volto à questão por causa do que acontece nos EUA, onde Karl Rove, marqueteiro tido como "o cérebro de Bush", tornou-se a mais nova estrela do jornalismo político americano.

Rove, Russert, Stephanopoulos

Nos EUA existem escolas de jornalismo e de comunicação, mas não a exigência de diploma para o exercício da profissão. Um dos jornalistas mais bem-sucedidos da TV – Mike Wallace, do 60 Minutes da CBS – celebrizou-se primeiro como animador de programas de prêmios. Tim Russert, que faz sucesso no Meet the Press da NBC, começou como assessor do governador Mario Cuomo e, depois, do senador Daniel Moynihan.
O programa político da ABC, que hoje disputa o horário de domingo com Russert na NBC, é This Week, de George Stephanopoulos, formado em Ciências Políticas, Direito e Teologia – mas até então sem nenhuma experiência jornalística. Ele só se tornou conhecido em 1992, como secretário de imprensa da campanha presidencial de Bill Clinton e, posteriormente, diretor de comunicações da Casa Branca.
Na mesma campanha presidencial, destacaram-se ainda James Carville, principal estrategista de Clinton e, do outro lado, Mary Matalin, a serviço da campanha rival de George Bush I, o pai. Carville e Matalin (ela passou a servir, em 2001, ao vice-presidente Dick Cheney) casaram-se depois e ganham a vida desde então com política e jornalismo. Fazem na TV (inclusive na NBC) um número tipo vaudeville: brigam no palco, expondo as posições democrata e republicana. Pura encenação teatral, claro.

Obama, o próximo alvo dos "527"

Desde segunda-feira (12/5) o New York Times – que dias antes devassara o escândalo dos "analistas militares" da TV, generais treinados pelo Pentágono para melhor defender na mídia as opções bélicas dos EUA – expôs a situação atual de Karl Rove, transformado em analista político da mídia após dirigir com sucesso as duas campanhas de Bush (2000 e 2004) [ver aqui]. Ele fala às câmeras da Fox News e escreve para o Wall Street Journal e a Newsweek (saiba mais AQUI sobre esse novo papel dele).
Convenhamos que enquanto o debate é sobre Pelé, Tostão, Sócrates, está fora de dúvida que o jornalismo – como os leitores ou telespectadores – só tende a ganhar. Mas uma relação promíscua mídia-política corre o risco de comprometer a própria integridade do jornalismo. E Rove, especialista em truques sujos da política, traz ainda seu status de celebridade e muitas dúvidas éticas.
Sobre a competência do personagem, nada tenho a opor. Dificilmente alguém domine tão bem o tema que analisa – como na certa concordam os que acompanharam sua participação na cobertura das últimas primárias pela Fox News. Mas, entre outras coisas, Rove pode estar envolvido, segundo sugeriu o Times, num projeto para produzir e veicular comerciais difamatórios contra Barack Obama.
Esses comerciais viriam do que é chamado nos EUA "grupos 527". O número refere-se a dispositivo de legislação fiscal. Eles são organizações desregulamentadas, livres de impostos e sem ligação visível com a campanha de qualquer candidato. Exemplos expressivos ocorreram nas duas campanhas de Bush II, o filho, ambas dirigidas por Rove. Em 2004 a difamação de John Kerry em forma de comerciais inundou o país, iniciativa do "Swift Boat Veterans for Truth", um grupo 527 [
ver aqui].

A mesma porta de vaivém

Coube ao mestre de Rove, Lee Atwater, fazer a campanha de Bush pai em 1988 e usar um comercial semelhante – sobre Willie Horton, presidiário negro que, liberado para passar um fim de semana em casa, estuprou e matou uma mulher branca em Massachusetts, estado governado por Mike Dukakis. O anúncio foi produzido por um grupo sem vínculo com a campanha. Sabe-se hoje que, ante a vantagem (quase 20 pontos percentuais) do democrata Dukakis, Bush autorizou a veiculação dos comerciais – e se elegeu.
Depois de Atwater prever que ao fim da campanha Horton seria célebre em todo o país, um ex-assessor de mídia de Ronald Reagan – Roger Ailes, hoje presidente da Fox News, que acaba de contratar Rove – completou: "A única dúvida é se vamos mostrá-lo com a faca na mão ou sem ela". E Larry McCarthy, que produzira o comercial e antes tinha trabalhado para Ailes, encarregou-se de convencer as TVs a aceitá-lo [
ver aqui a carta de um leitor do Washington Post convencido de que em 2008 o ex-pastor de Obama, Jeremiah Wright, será transformado num Willie Horton].
As relações promíscuas de gente como Rove com a mídia são e serão sempre uma preocupação para quem se preocupa com a ética e a integridade jornalística. Rove foi da Casa Branca para a redação – como Ailes, Stephanopoulos, Carville, Matalin e outros. Mas às vezes o fluxo é inverso na porta de vaivém: Tony Snow, depois de ser âncora do principal programa político da Fox, tornou-se porta-voz de Bush na Casa Branca.

*O autor é Jornalista


Jornal de Debates

"BARRIGA" DO ANO (2)

Sobre as contradições do jornalismo

Venício A. de Lima

No final da tarde de terça-feira (20/5) fui surpreendido com telefonema de pessoa de minha família, em Minas Gerais, preocupada em saber se eu estaria viajando ou se estava em Brasília. Estava em Brasília, por quê? "Acabamos de ouvir na rádio Itatiaia de Belo Horizonte que um avião de passageiros havia se chocado com um prédio nas proximidades do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, provocando grande incêndio. Como você sempre viaja, queríamos ter certeza de que não estaria entre as vítimas de mais esse acidente aéreo."
Depois do telefonema, tomei conhecimento de que o canal GloboNews, da operadora de TV a cabo NET, havia interrompido a transmissão ao vivo de depoimentos na CPI dos cartões para "informar" que um avião da empresa Pantanal acabara de cair sobre um prédio na Zona Sul de São Paulo, próximo ao aeroporto de Congonhas. Durante mais de cinco minutos, a GloboNews mostrou imagens de fumaça sobre a cidade e do incêndio que teria sido provocado pelo choque de um avião com o prédio.
Numa inversão da lógica que tem presidido a análise do fluxo das notícias, quase simultaneamente a GloboNews pautou os principais sites online – UOL, Folha OnLine, Terra, iG, Estadão – que passaram a "informar", em manchete, sobre a queda do avião e sobre o incêndio. A partir daí, a "informação" passou também a ser transmitida por emissoras de rádio em todo o país.
Aos poucos foram aparecendo os desmentidos: da Infraero, da Pantanal e da própria Central Globo de Comunicação que, em comunicado, informou:
"A respeito do incêndio ocorrido hoje à tarde em São Paulo, a GloboNews, como um canal de noticias 24 horas, pôs no ar imagens do fogo assim que as captou. Como é normal em canais de notícias, apurou as informações simultaneamente à transmissão das imagens. A primeira informação sobre a causa do incêndio recebida pela Globo News foi a de que um avião teria se chocado com um prédio na região do Campo Belo, Zona Sul de São Paulo. Naquele momento bombeiros e Infraero ainda não tinham informação sobre o ocorrido. As equipes da própria Globo News constataram que não havia ocorrido queda de avião e desde então esclareceu que se tratava de um incêndio em um prédio comercial. Poucos minutos depois o Corpo de Bombeiros confirmou tratar-se de um incêndio em uma loja de colchões."
Não havia acidente. Nenhum avião havia se chocado com qualquer prédio. Na verdade, tratava-se de um incêndio em loja de colchões no bairro paulistano de Moema.

Há vinte meses

Foi impossível não lembrar de uma outra situação envolvendo o jornalismo das Organizações Globo. Esta última ocorrida em 29 de setembro de 2006, quando um jato Legacy derrubou o Boeing que fazia o vôo Gol 1907, de Manaus para Brasília, matando mais de 150 pessoas.
Naquela época, ao contrário de outras emissoras de TV e sites na internet, a TV Globo demorou a noticiar o acidente que ocorreu antes do Jornal Nacional. Como estávamos às vésperas do primeiro turno das eleições presidenciais de 2006, houve uma grande polêmica em torno do assunto. A Globo sempre alegou que não poderia ter dado a notícia sem primeiro checar os fatos. A emissora temia as eventuais repercussões que uma notícia dessas – não confirmada – poderia causar na vida de milhares de pessoas.
Agora a GloboNews deu a "informação" falsa sobre o "acidente". Sites e emissoras de rádio reproduziram a "informação" e só depois se deram ao trabalho de checar para ver se era verdadeira. Não era.
Deixo a meu eventual leitor as devidas conclusões sobre a qualidade e a responsabilidade do jornalismo que continua a ser praticado no Brasil.

Raupp defende liberação de R$ 30 milhões para obras em municípios rondonienses

Brasília (Assessoria de Imprensa/Liderança do PMDB) - A liberação de R$ 30 milhões para obras de travessias urbanas e de iluminação pública em municípios do Estado de Rondônia foi reivindicada pelo líder do PMDB no Senado Federal, Valdir Raupp (RO), ao ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, durante audiência ocorrida na tarde ontem (28. Da audiência participou também, o diretor de Planejamento e Pesquisa do Departamento de Infra-Estrutura Terrestre (DNIT), Miguel de Sousa.
De acordo com a emenda parlamentar do senador apresentada ao Orçamento Geral da União de 2008, os recursos terão a seguinte destinação: travessias urbanas nas cidades de Presidente Médici: R$ 9,8 milhões Ouro Preto do Oeste: R$ 11 milhões e Candeias do Jamari; R$ 4,5 milhões. Para iluminação de vias urbanas, os recursos orçamentários vão contemplar Pimenta Bueno: R$ 1,3 milhão e Porto Velho: R$ 1,4 milhão. Para a construção do trevo da BR-364 com a 429, em Presidente Médici, a emenda do senador destinou R$ 2,9 milhões.
O senador solicitou ao ministro prioridade na liberação desses recursos que se destinam a obras de importância para o desenvolvimento dos municípios beneficiados. “Temos recebido diariamente pleitos de prefeitos de todo o Estado, neste sentido”, disse Raupp ao se reportar a peregrinação que os administradores realizam em Brasília.
“Os municípios rondonienses não têm condições de bancar obras de infra-estrutura e carecem do apoio do Governo Federal”, frisou o líder do PMDB no Senado, esclarecendo que ele e a deputada federal Marinha Raupp têm percorrido ministérios e outros órgãos da administração pública federal em busca de recursos para investimentos em obras de infra-estrutura e nas áreas de educação e saúde.


CAS aprova emenda que garante mais 50 unidades de saúde às mulheres vítimas de violência

Brasília (Henrique Teixeira/Assessoria de Imprensa) - A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou ontem (28) emenda que garante a implementação de mais 50 unidades de serviço de atenção à saúde de mulheres vítimas de violência. A emenda foi proposta pela senadora Fátima Cleide (PT-RO).
Fátima justificou a apresentação da emenda devido às peculiaridades da violência sofrida pelas mulheres. “Homens e mulheres são atingidos pela violência de maneira diferenciada. Enquanto os homens tendem a ser vítimas de uma violência predominantemente no espaço público, as mulheres sofrem cotidianamente agressões dentro de seus lares, muitas vezes praticadas por seus maridos e companheiros”, explicou.
Há no Plano Plurianual Anual (PPA), proposto pelo governo Lula em 2007, a meta de criação de 100 novas unidades de atendimento às mulheres vítimas de violência. Mas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não havia nenhuma proposta de novos postos de atendimento. Com a emenda de Fátima o governo federal tem a prioridade de implementar até 2009 mais 50 novas unidades em todo o País. Dessa forma, a meta passa de 100 para 150 postos de atendimento.
O ministério da Saúde será o órgão responsável pela implementação dessas unidades. O programa deverá se chamar Promoção da Capacidade Resolutiva e da Humanização na Atenção a Saúde.
A emenda aprovada pela CAS ainda será apreciada pela Comissão Mista de Orçamento do Senado para ser definitivamente incluída na LDO.


Votorantim produzirá 2.000 toneladas de cimento por dia em RO

Porto Velho (Decom) - A fábrica de cimento que a Votorantim pretende inaugurar em Porto Velho até o fim de 2009 deverá produzir, nos próximos 50 anos, 750 000 toneladas/ano, o equivalente, por dia, a 50 carretas carregadas com 40 toneladas cada uma.
Para isso, serão consumidas 350 000 toneladas de argila caulínica por ano, material a ser extraído de duas áreas próximas à fábrica, uma na zona rural da capital e a outra em Candeias do Jamari.
Misturada ao clínquer, matéria-prima a ser fornecida por outras unidades do grupo no Brasil, a argila será calcinada em um forno a até 900 graus centígrados, aquecido com a queima de coque de petróleo importado de uma refinaria no Golfo do México (EUA), formando uma substância chamada pozolana. Com a aplicação de gesso e calcário, também trazidos de fora do Estado, o cimento pozolânico é moído e ensacado. A fábrica também fornecerá o produto a granel, transportado em caminhões-tanques.
As informações foram divulgadas ontem por uma equipe destacada pela diretoria do Grupo Votorantim, liderada pelo coordenador do projeto, Álvaro Batalha, na qual foram detalhados todos os passos do processo de industrialização do cimento. Segundo ele, a fábrica irá empregar na linha de produção até 100 pessoas. Toda a mão-de-obra restante para a execução de serviços de alimentação, vigilância e segurança, será terceirizada.
Representando o Executivo estadual, o superintendente estadual de Turismo, Manoel Serra, destacou a importância de o empresariado local preparar-se para ser parceiro ou fornecedor da companhia: “Como demonstrado pelo coordenador do projeto, as paradas de manutenção de todo o sistema do alto-forno vão exigir serviços de caldeiraria, montagem e mecânica pesada que vão ser contratados no mercado de Porto Velho, e esse é apenas um exemplo das atividades que podem ser exercidas por profissionais aqui de nosso Estado”.
A Votorantim também anunciou que, a partir de julho, começa, em parceria com a Prefeitura Municipal e o SINE, administrado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Produção e do Desenvolvimento Econômico e Social (SEAPES), o treinamento de pessoal para as obras civis, que devem empregar até 1.270 operários no auge das obras, previsto para o primeiro semestre do ano que vem.


RO sedia o I Encontro dos Conselhos da Comunidade da Região Norte

Porto Velho (Luiz Alexandre/Assessoria/Sejus) - Representantes de todos os estados da região Norte participam nos dias 30 e 31, exclusivamente em Porto Velho, do I Encontro dos Conselhos da Comunidade da Região Norte. O evento, que acontece no Sest-Senat, é uma realização do Departamento Penitenciário Nacional (Depen/MJ) em parceria com o Governo de Rondônia através da Secretaria de Estado de Justiça (Sejus).
Com o objetivo de qualificar pessoas que atuam nos Conselhos da Comunidade dos Estados, aprimorar as atividades já exercidas e fomentar a troca de experiências entre conselheiros, magistrados, promotores, gestores do sistema prisional e diversos segmentos da sociedade, o Encontro pretende ajudar na construção de políticas públicas adequadas às disposições da Lei de Execuções Penais (LEP).
De acordo com o secretário de Justiça em exercício, o delegado de polícia Renato Eduardo de Souza, Rondônia sediará esta importante iniciativa devido ao aumento significativo do número de Conselhos da Comunidade após sensibilização feita pelo Conselho Penitenciário do Estado junto ao Poder Judiciário.
“O Judiciário recepcionou muito bem nossos argumentos e encaminhou expediente aos Juízes por meio da Corregedoria do Tribunal de Justiça, concitando-os a criarem os referidos Conselhos, conforme disposto na LEP”, informou o presidente do Conselho Penitenciário de Rondônia, Gabriel Tomasete.

Programação

As atividades terão início com a cerimônia de abertura que contará com a presença do diretor do Depen, Maurício Kuehne, do diretor de Políticas Penitenciárias, André Luiz Cunha e diversas autoridades estaduais do Executivo, Legislativo e Judiciário.
Ainda pela manhã da sexta-feira, além da apresentação da Comissão Nacional para a Implementação e Acompanhamento dos Conselhos da Comunidade, o ponto alto ficará por conta da apresentação do Espetáculo Bizarrus, encenado por egressos e apenados do Sistema Penitenciário de Rondônia.
Já pela parte da tarde e seguindo na manhã de sábado, acontece palestras e oficinas que focam as funções e atribuições dos Conselhos. Ao final os grupos irão apresentar em plenária as propostas das oficinas.


Notícias de Rolim de Moura

Readaptação do Auto da Compadecida por grupo teatral de Rolim de Moura

(Assessoria de Imprensa da Prefeitura)

O grupo Quimera integrado por atores do Teatro Municipal de Rolim de Moura fez uma readaptação da peça teatral "O auto da compadecida", escrita por Ariano Suassuna, que é clássica do teatro brasileiro, virou minissérie de televisão e ganhou uma versão no cinema. Fazendo teatro de vanguarda, o grupo rolimourense fez uma readaptação através do trabalho da diretora Clébea Lima de Almeida, sendo então denominada de "O alto da compadecida".
De acordo com a diretora Clébea Lima a peça "Alto da compadecida" está sendo apresentada no Teatro Municipal de Rolim de Moura, e retrata as dificuldades da seca no sertão nordestino.
Os atores são estudantes da Zona da Mata, entre eles: Samuel Pereira, Deo Ferreira, Ana Carolina Borges, Wilson Silva e grande elenco. A direção da peça é de Clébea Lima de Almeida e Deo Ferreira, tendo como auxiliares - Edenice Vasconcelos e José Antônio Araújo, e como figurinista Ângela Maria Vago. A peça foi sucesso total com a casa cheia e teve o apoio da Prefeitura Municipal de Rolim de Moura através da Secretaria Municipal de Educação Cultura Esporte e Lazer.

Pecuária leiteira

Representantes dos municípios de Nova Brasilândia do Oeste, Santa Luzia do Oeste, e Alto Alegre dos Parecis, estiveram reunidos com a prefeita de Rolim de Moura, Mileni Mota, para tratar de políticas públicas que garantam o desenvolvimento regional, com ênfase para o fortalecimento da pecuária leiteira e o cumprimento de novos dispositivos do Ministério da Agricultura e Pecuária no que se refere à produção e a qualidade do leite.
Os representantes dos municípios se reuniram para buscar soluções práticas, rápidas e eficazes, principalmente no tocante a aquisição de equipamentos para a atividade leiteira, que vem passando por uma grande transformação. Mileni Mota destacou durante a reunião as dificuldades das indústrias instaladas no Estado em atestar a qualidade do produto e a importância da atividade para a agricultura familiar.
Ela observou que de acordo com levantamento efetivado, os municípios estão cumprindo com a instrução normativa que trata da qualidade do leite, e inclusive buscando recursos financeiros do Governo Estadual ou do Governo Federal para a aquisição de tanques resfriadores. Mileni destacou a importância de uma ação articulada dos municípios, ao anunciar a instalação dos laboratórios de análises em Rolim de Moura, aptos tecnicamente a atestar a qualidade da produção leiteira.
Durante a reunião, a prefeita garantiu que estará destinando recursos para a construção de salas a serem utilizadas na capacitação de profissionais para atuarem junto ao laboratório de analise de alimentos. Ela destacou que este centro de treinamento deverá absorver não só os trabalhadores das indústrias, mas também todos os produtores rurais da grande região da Zona da Mata.

Centro genético

Com base em levantamentos efetivados pela Secretaria Municipal de Agricultura de Rolim de Moura foi elaborado um diagnóstico quanto à escassez de recursos a serem repassados aos municípios, o que na prática significaria poucos benefícios aos agricultores.
Os representantes dos municípios apreciaram em seguida sugestão do Sindicato dos Laticínios de Rondônia, que propôs a concentração dos recursos a serem repassados aos municípios, o que garantirá em breve a construção do Centro de Melhoramento Genético, numa ação prática de investimento no melhoramento genético do rebanho da região.
Mileni Mota anunciou durante o encontro que Rolim de Moura vai investir no mínimo R$ 900.000,00 no setor leiteiro. Segundo ela, R$ 400 mil serão empregados na construção do centro de treinamento do laboratório de análises de alimentos e mais R$ 500 mil para a construção do Centro de Melhoramento Genético.
Participantes da reunião: Rolim de Moura - prefeita Mileni Mota; secretário de Planejamento, José Garibaldi França e o secretário de Agricultura, Eduardo Umehara; representando o Sindicato dos Laticínios de Rondônia, Pedro Bertelli; Senai-RO - gestor técnico de Porto Velho; Rogério Garbin, gerente de Cacoal; Marcos Brauna, gerente de Ji-Paraná; Creusa Maria de Morais. Dos Municípios convidados estiveram presentes o prefeito de Nova Brasilândia do Oeste, Silas Borges e seu secretário de Planejamento, Renato Chiste; de Santa Luzia, o secretário de Agricultura, anilo de Araújo e de Alto Alegre dos Parecis, o secretário de Agricultura, Edson Mariano Penna.

Valorização da vida

Por determinação da prefeita Mileni Mota, todos os organismos públicos municipais vêm desenvolvendo ações voltadas para combater de forma sistemática o abuso e a exploração sexual de crianças e jovens. A Secretaria Municipal de Educação,Cultura e Lazer está promovendo junto às escolas o seminário denominado "Valorização da Vida", que dentre outros objetivos, visa à conscientização sobre os problemas advindos das práticas de abortos.
Nesta autêntica cruzada, a Prefeitura conta com o apoio do Programa Sentinela que desenvolve uma série de eventos com a intenção de estimular e encorajar as pessoas a denunciarem situações de violência sexual a crianças e adolescentes. O último encontro reuniu alunos da Escola Pólo Municipal José Veríssimo.
Mileni Mota elogiou este engajamento da comunidade e destacou o desempenho de alunos e professores da Escola José Veríssimo, que efetivamente comprovarão um trabalho pedagógico extraordinário na formação e transformação de seus educandos, tendo uma visão ampla de como proteger a vida.
Técnicos, professores, alunos e voluntários estão engajados nesta cruzada contra a pedofilia, e neste sentido, nos seminários e outros eventos realizados, tem sido repassado a comunidade, informações sobre os males provocados pelo aborto.

Adote uma Enfermaria

Foi oficialmente lançado no município, o Projeto “Adote uma Enfermaria”, dentro do programa que vem sendo desenvolvido pela Secretaria de Saúde, de humanização das ações de atendimento dos pacientes do Hospital Municipal. A idéia deu certo e algumas entidades ou pessoas da comunidade já começam a contribuir visando garantir melhores condições de acolhimento dos pacientes do Sistema Único de Saúde.
O “Adote uma Enfermaria” envolveu e sensibilizou empresários, entidades e pessoas da comunidade, e já numa primeira fase já foi possível às reformas de duas enfermarias do Hospital Municipal Amélio João da Silva. Na inauguração das reformas, estiveram presentes as seguintes autoridades: prefeita Mileni Mota; vereador Jairo Benetti; secretária de Saúde. Gildenete Assunção; psicóloga e idealizadora do projeto Ana Fujii, e profissionais da área de saúde.
O apoio ao projeto não está vindo somente do público externo. Uma das enfermarias reformadas contou com o imprescindível apoio dos enfermeiros que atuam no SUS de Rolim de Moura. A outra enfermaria foi bancada pelo Grupo Independência. O Projeto consiste na reforma destas unidades dentro do hospital, e que venham a ser respaldada pelo apoio financeiro de empresários ou entidades filantrópicas. Este projeto legitimou-se após aprovação do Conselho Municipal Saúde de Rolim de Moura.



Artigo



As duas faces da atual crise de soberania do Brasil

Paulo Bonavides

"Atravessa o País uma das mais graves crises de soberania da sua história”.

São duas as faces desta qualidade suprema de poder que ora padecem fratura na conjuntura presente: primeiro, a face interna, pertinente aos três Poderes de governo, em razão da hegemonia absorvente e inconstitucional que o Executivo exercita por via das Medidas Provisórias, com menoscabo da relevância e urgência das medidas legais propostas. Reduz ele assim a frangalhos a ação legislativa autônoma independente do Congresso. A subserviência deste ainda não encontrou o corretivo político indispensável, em razão das fragilidades partidárias do regime.
Em seguida, a face externa da soberania cuja crise gravita ao redor da questão amazônica. Tudo por obra do problema indígena, extremamente agudo e sem solução à vista. É problema de magna complexidade e gravidade, para o qual os Poderes da nação não encontraram até agora a chave conducente à abertura de uma solução legítima e à altura do interesse nacional.
A crise interna nos coloca, portanto, perplexos, diante da crise maior. Esta se avizinha, funesta e sombria por ser a crise externa da soberania.
A Nação precisa de efetuar mobilização imediata da cidadania frente às ameaças que a pressão internacional das grandes potências já desencadeou por seus porta-vozes, que não medem palavras de agressão à unidade territorial deste País.
Buscam arrebatar-nos a Amazônia brasileira. A consciência nacional, que já está despertando, não admitirá tamanha transgressão e desrespeito à integridade do País. É obra de uma conspiração internacional em curso.
Os fantasmas da internacionalização da Amazônia se materializam. Ocupam tribunas no estrangeiro e percorrem armados e sigilos as selvas setentrionais da grande base fluvial. Ali residem o futuro do Brasil e as alternativas de miséria e servidão ou de opulência e grandeza do nosso povo".


*O autor é jurista e professor de Direito Constitucional, Medalha Ruy Barbosa do Conselho Federal da OAB


DNIT se compromete com infra-estrutura viária para atender crescimento causado por usinas

Brasília (Mara Paraguassu/Assessoria) - O diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes(DNIT), Luiz Antonio Pagot, se comprometeu com a realização de obras de estrutura viária na cidade de Porto Velho, a fim de atender demanda de empresários e da sociedade em decorrência do crescimento que a cidade irá experimentar com a instalação das usinas do rio Madeira.
O compromisso foi firmado durante reunião com o prefeito Roberto Sobrinho, senadora Fátima Cleide, senador Valdir Raupp, deputada Marinha Raupp, técnicos do órgão e do governo de Rondônia.
Todas as obras que o DNIT garantiu realizar na cidade resultam de projetos já apresentados pelo prefeito, com apoio da senadora: são rotatórias e viadutos (avenida Jatuarana, Trevo do Roque e Campos Sales) e o arco rodoviário que liga a BR-364 até a 319, nas avenidas Jorge Teixeira e Imigrantes, na direção do porto.
Logo no início da reunião, Sobrinho manifestou preocupação com as mais de mil carretas que trafegam dentro do município, em direção ao porto, causando estragos consideráveis às vias. Com o arco rodoviário a situação será revertida – o tráfego, com todo o ordenamento e sinalização necessários, será feito exclusivamente no trecho do projeto.
Uma outra preocupação foi com a extensão da 364 fora do perímetro urbano. Com o tráfego intenso de caminhões de soja e outros produtos, e sem manutenção permanente, a BR é precária. “Esta é a espinha dorsal do Estado. Se não houver investimentos, vamos ter prejuízos”, disse a senadora Fátima.
O diretor de Planejamento do DNIT, Miguel de Souza, falou da existência de um plano de execução de melhorias na BR – sinalização, colocação de balanças e pavimentação -, de cinco anos de duração, que irá atender a expectativa de crescimento e frear danos à rodovia.
O encontro de hoje também contou com representantes de grandes empresas: Votorantim, Bardella , Cargill e Grupo Maggi. As duas primeiras com plano de se instalar em Rondônia, e as últimas com metas de expandir sua atuação.
A principal discussão em torno das necessidades destas empresas foi centrada na implantação de um porto ou na expansão do porto existente e no acesso para o local onde seriam construídos terminais das empresas. Uma solução, apresentada pelo prefeito, é viabilizar – com o asfaltamento – o acesso por meio do ramal Cujubim, trecho que soma 22 quilômetros, até à margem do Madeira.
O governo do Estado, e na reunião isso foi confirmado pela presidente da Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia - SOPH, Leandra Vivian, irá realizar esta obra.
Os técnicos do DNIT defenderam a instalação de uma plataforma logística para atender conjuntamente as empresas que irão fornecer equipamentos e matéria-prima para a construção das usinas, e disseram, ao responder à pergunta de Marcelo Chamma, do Grupo Votorantin, que o estudo de análise de três áreas alternativas para instalação desta plataforma esteja concluído no final de junho, com a indicação da que melhor atenda a logística exigida para entrada e saída dos produtos.


Painel Amazônico

Cassol encerra evento cobrando apoio federal

Porto Velho (Lúcio Albuquerque/Assessoria/TCE) - O governador de Rondônia, Ivo Cassol, fez o último pronunciamento, encerrando o Painel Amazônico promovido pelo Tribunal de Contas. Cassol disse que o Estado tem demonstrado sua vocação para o progresso.
"A maior prova disso é o crescimento econômico do Estado nos últimos 5 anos. Com brasileiros vindos de todas as partes do País, conseguimos reerguer o estado". Ele citou dados positivos da economia, principalmente, em relação ao setor agropecuário, onde o rebanho bovino já alcançou 12 milhões de cabeças de gado com abate de quase 10 mil unidades, diariamente. A produção leiteira atualmente atingiu a produção de 2 milhões de litros por dia. Estamos fazendo um Estado grandioso. São 117 mil propriedades rurais com produção diária de riqueza".
Para crescer mais ainda, Cassol ressaltou que é necessário crédito. "Precisamos de crédito, de apoio e de projetos viáveis e sustentáveis para proteger nossas florestas". Cassol questionou a falta de interesse do Governo Federal em viabilizar financiamento, linhas de crédito para os produtores rondonienses. "
“Por que o BNDES não abre, por exemplo, linha de crédito para que nossa madeira legal saia industrializada daqui?", indagou. Ele reclamou também da falta de aproveitamento do gás de Urucu (AM), quando continua a ser queimado e sem o aproveitamento econômico merecido.
Mas, o governador lembrou que Rondônia não pode continuar a ser "um simples produtor de matéria-prima. Não podemos ser somente exportadores para que outros industrializem nossos produtos". O Estado requer qualificação em industrialização a fim de proporcionar melhores condições de vida para a população, através da geração de emprego e renda. "Fizemos um estado grandioso. São 117 mil propriedades rurais que produzem riqueza diariamente. Mas, para crescer mais ainda, precisamos de crédito e de apoio. Precisamos de projetos viáveis e sustentáveis para proteger nossas florestas".
Cassol questionou a falta de interesse do Governo Federal em viabilizar financiamento, linhas de crédito para os produtores rondonienses. "Por que o BNDES não abre, por exemplo, linha de crédito para que nossa madeira legal saia industrializada daqui?", indagou. Ele reclamou também da falta de aproveitamento do gás de Urucu (AM), quando continua a ser queimado diarimaente.

Fórum Permanente

Representantes de vários Tribunais de Contas do país, reunidos desde segunda-feira até ontem (28), participando do Painel Amazônico, comemorativo dos 25 anos do Tribunal de Contas rondoniense, decidiram iniciar entendimentos para transformar o evento num Fórum Permanente de debates sobre a questão ambiental na região Norte.
Os participantes elogiaram muito a realização e o fato de o tema principal do evento ter sido a questão das Auditorias ambientais na Amazônia, além da performance dos órgãos federais e estaduais cujos representantes fizeram suas exposições no dia 27, mas lembraram ser fundamental que eventos similares aconteçam.
"Temos de trocar experiências, buscar conhecer o trabalho um do outro, para podermos melhorar a qualidade de nossos trabalhos e, assim, também darmos contribuição ao uso do meio e dos recursos naurais amazônicos", disse o coordenador de Controle Externo do TCE/Roraima, Laurindo Gabriel, citando "ser preciso que nos reunamos mais vezes, para podermos encontrar caminhos para solucionar os problemas que temos".
A idéia de realizar um Fórum Permanente dos TCEs regionais para tratar da questão ambiental ganhou corpo rapidamente. "A Amazônia é muito grande, mas os problemas são comuns. É importante que mantenhamos a discussão em aberto", disse Luiz Thomaz Neto, do TCE/Pará.
O vice-presidente do TCE/Amazonas, Júlio Assis Pinheiro já anunciou que será realizado em Manaus um Painel em 2001, "porque esse assunto hoje levantado aqui em Porto Velho, merece ter continuidade em novas discussões, e apoiamos todas propostas de novas realizações".
A conselheira Terezinha Botelho e a auditora Dacicleide Cunha, ambas do TCE-Amapá, citaram que o tema ambiental sempre leva à reflexão, e que há necessidade da ampliação das discussões que aconteceram durante esses três dias em Porto Velho. Para Terezinha Botelho, o certo seria a realização anual do Fórum.

Potencial Amazônico

Preservar é manter as culturas ambientais que oferecem ao espaço social um reconhecimento de sua identidade, valorizando e estabelecendo referencias para a construção de seu futuro, essas foram às palavras de Laurindo Gabriel de Souza Neto, analista do controle externo do TCE de Roraima, durante sua explanação no Painel Amazônico.
Gabriel mostrou aos participantes o tema: Tribunal de Contas de Roraima e o Meio Ambiente, onde mostrou a localização geográfica do Estado de Roraima, sua área territorial, relevos, hidrografia, vegetação, áreas de proteção ambiental, reservas indígenas bem como a degradação.
Aproveitou a oportunidade para apresentar o trabalho dos órgãos fiscalizadores do meio ambiente e a atuação do TCE-RR no monitoramento dessas informações.
Com slides utilizando bastante o recurso fotográfico, Laurindo Gabriel prendeu a atenção dos participantes, proporcionando uma visão positiva aos espectadores do seu estado, Roraima.
Por fim, afirmou que encontros como o que o TCE-RO está realizando, oferece um enaltecimento da Região Amazônica, divulgando projetos e mostrando resultados, dessa região considerada o pulmão do mundo.



Usinas do Madeira

A construção das usinas hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, será de grande importância para o desenvolvimento da região, gerando meios para o desenvolvimento local e, também, permitindo a contribuição com o país, e a integração com outros estados, disse José Bonifácio Pinto Junior, Diretor da Construtora Norberto Odebrecht, na explanação do seu tema "Usinas Hidrelétricas do Madeira".
José Bonifácio fez a exposição durante o último dia do Painel amazônico, com que o Tribunal de Contas comemorou seus 25 anos de funcionamento. Segundo disse, as usinas do Madeira vão proporcionar a melhoria da qualidade de vida das populações, contribuindo muito para atender ao interesse nacional.
José Bonifácio abordou diversos tópicos explicando, em síntese, toda a programação prevista para dar inicio à construção de uma usina hidrelétrica desse porte, dentre eles: o estudo de inventario, estudo de viabilidade, estudo ambiental e outros levantamentos técnicos e sociais.
O diretor da construtora lembrou, ainda, investimentos que serão feitos para o treinamento e qualificação de mão-de-obra local para atender às necessidades da construção das duas usinas, citando, no caso, o projeto "Acreditar", que visa especificamente a capacitação de pessoal para atuar no trabalho das usinas hidrelétricas.

Valorizando o ser humano

O presidente do Tribunal de Contas do Acre, conselheiro Antônio Fernando Jorge Ribeiro de Carvalho Malheiro, enfatizou que é necessário preservar o meio ambiente e as reservas naturais, "mas que em contra-partida, é preciso trazer dinheiro àquelas pessoas que vivem nas reservas extrativistas e áreas de proteção ambiental, criando meios para levar riquezas para essa população", frisou durante o Painel Amazônico.
O conselheiro enfatizou o sistema de desenvolvimento equilibrado para a região. Dentro da agenda do planeta, ele falou que é notório e sempre colocado em pauta, as mudanças climáticas, o aparecimento de novos produtos florestais, serviços comunitários, floresta comunitária e democracia, governança e participação local.
Durante seu pronunciamento, o presidente do TCE-AC fez questão de enfatizar as palavras do presidente Lula, quando ele afirmou que o Amazônia é brasileira. Também informou que Amazônia não é a maior floresta do mundo, mas é a maior floresta tropical.
Dentre os problemas da região Norte, ele informou que são 550 milhões de hectares, mas que geram apenas 3,5% do PIB. Ele também discorreu sobre a história do desmatamento que iniciou em 1970, quando houve maior pressão sobre a floresta amazônica, o eixo do desenvolvimento na agricultura e pecuária, que resultou em 400 mil Km².
No Acre a maior quantidade de receita vem através do Fundo de Participação dos Estados. Por isso há uma grande necessidade de desenvolvimento industrial com o desafio para o desenvolvimento sustentável. "É preciso crescer sem agredir o meio ambiente", frisou.
Os serviços ambientais devem ser parte da contabilidade física e jurídica e a inovação precisa ser criativa. Dentro na nova geografia da produção florestal, a indústria é necessária para agregar valor a quem está produzindo na região. "Deve-se pagar o valor justo", disse Malheiro.

Sipam mostra recursos

O Serviço de Proteção da Amazônia – Sipam ocupou e está atuando na proteção ambiental da Amazônia, disse a o professor José Neumar Morais da Silveira, gerente do Centro Técnico Operacional do Sipam em Porto Velho, ao abrir sua palestra durante o segundo dia de realização do Painel Amazônico.
José Neumar apresentou um breve relato sobre o trabalho do Sipam, destacando o potencial tecnológico com que o Centro Técnico conta, citando ser esse sistema "um moderno material de monitoramento para a proteção da Amazônia, usando para tal um sistema de satélites, detectores de rádios, radares, 200 plataformas de coletas de dados, 5 aeronaves de vigilância, 3 aeronaves de sensoreamento, além de 25 unidades de vigilância, entre outros.
Na sequência, José Neumar passou a palavra para Ana Cristina Strava, coordenadora do Projeto de Manutenção e Restauração de Bacias Hidrográficas - Probacias, do que o Tribunal de Contas rondoniense é parceiro na aplicação.
O Probacias é um projeto que tem como objetivo mostrar as ações do Sipam, para identificar os mananciais e as atividades poluidoras na bacia do rio Machado, escolhida para ser a primeira etapa do projeto.
Ela explicou que através desse Probacias será possível conhecer com mais profundidade a real situação da bacia hidrográfica rondoniense, também, realizar o trabalho de acompanhamento de sua utilização e, quando for o caso, possíveis correções
.


Júnior sugere que Minc aproveite propostas sobre a Amazônia

Brasília (Domingos Mourão Neto/Agência Senado) - O senador Expedito Júnior (PR-RO) sugeriu ao novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, empossado terça-feira (27), que incorpore à sua ação ministerial proposições em tramitação no Congresso Nacional sobre a integração econômica da Amazônia por meio de programas de desenvolvimento sustentável. Segundo ele, tais propostas "coincidem com o pensamento do ministro sobre o assunto e podem ter uma tramitação mais rápida nas duas Casas".
O parlamentar citou, como exemplo, proposta de emenda à Constituição (
PEC 87/07) de sua autoria que dá nova definição constitucional para o papel exercido pelas Forças Armadas, no sentido de que, em tempos de paz, possam cooperar com ações sociais e civis visando ao desenvolvimento nacional. Em seguida, defendeu outro projeto (PLS 260/07) de sua lavra, que institui uma política de integração baseada no tripé lavoura-pecuária-floresta.
Além desses, citou o projeto (
PLS 64/08) que concede compensação financeira a produtores rurais da Amazônia pela preservação de áreas cobertas por florestas acima do percentual da chamada "reserva legal" e o projeto (PLS 65/08) que introduz, no âmbito do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), a concessão de bônus sobre os encargos das operações contratadas por produtores rurais da Amazônia Legal que mantenham área de reserva legal igual ou maior que o estabelecido no Código Florestal. A exemplo das demais, essas propostas também são de iniciativa de Expedito Júnior.
“Esses são apenas alguns exemplos de proposições legislativas que já tramitam no Senado e que coincidem em parte, ou na totalidade, com idéias já externadas pelo ministro Minc. Mas quero alertar que o desmatamento na Amazônia não vai acabar da noite para o dia somente em razão de uma canetada ou de uma boa idéia - assinalou, sustentando que o combate ao desmatamento necessita de dois pilares ‘fundamentais’: estratégia e recursos financeiros”, disse o senador rondoniense.
No tocante à estratégia, o parlamentar lembrou que o governo já dispõe de instrumentos como o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam).

Madeireiros de RO
O senador Expedito Júnior (PR-RO) disse que não admitirá mais que o setor madeireiro do seu Estado seja atacado indevidamente por qualquer senador. Ele assegurou que a Secretaria de Meio Ambiente de Rondônia está procurando fazer "o dever de casa" corretamente e que o setor madeireiro está buscando adequar-se ao plano de manejo e à licença operacional para trabalhar na legalidade.
“Madeireiro lá em Rondônia não é bandido e não pode ser visto como bandido. Nós temos que reconhecer que quem empurra o setor madeireiro para a ilegalidade é o próprio governo, que não tem a regularização fundiária na Amazônia”, avaliou.
Expedito Júnior afirmou que a responsabilidade pelo desmatamento hoje na Amazônia é das invasões e dos assentamentos feitos pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Com isso, observou o senador, não se pode mais falar em reforma agrária na região amazônica. Ele ainda assinalou que o setor madeireiro de Rondônia tem consciência de que é a madeira que vai gerar riqueza no Estado, já que responde por 20% da economia local.
“Não posso permitir que se trate aqui o madeireiro como bandido ou que se coloque o madeireiro na mesma vala comum. Eu sou obrigado a fazer essa defesa aqui. Eu não sou madeireiro, não sou sustentado pelo setor madeireiro, mas não posso permitir que uma importante categoria, que aquece a economia do meu Estado, seja tratada como bandido como foi no Plenário desta Casa”, concluiu.

Um povo sem memória



Você se lembra dos crimes que marcaram a história do país?

Martha Daúd

A discussão é longa e pode resultar em diversas ramificações. As pessoas têm opiniões diferentes e, por se tratar de um assunto extremamente delicado, talvez não se chegue a lugar nenhum.
Crimes absurdos que em questão de minutos se apagam e são esquecidos, apenas quem sofreu a perda terá o que remoer. Porém, no auge do fato, estavam todos, aparentemente, juntos e torcendo pela justiça.
Agora vêm as dúvidas: Será que temos memória curta?
Será que só funcionamos quando a pressão é grande? Por que não continuamos aquilo que começamos?
A questão aqui não é memória curta não, acho que todos se lembram do caso Daniela Perez e tudo que lhe aconteceu
Crime bárbaro, hediondo! O que acontece na verdade é uma sociedade que em sua maioria não pensa no coletivo e, quando não se pensa no coletivo, acabamos perdendo uma força incrível, um poder tremendo.
Pena que a maioria das pessoas não sabe disso e nem se dêem conta do que são capazes, uma pena! Falta na verdade uma disciplina entre uma comunidade, um povo. E nós brasileiros não temos essa cultura. Por vezes pensamos: Ahhh, nossa, ainda bem que não foi comigo, não foi com o meu filho -- ledo engano, afinal, não sabemos do amanhã.
As tragédias, as coisas ruins não acontecem só com o vizinho ou na telinha da TV.
Vivemos uma inversão de valores total e irrestrita. O que importa é a moeda, é o dinheiro, é o ouro. Não importa a que preço e nem como conseguir, o importante é ter. Cada cabeça uma sentença, mas, as pessoas se expõe demais, como: ficar nua em revistas, prostituir-se em outro país, participar de reality shows e passar por todo o tipo de situações, por vezes até vexatórias e humilhantes. E, muitas vezes, apoiados pelos pais e seus parentes que aparecem e dizem que seus filhos estão indo muito bem, que eles se sentem orgulhosos.
Podemos lembrar o caso daquela moça nos EUA, que se prostituía e fez um político daquele país renunciar ao cargo. Mas, o melhor ainda está por vir: Voltou com fama para o Brasil, saindo até por um portão especial do aeroporto. Passou pelos programas de TV e quando aparecia na rua não falava quase nada. A explicação para isso, segundo ela, é porque senão ninguém pagaria pelas suas declarações.
Pessoas que vivem de escândalo em escândalo como Britney Spears e Paris Hilton, têm, na maioria das vezes, os seguintes pensamentos: se dá dinheiro, então vamos lá! A torcida pelo final feliz de Ferraço, da novela Global Duas Caras, mostra bem essa situação. Ele chegou aonde chegou a qualquer preço, foi vendido a um homem que o educou assim. Se o otário existe não se deve ter pena porque ele (o otário) está ali esperando ser enganado, essa foi a pessoa que educou o personagem interpretado pelo ator Dalton Vigh, e ele seguiu o que aprendeu.
Mas, voltando para a realidade, as pessoas que assistem só vêem o lado bom de toda a história. Porém, toda essa inversão de valores tem um preço a médio e longo prazo e, aqui, podemos voltar ao caso do Ferraço que acaba sendo julgado pelo seu filho, que teve uma educação dentro das regras da honestidade e dos valores corretos.
Penso ser um preço muito alto a ser pago, psicologicamente falando.
Infelizmente, nós conhecemos muito pouco tudo o que nos move e o que está no nosso inconsciente

Martha Daúd é psicóloga


Movimento dos Pequenos Agricultores que faz a entrega de casas

Porto Velho (P. Ayres/Ascom) - O deputado Professor Dantas (PT) enalteceu o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA, que acaba de entregar as primeiras unidades habitacionais na zona rural, levando desta forma, melhoria da qualidade de vida dos agricultores rondonienses.
O Movimento dos Pequenos Agricultores organizou uma festa para efetivar a entrega oficial das quarenta habitações rurais na linha 30, no distrito de Tarilândia. Segundo o Professor Dantas a festa foi muito bonita e emocionante. "Todos estavam felizes pelas casas que na realidade se configurava num verdadeiro troféu aos pequenos agricultores, bem como a todos os membros da diretoria do MPA", observou.
De acordo com o deputado é preciso se investir mais na questão habitacional fora dos grandes centros urbanos, apoiar com políticas públicas positivas as ações dos pequenos agricultores e ressaltou a importância do trabalho desenvolvido pelo MPA, que no seu entendimento realiza uma agricultura sadia e sustentável. Estas medidas, complementou o parlamentar favorece significativamente para a permanência do homem no campo com qualidade de vida.

Emendas garantem recursos

O governador Ivo Cassol autorizou a liberação de recursos financeiros assegurados via emenda parlamentar ao orçamento de 2008, de autoria do deputado Miguel Sena (PV) para atender as necessidades operacionais das feiras agropecuárias dos municípios de Nova Mamoré e de Guajará-Mirim.
De acordo com o deputado Miguel Sena este tipo de apoio é importante, diante da necessidade de se investir em ações concretas, que viabilizam a concretização de negócios, o turismo, e a geração de emprego e renda. Segundo ele, as feiras agropecuárias anualmente movimentam milhões de reais, proporcionando assim de forma direta a valorização das ações empresarias e principalmente do agronegócio no âmbito do Estado de Rondônia.
Miguel Sena informou que o governador Ivo Cassol autorizou a liberação de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para atender a Associação dos Produtores Rurais do Vale do Mamoré – Acrivale, responsável pela realização da Feira e Exposição Agropecuária – Expoagum, já em sua décima oitava edição.
Continuando informou o deputado que também foi autorizada a liberação de recursos assegurados em emenda parlamentar no montante de R$ 5.000,00, a serem repassados para a Associação dos Pecuaristas de Vila Nova-Agrovil, responsável pela Festa Agropecuária de Nova Mamoré, já em sua décima quinta edição.

PM nos distritos

Preocupado em desencadear ações que de forma efetiva garantam maior segurança as comunidades localizadas nos distritos de Porto Velho, o deputado Valter Araújo (PTB) encaminhou documento ao governador Ivo Cassol solicitando urgentes providências no sentido de reforçar a frota de viaturas utilizadas pelos destacamentos da Polícia Militar nas localidades de Novo Horizonte, Vista Alegre do Abunã, Nova Califórnia, Extrema e Nova Dimensão.
Para atender de forma eficaz as ações da PM, o deputado Valter Araújo no ofício dirigido ao governador do Estado, solicita a compra de veículo. Já para atender ao destacamento da PM no município de Nova Mamoré foi requisitado um veículo tipo Parati.
"Esta solicitação visa atender as necessidades da Polícia Militar em oferecer segurança e assistência à comunidade destas localidades, principalmente no que se refere à zona rural, em razão das dificuldades de trânsito - das estradas estarem ruins, esburacas ou enlameadas. Com o advento desses veículos estas barreiras serão superadas, realizando assim o atendimento com maior presteza", justifica o parlamentar.

Acordo com o Acre

O plenário da Assembléia Legislativa de Rondônia aprovou requerimento de autoria do deputado Valter Araújo, requisitado da Procuradoria Geral do Estado, cópia do termo de acordo firmado entre o estado de Rondônia e Acre, datado de 10 de janeiro de 1997, Lei Estadual 1.229 de 27 de julho de 1997 (Acre) e Lei 725 de 9 de junho de 199, entre outras informações pertinentes ao acordo. Segundo ele, esta solicitação se faz necessária a fim de que estas informações possam trazer maior empenho de nossas autoridades em assumir na totalidade a responsabilidade como parte do estado de Rondônia, pois após dez anos dessa decisão, o nosso Estado ainda não tomou providências quanto aos funcionários que passaram para Rondônia como celetistas e que poderiam estar como estatutários.

Reforma urgente

Diante da precariedade do funcionamento e do atendimento existente, o deputado Valter Araújo (PTB) fez um veemente apelo ontem para que o prefeito de Porto Velho adote urgentes providências no sentido de determinar a reforma do Posto de Saúde do Distrito de Vista Alegre do Abunã, pertencente ao município de Porto Velho.
Ao constatar a grave situação do posto, o deputado Valter Araújo apresentou indicação na Assembléia Legislativa de Rondônia, que já foi aprovada pelo plenário em sessão ordinária, requisitando as seguintes providências da Prefeitura de Porto Velho: construção de uma sala para consultório; construção de uma sala de vacina, com freezer e geladeira; construção de enfermarias masculina, feminina e pediátrica; construção de uma sala de preparo e esterilização de materiais com auto clave; perfuração de um poço artesiano; aquisição de uma ambulância tipo caminhonete; estufa; e a construção de fossa no local.
Valter Araújo alertou ainda a administração municipal quanto à necessidade de adotar os procedimentos necessários visando à contratação de oito agentes de saúde, sete auxiliares de enfermagem, quatro técnicos em enfermagem, dois enfermeiros e pelo menos um médico permanente.
"Em visita recente deste Parlamentar àquela localidade, houve muitas reivindicações por parte da comunidade em relação ao Posto de Saúde, e em razão dessas manifestações, esta solicitação visa acima de tudo, junto às autoridades competentes, minimizar as deficiências existentes para o melhor atendimento a população. Além da precisão de construção de salas para alocar o consultório, sala de vacina e enfermarias masculino, feminino e pediátrico, é primordial a contratação de profissionais, para que seja satisfatório o acolhimento às necessidades da população, que abrange não só os de Vista Alegre do Abunã, mas sim, de todos os distritos da Ponta do Abunã", esclareceu o deputado.


Jornal de Debates

"BARRIGA" DO ANO (1)

Noticiário de telejornal derruba avião

* Gilson Caroni Filho

"Barriga, em jornalismo, quer dizer publicar um fato falso, mas sem intenção de enganar o leitor. Uma mancada, informação errada, uma autotraição. Geralmente, o erro cai no ridículo, fica circunscrito aos limites do vexame, mas há casos nos quais a barriga assume dimensões sérias" (editorial da revista Caros Amigos, edição de novembro de 2004).
Vinte de maio de 2008. Esse dia, certamente, entrará para a história da imprensa nativa como a data em que a GloboNews produziu a mais "volumosa barriga" do jornalismo brasileiro. Uma barriga pedagógica, pois modelada por um "q" de qualidade desprovido de qualquer compromisso com a apuração do que é divulgado. Um relato de como se produz o que o telespectador "deve saber". Um instantâneo de como a ética corporativa trabalha com o conceito de responsabilidade social.
Por volta de 17h, a emissora anunciava que "interrompemos a transmissão da CPI dos Cartões Corporativos para mostrarmos imagens ao vivo de São Paulo. Acaba de chegar a informação de que um avião da empresa aérea Pantanal caiu em cima de um prédio comercial na zona sul de São Paulo". Ao apontar a Infraero como fonte, foi desmentida de imediato. É tênue a fronteira que separa o fascínio espetacular do lodaçal patético do testemunho desqualificado.

Incentivo à preguiça

Um incêndio em um depósito de colchões, em Campo Belo, bairro de classe média de São Paulo, foi apresentado, durante cinco minutos, como um desastre aéreo. Mostrando imagens de fumaça, a emissora informava que uma aeronave da empresa Pantanal havia caído próximo a Congonhas. Foi o suficiente para que dois portais (IG e Terra), além de emissoras de rádio, no curso do mimetismo midiático, reproduzissem, sem citar fontes, a falsa notícia.
A que atribuir tal açodamento? Ao processo taylorista instalado na dinâmica do campo jornalístico? É possível. Isso é compatível com o modus operandi de uma indústria que concebe a informação como bem simbólico mercantil.
Como checar as informações e publicá-las dentro de um padrão de bom senso e confiabilidade, quando o critério de eficiência é dado pela velocidade da divulgação? Quando o objetivo é furar o concorrente, dando a notícia em primeira mão, direto, ao vivo, instantaneamente? Continuar o bombardeio informativo, em tempo contínuo, dispensa até o profissional qualificado: basta uma testemunha que produza o "efeito do real". Alguém que já não controle mais o produto final da produção simbólica, visto que dela participa como mero legitimador.
Como destaca Ignacio Ramonet, "o jornalista está literalmente asfixiado, ele desaba sob uma avalanche de dados, de relatórios, de dossiês – mais ou menos interessantes – que o mobilizam, o ocupam, saturam seu tempo e, tal como chamarizes, o distraem do essencial. Por cúmulo, isto incentiva ainda sua preguiça, pois não precisa mais buscar a informação. Ela chega por si mesma a ele."

"Comunicação grave e triste"

Por certo, a barriga dos repórteres e editores da telinha deve também ser analisada nas próprias condições materiais de produção da informação em "tempo real". Mas será que isso nos exime de examinar o caráter ideológico e político inerente à atividade jornalística? No caso brasileiro, não cabe falar em um script que está no substrato das coberturas?
Nossa grande imprensa pode ser considerada um serviço público que, de forma isenta, faz a mediação dos "fatos que falam por si", cabendo ao público o livre discernimento? Ou prevalece a orientação editorial de que há que se preservar a estabilidade democrática salvo o surgimento de "fatos novos e comprometedores"?
Não estaria aí, na perfeita sintonia com o pensamento de quem os emprega, o descuido que levou uma aeronave a colidir com colchões? Interromper uma construção midiática que se mostra sem fôlego ("dossiê") para reativar outra ("caos aéreo") nada mais é que estabelecer a agenda que interdita o real debate político. Algo que cai do céu para uma oposição que vive seu vazio programático de forma melancólica.
Terá sido por acaso que, alertado por um assessor, o deputado Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) interrompeu a sessão da CPI dos Cartões para, como destaca José Dirceu em seu blog, fazer uma "comunicação bastante grave e muito triste" aos seus pares e lamentar o "caos no tráfego aéreo"? Ou será que o parlamentar tucano, em boa hora, alugou a barriga global?

Arranjos e negócios

Em comunicado sobre o episódio, a Central Globo de Comunicação afirmou que:
"A respeito do incêndio ocorrido hoje à tarde em São Paulo, a GloboNews, como um canal de noticias 24 horas, pôs no ar imagens do fogo assim que as captou. Como é normal em canais de notícias, apurou as informações simultaneamente à transmissão das imagens. A primeira informação sobre a causa do incêndio recebida pela GloboNews foi a de que um avião teria se chocado com um prédio na região do Campo Belo, Zona Sul de São Paulo.
Naquele momento, bombeiros e Infraero ainda não tinham informação sobre o ocorrido. As equipes da própria GloboNews constataram que não havia ocorrido queda de avião e desde então esclareceu que se tratava de um incêndio em um prédio comercial. Poucos minutos depois o Corpo de Bombeiros confirmou tratar-se de um incêndio em uma loja de colchões."
O portal Imprensa registra que, mesmo após o alto comando das Organizações esclarecer que "embora a GloboNews tenha publicado esta primeira informação, a TV Globo não fez qualquer menção ao possível acidente aéreo", o engano ainda permanecia em vídeo no site do canal por assinatura, ainda que a informação já estivesse desmentida. Minutos depois, ele foi retirado".
Diante do naufrágio, a família Marinho fez o que achou mais acertado. Tirou o "q" de qualidade da barriga e seguiu solene para a próxima "exploração de hipótese". É assim que o monopólio compreende a democracia. Como uma possibilidade de pequenos arranjos e grandes negócios.
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P.S. – Não foi só um avião imaginário que a barriga da GloboNews derrubou. Cai por terra a tese defendida por jornalistas, em programa recente do Observatório na TV, de que, ao contrário da internet, o noticiário da grande imprensa tem maior confiabilidade por só publicar uma notícia após checar a informação. O "tempo real" já abrange todo o campo jornalístico.


*O autor é Professor titular de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), Rio de Janeiro, RJ