quarta-feira, 15 de outubro de 2008

EscutaZé!

Sem preconceito

*José Luiz Teixeira

Antes de toda essa polêmica sobre o estado civil de Gilberto Kassab, o presidente Lula afirmou, semana passada, que Martha Suplicy estava perdendo as eleições em São Paulo por preconceito dos paulistanos.
Gosto dos discursos do Lula. Às vezes, ele até me convence com seu extraordinário dom de iludir.
Desta vez, porém, exagerou. Como paulistano, me recuso a aceitar a pecha de preconceituoso, principalmente em eleições.
São Paulo deu inúmeros exemplos de não-preconceituosa, a começar por Luiza Erundina, em 1988.
Como se não bastasse ser uma nordestina da cidade de Uiraúma, interior da Paraíba, também carregava o estigma de não ser casada e não ter filhos.
Aliás, o jornalista José Neumanne Pinto, da Rádio Jovem Pan e do Jornal da Tarde, é outro oriundo de Uiraúma. Faz tempo que não tenho notícias pessoais dele. Será que casou-se e teve filhos?
Depois de Erundina, foi eleito prefeito da Capital o "turco" Paulo Maluf. Na verdade, Maluf é de origem libanesa, mas seus adversários tratavam-no à boca pequena de "turco", pelo caráter pejorativo que este gentílico já teve no Brasil.
Em seguida, vejam, só: elegemos um negro e, ainda por cima, carioca. Celso Pitta, negro e carioca. 
São Paulo, ao contrário do que o presidente condena, elegeu ainda Martha Suplicy - a mesma pessoa que Lula acusa agora de estar sendo vítima de preconceito. 
Mulher rica, da elite, sexóloga e cuja fidelidade a seu marido Eduardo sempre foi objeto de boatos espalhados pelos oposicionistas. 
Para encerrar, os paulistanos estão colocando em primeiro lugar nas pesquisas o solteiro-e- sem-filhos Gilberto Kassab.
Afirmar, portanto, que a candidata do PT está sendo vítima de preconceito é uma ofensa aos paulistanos.
Menos, presidente Lula. Menos.

Virtudes públicas, vícios privados

Apenas uma curiosidade nessa história toda de vida pública e privada dos candidatos:

Teria sido o próprio Lula quem orientou Martha a deixar seu atual marido Luís Favre no armário, e sair às ruas acompanhada do ex, Eduardo.

Maconha 1
Analogia de um internauta a essa polêmica da campanha de Martha contra Gilberto Kassab:

- É a mesma coisa que o Fernando Gabeira insinuar que seu adversário, Eduardo Paes, já fumou maconha...

Maconha 2

Por falar em maconha e preconceito, vale lembrar que a candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine, já foi, ela sim, vítima de preconceito.
Foi despedida, há alguns anos, da TV Cultura, por ter declarado em entrevista a uma revista que havia fumado maconha.

Soninha sempre teve idéias avançadas e pagou por elas. 

Por isso, talvez, não tenha conseguido disfarçar seu desconforto na cerimônia em que declarou o apoio de seu partido, o PPS, à candidatura do demo Gilberto Kassab.
Visivelmente constrangida, disse que seu partido apoiaria Kassab, mas ela não subiria no palanque dele. 
E saiu da mesa para não ser fotografada ao lado do coordenador da campanha de Kassab, Afif Domingos.

Desta vez fumou, mas não tragou.


*Formado em 1974 pela Faculdade Cásper Líbero, José Luiz Teixeira trabalhou em diversos órgãos de imprensa, entre os quais Folha de S.Paulo, O Globo, Rádio Tupi, BBC de Londres e Rádio e TV Gazeta. 
E-mail: escutaze@uol.com.br

Diretório Acadêmico

EM JULGAMENTO


STF pode derrubar diploma para jornalista

*Renata Camargo 

(Reproduzido do Congresso em Foco, 10/10/2008)



O Supremo Tribunal Federal (STF) caminha para derrubar, ainda neste semestre, a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. Dos 11 ministros que fazem parte da Corte, seis já se manifestaram de alguma forma contra a exigência de formação específica em jornalismo. 
O número é suficiente para decidir o julgamento do recurso extraordinário do Ministério Público Federal que questiona a regulamentação profissional da categoria e que está pronto para entrar na pauta a qualquer momento. Mas, até lá, os ministros ainda podem rever sua posição. 
Embora não possam antecipar seus votos, alguns já sinalizaram, nos bastidores ou em decisões anteriores, como pretendem votar. Um deles é o próprio presidente do Supremo, Gilmar Mendes, relator do caso. 
Em 2006, ele relatou, na 2ª Turma do STF, uma medida cautelar que garantiu o exercício profissional a pessoas que trabalhavam na área sem ter o registro no Ministério do Trabalho. Na época, Gilmar teve sua posição referendada por Cezar Peluso, Celso de Mello e Joaquim Barbosa.
Mesmo não tendo participado da análise do recurso, os ministros Eros Grau e Ricardo Lewandowski também chegaram a dar declarações "simpáticas" à decisão dos colegas. Os dois declararam publicamente que o exercício da profissão de jornalista não deveria estar atrelado a diploma específico de graduação, porque, na avaliação deles, não dependeria de conhecimentos específicos. 
A possibilidade de derrubada da obrigatoriedade do diploma de jornalista não se restringe à ação do Judiciário. Propostas vindas do Executivo e do Legislativo também apresentam mecanismos de flexibilização da exigência de graduação específica para a área. 

Mudanças polêmicas

O Ministério da Educação se prepara para formar um grupo de trabalho que discutirá a possibilidade de autorizar profissionais de áreas diversas a exercer a profissão de jornalista. Na Câmara, tramita um projeto de lei, de autoria do deputado Celso Russomanno (PP-SP), que permite que pessoas sem diploma em jornalismo exerçam a profissão, desde que tenham pós-graduação na área.
As iniciativas, porém, enfrentam resistência e causam polêmica entre profissionais e entidades que representam a categoria. 
"A contestação do diploma vem há muito tempo sendo levantada pelos grandes jornais, especialmente a Folha de S. Paulo. Quebrar a exigência do diploma vai significar transferir das universidades para as empresas a prerrogativa de dizer quem vai ser jornalista, como vai ser o jornalismo e como devem atuar esses profissionais", avalia o coordenador do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo, Edson Spenthof, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e um dos organizadores da "Carta Aberta ao STF", escrita para sensibilizar os ministros sobre a necessidade do diploma.
As discussões recaem sobre o artigo 4° do Decreto-lei 972/69, que exige o diploma para a obtenção do registro profissional junto ao Ministério do Trabalho. Os que defendem a manutenção da exigência do diploma argumentam que a profissão é extremamente especializada e que, portanto, requer formação específica. Os contrários ao diploma afirmam que a exigência não está amparada pela Constituição de 1988 e que o direito à livre expressão deve ser exercido sem restrições.

Guerra jurídica

Foi sob o argumento da falta de amparo na Constituição Federal, que no final de 2001,a juíza Carla Abrantkoski Rister, da 16ª Vara da Justiça Federal de São Paulo, suspendeu em todo o país a necessidade de diploma para obter o registro profissional junto ao Ministério do Trabalho. A juíza acolheu uma ação civil pública, proposta pelo Ministério Público Federal e pelo Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo, que defendia a contratação de profissional de qualquer área, até mesmo sem curso superior.
A decisão se baseou no argumento de que "a formação cultural sólida e diversificada", exigida para o profissional de jornalismo, "não se adquire apenas com a freqüência a uma faculdade, mas pelo hábito de leitura e pelo próprio exercício da prática profissional". 
Oito meses depois, a juíza Alda Bastos, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, determinou que o diploma voltasse a ser obrigatório. A decisão foi novamente contestada em diversos tribunais, até que em outubro de 2005, o TRF reafirmou a obrigatoriedade do diploma para o registro profissional. 
O entendimento do Tribunal Regional Federal da 3ª Região foi de que o Decreto 972 teria amparo constitucional e que a exigência do diploma não feria o dispositivo constitucional que estabelece que "a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição".
O MPF, então, interpôs recurso extraordinário dirigido ao STF sob o argumento de que a exigência do diploma específico violava o direito à liberdade de expressão. O caso foi parar no Supremo em 2006. Naquele mesmo ano, por meio da Segunda Turma, a Corte confirmou a liberação para o exercício da profissão a pessoas sem formação superior. Desde então, o recurso está para ser julgado em plenário.
"O STF, não tendo poderes legislativos, não poderia dizer ´não é necessário ensino superior, mas deve ter ensino médio´. Se for derrubada a cobrança do diploma, não haverá nenhuma exigência de formação mínima. E isso significa um caos tremendo", avalia o professor Edson Spenthof. 

Disputa política

Para o diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) Antônio Carlos Queiroz, as discussões não se limitam à obrigatoriedade do diploma. O diretor avalia que há interesses políticos por trás da questão.
O jornalista argumenta que a cassação da obrigatoriedade do diploma significa a desregulamentação da profissão. "Faz parte de regulamentação a formação específica. O problema não é só ter o diploma. A questão é ter uma boa qualificação. Deixar a formação nas mãos do mercado é muito perigoso. Os jornais e veículos de comunicação formarão profissionais com uma visão estreita de empresa", argumenta. 
Entre as entidades que defendem a não-obrigatoriedade do diploma está a Associação Nacional dos Jornais (ANJ). Procurada por duas vezes pelo Congresso em Foco, a instituição disse que não se manifesta sobre tema que ainda está sub judice. Por meio de sua assessoria, no entanto, a ANJ declarou que "considera importante uma boa formação do profissional de jornalismo, mas não considera que o melhor profissional é o que tem diploma".
O principal argumento dos contrários à exigência do diploma no Brasil tem como base a declaração de princípios da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que considera a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalismo uma violação à liberdade de expressão.
A entidade alega que a formação superior em jornalismo não é condição necessária para se exercer a profissão em países como Alemanha, Austrália, Espanha, Estados Unidos, França, Inglaterra, Irlanda, Itália, Japão e Suíça. Além do Brasil, o diploma é exigido hoje apenas na África do Sul, Arábia Saudita, Colômbia, Congo, Costa do Marfim, Croácia, Equador, Honduras, Indonésia, Síria, Tunísia, Turquia e Ucrânia.

Liberdade de expressão

Contrário à exigência de formação específica na área, o jornalista José Nêumanne Pinto, articulista do jornal O Estado de S.Paulo e comentarista do SBT e da rádio Jovem Pan, classifica a defesa do diploma como ato meramente "corporativista". 
"Sou contra a defesa corporativista de regulamentação de profissão. Não vejo nenhuma empresa interessadíssima em contratar quem não tem diploma", afirma.
Por outro lado, os defensores do diploma afirmam que a obrigatoriedade da formação universitária não significa cerceamento à liberdade de expressão. "Em tese, eles defendem que exigir o diploma é restringir a liberdade de expressão. Eles confundem opinião com jornalismo. A opinião pode ter no jornalismo, mas ela é dada pelos fatos, após uma apuração específica. Isso não pode ser confundido com emissão de opinião do cidadão", defende o diretor do SJPDF Antônio Carlos Queiroz.

Cursos da discórdia

Outro argumento utilizado em favor da derrubada da obrigatoriedade de diploma específico para o exercício do jornalismo está relacionado à qualidade dos cursos superiores. Nêumanne alega que os cursos de jornalismo no Brasil não têm atendido aos padrões de qualidade necessários para uma boa formação profissional.
"Os cursos superiores não entregam profissionais à altura para tocar os meios de comunicação. Eles precisam passar por cursos específicos nas redações dos jornais. E, por isso, não há necessidade de fazer reserva de mercado para diplomados", defende o articulista. "É uma mentalidade de pistão de gafieira, em que quem está dentro não sai e quem está fora não entra", avalia.
O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo, rebate o argumento de Nêumanne. "A sociedade exige qualificação profissional e o melhor lugar para se adquirir conhecimentos técnicos, teóricos e éticos são as instituições de ensino. Cursos técnicos feitos por veículos de comunicação são de doutrinação. Preparam o estudante para as regras e condições internas de cada empresa. Jamais substituem as escolas", diz Murillo.
"Os cursos oferecidos pelos veículos de comunicação formam profissionais de acordo com a linha editorial de cada veículo e não com a linha plural como se vê dentro de uma instituição de ensino. A faculdade de jornalismo é um espaço plural de avaliação sobre diversas linhas e não sobre uma só", acrescenta o professor Spenthof.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), há 534 instituições superiores de ensino registradas no Ministério da Educação (MEC) que oferecem cursos de Jornalismo e Comunicação Social. Dessas, 296 são instituições particulares. Em 2006, também de acordo com o Inep, 27.969 estudantes se graduaram em jornalismo em todo o país.

Conselhos de jornalismo

As discussões relacionadas à regulamentação da categoria não se restringem ao embate no Supremo Tribunal Federal. Além de abrir a possibilidade de profissionais atuarem no jornalismo sem diploma específico, desde que tenham pós-graduação na área, o Projeto de Lei 3981/08, do deputado Celso Russomanno, prevê a criação de conselhos federal e regionais de jornalismo.
A proposta de criação do Conselho Federal dos Jornalistas causou polêmica em 2004, quando o presidente Lula encaminhou ao Congresso um projeto que previa a criação do órgão. A matéria, rejeitada pelos parlamentares, foi recebida pela oposição e por diversas entidades como uma medida de controle da atividade jornalística, o que infringiria a liberdade de expressão, garantida pela Constituição.
"A regulamentação da profissão de jornalista é hoje uma bagunça danada. Não defendo menos preparo para os jornalistas. A situação hoje é quem tem curso ou não tem. Quando já se tem um curso e se faz pós, tem a possibilidade do profissional melhorar a qualidade na escrita e na transmissão", defende Russomanno. "Mas se a classe achar que ter apenas pós na área não é bom, o projeto está aí para ser discutido", pondera.
Esse é o terceiro projeto similar que Russomanno apresenta na Câmara sobre o assunto. O primeiro, em 2004, foi rejeitado em plenário. Já o segundo, de 2005, foi retirado de pauta pelo próprio autor.
Bacharel em Direito, Russomanno ficou conhecido como repórter do telejornal Aqui e Agora, do SBT. "O PL é um apanhado de propostas que instituições como a Fenaj encaminharam ao Congresso. Mas ele tem sofrido um lobby danado das empresas para ser derrubado. Empresas que não querem ser fiscalizadas e vieram com essa história de que estão colocando mordaça na imprensa", alfineta Russomanno.
Entre os pontos de conflito do projeto, o que mais tem desagradado a categoria é o que aumenta a jornada de trabalho – que hoje, pela lei, é de cinco horas diárias, com possibilidade de acordo para mais duas horas extras diárias – para oito horas por dia.


* Jornalista

Audiência pública irá discutir projeto sobre privatização

Brasília (Assessoria de Imprensa/ Gabinete Fatima Cleide) - Representantes da Federação Nacional dos Urbanitários se reuniram hoje (14) com a senadora Fátima Cleide (PT-RO) e decidiram promover uma audiência pública no Senado para debater o PLS 51/2004, de autoria da senadora, que exclui do Programa Nacional de Desestatização as empresas de energia elétrica do Piauí (Cepisa), Alagoas (Ceal), Amazonas (Manaus Energia), Acre (Eletroacre) e Rondônia (Ceron).  
A medida tenta evitar que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) reprove o projeto, atualmente com o senador Valter Pereira (PMDB-MS), que na semana passada, durante reunião da comissão, pediu vistas à matéria. Naquela sessão, os senadores do PSDB e DEM manifestaram-se contra o projeto, que tem parecer favorável do relator, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). 
“Lamento muito a posição contrária de alguns senadores sobre o projeto. O que pretendemos é impedir que um setor estratégico para a sociedade possa, no futuro, ser desfeito de qualquer maneira, como demonstram os exemplos do passado”, disse a senadora Fátima, lembrando a crise no setor elétrico em 2001, quando o país teve racionamento de energia. 
O relator, senador Antonio Carlos Valadares, considera que o projeto apresenta-se em conformidade com a legislação vigente, e estão atendidos os requisitos de constitucionalidade e juridicidade. Já para o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o projeto é inconstitucional. 

Proposta que condena prática do overbooking é aprovada na CCJ

Brasília (Cláudio Bernardo / Agência Senado) - Empresas aéreas que forem flagradas praticando o overbooking - venda de passagens acima da capacidade dos assentos constantes nas aeronaves - serão obrigadas a indenizar o passageiro que ficar impedido de embarcar, no valor correspondente ao da passagem comprada. A indenização, a ser paga pela companhia aérea em dinheiro ou em crédito aberto, também é válida em caso de cancelamento de vôo ou atraso superior a duas horas.
A decisão foi tomada nesta quarta-feira (15) pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), ao aprovar substitutivo do senador Expedito Júnior (PR-RO) a projeto de lei (PLS 114/04) de autoria da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT). A proposta tramitava em conjunto com outros três projetos que tratavam do mesmo tema. O projeto segue agora para a Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) onde será votado em decisão terminativa.
Na prática, o projeto tem por meta preservar o passageiro de constrangimentos que sofrem nos aeroportos, principalmente diante da prática do overbooking. A indenização não exime, entretanto, a empresa de garantir ao passageiro prejudicado o direito contratual ao transporte previsto no bilhete, o qual poderá ser usufruído, a critério do passageiro, na forma de uma das seguintes alternativas: acomodação em vôo que ofereça serviço equivalente para o mesmo destino, no prazo de quatro horas a contar do horário previsto para o embarque; e reembolso do valor do bilhete.
Todas as despesas decorrentes da interrupção ou atraso da viagem, inclusive transporte de qualquer espécie, alimentação e hospedagem, correrão - de acordo com o projeto - por conta da empresa.

TCE confirma Encontro sobre Transição

                                                  Presidente do TCE, conselheiro José Gomes de Melo.

Porto Velho (Assessoria/TCE) - Prefeitos atuais e eleitos, e presidentes de Câmaras, poderão se inscrever no período de 25 deste mês até dia 7 de novembro, para participar do Encontro do Tribunal de Contas com os Municípios do Estado sobre Transição de Governo. As inscrições serão feitas em local próprio no site do TCE, sendo que o evento acontecerá entre as 7h30 e 13h30 do dia 14 de novembro, no auditório do Tribunal de Contas.
Realizado pelo TCE, em parceria com a Associação Rondoniense dos Municípios – AROM, o Encontro é organizado e será coordenado pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Conselheiro José Renato da Frota Uchoa – IEP/TCE, prevendo-se seis palestras técnicas e uma a ser feita por representante do Banco do Brasil.
"Nossa proposta é puramente pedagógica", disse o presidente do TCE conselheiro José Gomes de Melo, acrescentando que será uma oportunidade de mantermos o primeiro contato com os que vão assumir, mostrando a eles a importância da boa aplicação do erário público e também como funciona o Controle Externo do Tribunal".
Sobre a participação do Banco do Brasil, o presidente José Gomes explicou que essa palestra terá como tema central os programas que o BB desenvolve e podem ser utilizados pelos municípios, além das maneiras de acesso a eles.

Raupp mobiliza PMDB para votar pela suspensão das dividas do Beron

Brasília, (Assessoria) - “A votação da suspensão das dívidas do Banco do Estado de Rondônia (BERON) só foi possível no Senado Federal, graças a mobilização que fiz junto a Bancada do PMDB no plenário e na Comissão de Assuntos Econômicos(CAE)”. Afirmação é do líder do PMDB no Senado Federal, Valdir Raupp(RO) feita na manhã de hoje em resposta as insinuações feitas na imprensa pelo deputado estadual Tiziu Jidalias de que ele não queria votar o fim das dívidas do Beron.
O senador disse que em respeito ao povo de Rondônia são necessários que sejam feitos os seguintes esclarecimentos com o objetivo de se repor a verdade: 
1 – a minha preocupação com o caso Beron foi alvo do meu primeiro discurso no Senado feito no dia 19 de fevereiro de 2003 quando relatei as dificuldades que o estado passa em virtude das dívidas surgidas em virtude da intervenção federal no banco. Disse textualmente em meu discurso que o desconto feito pela União do Fundo de Participação do Estado(FPE) ‘representa um grande sacrifício para o nosso estado, que tem descontado parcelas no valor de RS 6 milhões das transferências constitucionais e que trata-se de um dinheiro que deveria servir para os investimentos sociais e de infra-estrutura que tanto Rondônia necessita”.;
2 – Após minha posse iniciei a luta junto a bancada do PMDB e as autoridades financeiras do país, como ministros da Fazenda, Planejamento, Casa Civil e Tribunal de Contas da Uniãoo visando uma revisão das dívidas do Beron;
3 – Estive juntamente com o governador Ivo Cassol em reunião com o ministro-relator. Raimundo Carrero, indicado pelo TCU para analisar as divídas do Banco;
4 – Na Comissão de Assuntos Econômicos(CAE) defendi com intransigência a realização da auditoria do TCU junto ao Beron objetivando reunir elementos técnicos para uma suspensão das dívidas que onera o estado e prejudica a população;

Caderno da Cidadania

COBERTURA DE EDUCAÇÃO

Professores de bico calado

* Márcio Tonetti



Jornalistas que já trabalharam com reportagens envolvendo a área de educação sabem das dificuldades de encontrar professores da rede pública de ensino dispostos a abrir a boca quando a pauta trata de qualidade do ensino, problemas de gestão escolar ou condições de trabalho. Poucos falam ou denunciam. E quando aceitam dar declarações impõem restrições: na maioria dos casos, exigem que o jornalista preserve a identidade da fonte. Há, evidentemente, os corajosos, aqueles que abrem o bico custe o que custar. Mas não é essa a regra. O que mais se ouve são respostas evasivas, do tipo "não posso falar", "não quero falar", "isso vai me trazer problemas".
Salvo as exceções em que o assunto se relaciona com projetos pontuais, que projetam a imagem de uma escola, por exemplo, ou não a maculam, impera o silêncio do professorado em matérias que abordam políticas públicas educacionais. Mas mesmo em caso de matérias positivas, nem sempre é fácil conseguir a colaboração dos docentes.
Os educadores são protagonistas na implantação e execução de políticas públicas, são fontes primárias de informação, mas não têm presença na mídia. Nas reportagens aparecem pais, alunos, empresários da educação, fontes oficiais (como representantes do MEC, das Secretarias de Educação), mas raramente os professores.

Abuso ou insubordinação

Na terça-feira (7/10), participei do debate "Fala educador! Fala educadora!", organizado pela Ação Educativa, em parceria com a ONG Artigo 19 e o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, que levantou uma das causas desse silêncio dos professores: eles não podem, por lei, falar sem autorização de autoridades governamentais. Pesquisas desenvolvidas por estas organizações identificaram dispositivos na legislação brasileira que limitam a liberdade de expressão de servidores públicos. Uma dessas leis da mordaça encontra-se no Estatuto dos Servidores Públicos do Estado de São Paulo, de 1968, ano do AI-5. Lamentavelmente, os resquícios da ditadura existem até hoje. O artigo 242 desse estatuto proíbe os servidores públicos de se referirem "depreciativamente" aos atos da administração ou às autoridades constituídas.
"Artigo 242 – Ao funcionário é proibido: I - referir-se depreciativamente, em informação, parecer ou despacho, ou pela imprensa, ou qualquer meio de divulgação, às autoridades constituídas e aos atos da Administração, podendo, porém, em trabalho devidamente assinado, apreciá-los sob o aspecto doutrinário e da organização e eficiência do serviço; (...) VI - promover manifestações de apreço ou desapreço dentro da repartição, ou tornar-se solidário com elas."
O problema não está só em São Paulo. Em 18 estados brasileiros foram encontradas legislações semelhantes. O texto, em alguns casos, apresenta diferenças, mas o caráter proibitivo é o mesmo. Em algumas dessas regiões do país, as normas não remontam à época da ditadura. Ao contrário de São Paulo, são legislações recentes, posteriores à Constituição, o que nos deixa apreensivos quanto ao caráter de algumas autoridades que legislam no Brasil atualmente. No Amapá, o estatuto foi promulgado em 1993. No Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Pará, em 1994. O da Paraíba está mais fresco ainda: é de 2003.
"Referir-se depreciativamente" pode abrir margens para inúmeras interpretações. Uma crítica de um professor a uma medida que poderá até prejudicar a escola pode ser identificada como motivo de punição. Uma opinião sobre a má qualidade de ensino também pode ser entendida como um abuso, como insubordinação.

Direito à informação tolhido

São recorrentes os casos de docentes penalizados (processados ou afastados) ou intimidados por concederem entrevistas. No debate do qual participei, o professor Josafá Rehem, da rede pública em São Paulo, relatou uma experiência que vivenciou recentemente. Após uma entrevista concedida a um repórter da rádio CBN, tratando sobre falta de professores e o acúmulo de funções, o educador recebeu da Diretoria Regional de Educação um documento (uma "folha de informação") impelindo-o a dar explicações.
Restrições como essas são ilegítimas, inconstitucionais, agridem a democracia e abusam do direito à liberdade de expressão, previstos na Constituição Federal brasileira (artigo 5º), bem como na Declaração Universal dos Direitos Humanos (artigo 19). O jornalismo é prejudicado: (1) por contar com um número restrito de professores que aceitam falar, as matérias citam sempre as mesmas pessoas – por isso, a imprensa não reflete a pluralidade de opiniões; (2) por utilizar de modo indiscriminado informações sem paternidade, sem a identificação da fonte – embora o anonimato seja um recurso justificável em algumas circunstâncias, limita a credibilidade da informação e pode servir de instrumento para entrevistados mal-intencionados transmitirem ao jornalista informações maliciosas e infundadas, sem arcar com a responsabilidade pelo que disseram. Mas, sobretudo, o cidadão é prejudicado por ter o seu direito à informação tolhido.

Uma cultura perpetuada

O jornalismo não pode ficar refém de assessorias de imprensa das secretarias de Educação. Precisa ter passe livre para se relacionar com a escola e com os professores. Hoje, para um jornalista entrar numa escola precisa ter autorização da secretaria estadual de Educação. O diretor de uma escola pode até possibilitar a entrada da imprensa, mas estará sujeito a penalidades dependendo do teor da informação que for publicada.
Embora em muitos municípios do interior não existam normas formalizadas, dando conta dessas proibições, o clima de repressão é expressivo. Ainda nesta semana, duas alunas de jornalismo reclamavam que não estavam conseguindo entrevistar responsáveis por creches na região. Elas procuravam informações relativas à existência ou não de vagas. Ninguém quis dar depoimentos. A maioria dos servidores públicos receia que uma declaração concernente a uma denúncia ou crítica possa custar-lhes o emprego.
Existindo uma legislação ou não, na prática muitos governantes locais não gostam da transparência e calam ou abafam aqueles que tentam colocar os fatos a limpo. Mesmo como representantes da sociedade, fogem de qualquer escrutínio. Jornalistas que pegam no pé são odiados. Para conseguir falar com certos personagens da administração municipal é uma maratona. Nunca estão, sempre se encontram ocupados ou, quando se pronunciam, o fazem mediante suas assessorias de imprensa (raramente compostas por jornalistas, por sinal). Em determinadas ocasiões, é de perder as contas do número de telefonemas feitos para, enfim, realizar a entrevista. Se o repórter os encontra indispostos e insiste, não raro, batem o telefone.
E assim essa cultura é perpetuada, mesmo porque os próprios jornais locais se colocam numa condição passiva, dependentes que são das receitas gordas provenientes das prefeituras.


* Jornalista, professor de Jornalismo no Unasp (Centro Universitário Adventista de São Paulo, campus Engenheiro Coelho) e diretor de Redação da Agência Brasileira de Jornalismo, Campinas, SP