quarta-feira, 16 de julho de 2008

Embaixador da Bolívia discute situação do país com senadores

Brasília (Agência Senado) - O embaixador da Bolívia, René Maurício Dorsler Ocampo, discutiu o quadro político-institucional daquele país a partir da eleição do presidente Evo Morales, em 2005, em reunião ontem (15) com os senadores José Nery (PSOL-PA) e Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC).
Este ano, o governo boliviano convocou a votação de um referendo para revogar ou confirmar o mandato do presidente, do vice-presidente e dos governadores regionais. No plebiscito, que está marcado para 10 de agosto, parlamentares brasileiros deverão atuar como observadores, juntamente com representantes de todas as nações que integram o Mercosul - grupo de nações que a Bolívia participa como país associado.
De acordo com o senador José Nery (PSOL-PA), o plebiscito foi uma decisão corajosa e consentânea com a atual situação da Bolívia no âmbito político. “Esperamos que essa experiência possa fazer parte do arcabouço jurídico de outros países, inclusive do Brasil”, acrescentou o senador.



Feitos & Desfeitas

LEITURAS DE VEJA

A direita emburreceu de vez?

* Paulo Ghiraldelli Jr.

"Não é preciso ser burro para ser de esquerda." Esta frase de Fernando Henrique Cardoso, na condição de presidente da República, é uma das mais corretas e bem elaboradas que ele já cunhou para o mundo jornalístico. Começo a acreditar que a frase simétrica, contemplando a direita, não vale. Estou dizendo, então, que para ser de direita é necessário ser burro? Pode não ser assim no exterior, mas, no Brasil, a condição política conservadora está indo de mal a pior.
A situação da revista Veja tem estampado isso. Os articulistas que a revista apresenta estão cada vez menos preparados. O caso de Gustavo Ioschpe salta aos olhos. O que ele escreve deixa qualquer pessoa relativamente bem informada totalmente estarrecida. Pego aqui o rabisco dele chamado "Errar é humanas" (Veja, 30/06/08).
Eu vou citar as pérolas gustavianas e sigo depois com breves comentários. Segurem-se na cadeira.
"Eu só descobri que não entendia nada de matemática quando conversava com um colega russo, no mestrado, sobre o assunto. Aquilo que para mim exigia um grande esforço mental, de montagem de equações e de tentativa de operações algébricas, para ele era visivelmente algo automático, instintivo, como a construção de uma frase em sua língua natal. (...)"
O afastamento do empírico
Sim! Ele é economista, uma área em que sem a matemática é impossível sobreviver. Mas ele diz que não sabe matemática! Agora dá para entender por que produziu aquela estatística, já denunciada por mim e outros, querendo mostrar que a ampliação de salários de professores não melhora a educação. Pronto, é isso: ele errou na estatística, é claro. Não sabe matemática.
E ele continua:
"O problema é fundamentalmente filosófico, epistemológico: a maioria das pessoas entende a matemática como uma ferramenta que precisamos dominar para resolver alguns problemas do cotidiano. Mas a matemática não é isso. A matemática é uma linguagem que descreve o mundo. Todo o mundo físico é traduzível em números, com acuidade muito maior do que a descrição feita por palavras. Além disso, a matemática é a árvore da qual brotam os frutos das ciências exatas: física, química, biologia, estatística, engenharia, medicina – nada disso seria possível sem a matemática. (...)
Sem uma comprovação empírica, qualquer pensamento é apenas uma tese."
Mas Gustavo, veja, meu caro, as matemáticas não se desenvolveram para então gerar as ciências, elas caminharam juntas. Além disso, sua frase "sem uma comprovação empírica, qualquer pensamento é apenas uma tese" é exatamente a frase que nega o poder da matemática. Ela é exatamente a disciplina que não suporta a empiria! Ela é o afastamento do empírico, par excellence.

A Caverna de Platão

Leitor, você agüenta mais um pouco? Sim? Então, tome:
"Eu só fui descobrir isso [que disse acima] quando já estava no mestrado. De tudo que estudei na vida – e acabei estudando, na faculdade, história, ciência política, psicologia, sociologia, economia, geologia, marketing, administração, contabilidade, crítica literária, filosofia e outras que nem me lembro mais, não apenas por desejo e curiosidade próprias, mas porque o sistema americano impõe essa multidisciplinaridade – hoje vejo que a matéria mais importante é estatística. Achava a matéria um porre quando a cursei, no primeiro ano. O que é natural, aliás: aos 18 anos, o cérebro humano está demasiadamente encharcado de hormônios para que os pensamentos possam nadar. Agora vejo que a estatística é a base de tudo, é o que possibilita a distinção entre a opinião e o fato, a aparência e a realidade (as ‘formas’ platônicas). Sem estatística não pode haver ciência exata nem ciência social."
Viram? Eu tenho criticado o que chamei de PTE, o Pensamento Tecnocrático em Educação, que é capitaneado pelo "grupo da Veja", "grupo do Paulo Renato" e, enfim, o que agora também está no MEC, com Fernando Haddad imitando a secretária de Educação de São Paulo em tudo que é conservador. O PTE é isso: a apologia da estatística. Mas não a estatística inteligente, e sim, a estatística tomada como panacéia. É uma espécie de "ideologia do cientificismo da estatística". Isso é ignorância.
Gustavo é tão ignorante que ele quer resolver o problema filosófico "aparência versus realidade" com estatística! Os sistemas filosóficos não resolvem o problema. Eles não apareceram para fazer isso. Eles apareceram para equacionar o problema da relação entre ilusão e aparência (se é que esse problema existe).
Platão não quis renegar o mundo existente, o aparente, para impor a todos o mundo das formas; o que ele fez foi mostrar que, como homens, vivíamos em ambos: um é o mundo inteligível, o outro é o sensível. Um mundo, nós acessamos pelo intelecto, o outro, acessamos pelos sentidos. A Caverna de Platão não é um lugar, é uma condição – carregamos nas costas nossa Caverna quase como a tartaruga carrega a casca. A tartaruga carrega a casca e pode até imaginar que teria como eliminá-la. Pode imaginar que, uma vez sem a casca, viria a se apresentar como realmente é, na sua essência de tartaruga – a tartaruga real. Mas ao perder a casca, morreria, e morreria sem ser tartaruga, e sim, como uma tartaruga desfigurada.

"Otimismo despropositado"

Quando cometo um erro de cálculo ou de percepção e sou avisado, ou descubro o erro por mim mesmo, eu o corrijo. Assim, estou no âmbito do que a ciência faz, e também o senso comum. Agora, no âmbito da ilusão metafísica (ou no âmbito do que Marx chamava de ideologia), não posso fazer algo que se chame "correção". Posso mostrar que o que é visto pelos olhos do corpo não é o correto, e este, o correto, seria visto pelos olhos da razão, mas isso não elimina a visão dada pelos olhos do corpo. Nesse sentido, não há como "corrigir" uma ilusão metafísica. Por isso mesmo, cada sistema filosófico elege como ilusão coisas completamente diferentes. E, para a filosofia metafísica, a ilusão faz parte da estrutura do mundo e por isso mesmo ela não pode ser eliminada, corrigida. Para Kant, a ilusão necessária era, por exemplo, Deus. Para Marx, a ilusão necessária – a ideologia – era o fetichismo da mercadoria em associação com a reificação. Essas "ilusões" não são eliminadas por "correção". Muito menos por estatística!
Gustavo não entendeu nada de filosofia. E pior, não entendeu nada de estatística, pois a estatística é justamente a "não exatidão" da matemática. Estatística é o mundo da probabilidade e, portanto, a introdução da não exatidão no campo que se pensa rei da exatidão.
Acabou? Não, não! Ele não pára assim, não. O meninão é um poço inesgotável de frutos de quem nasceu de onze meses. Segue mais:
"Essas idéias me vêm à mente quando vejo que filosofia e sociologia foram incluídas como matérias obrigatórias no currículo do ensino médio. Veja só: nosso sistema educacional é um fracasso tão retumbante que, na última medição em que o desempenho dos alunos foi dividido em níveis, o SAEB de 2003 apontou que 55% dos alunos da quarta série estavam em situação crítica ou muito crítica em leitura, o que quer dizer que eram praticamente analfabetos. A maioria dos alunos que faz a prova de Matemática no SAEB acha que ‘3/4’ é 3,4, e não 0,75. Não entendem nem a notação de uma fração. Achar que esses professores, com essa qualidade, conseguirão ensinar filosofia e sociologia a esses alunos é o que os ingleses chamam de wishful thinking, um otimismo despropositado."

A "leitura do mundo"

Bem, vejam que ele confunde as habilitações, ele acha que todo professor é despreparado. O professor de filosofia, que não ensina matemática, seria um despreparado. O aluno vai mal de matemática e ele culpa, de antemão, os professores de filosofia e sociologia que, aliás, nem bem começaram o serviço! Veja só como ele, em vez de se guiar por estatísticas, tem como guia o preconceito.
Só mais um pouco de gustavice, por favor. Agüente a última dose.
"No primeiro semestre da faculdade, li um texto muito bom de Paulo Freire, em que ele dizia que era preciso read the word to read the world (ler a palavra para ler o mundo). Não sei se ele o escreveu em inglês ou se a tradução foi especialmente fortuita, mas o enunciado é verdadeiro: é impossível entender a complexidade do mundo se você não sabe ler."
O trecho acima é significativo. Mostra como nossas elites, não raro, erram na educação dos filhos. O menino Gustavinho é rico. Foi estudar nos Estados Unidos quando ainda não tinha maturidade para tal. Lá, no exterior, o professor deu para ele ler o Paulo Freire, um brasileiro. Poderia ter lido aqui mesmo, de modo correto. Mas quis ler errado, pagando caro para tal, lá nos Estados Unidos.
Por que ele, Gustavinho, está errado? Ora, o que Paulo Freire disse é o inverso do que ele escreveu (em inglês).
Paulo Freire escreveu, é claro: lemos o mundo para depois lermos a palavra. O que Paulo Freire queria com isso, baseado no historicismo de Hegel e no pragmatismo americano, era nos fazer notar que antes de qualquer aprendizado formal, escolar, temos uma concepção de mundo adquirida a partir de nossas vivências. Isso é o que já estava em John Dewey: antes de tudo, vem a experiência (que não deve ser tomada como experimento), que então é continuamente re-significada (Rorty diz: redescrita). Então, o aprendizado escolar se dá sobre o que já aprendemos na nossa "leitura do mundo". Daí a idéia freireana de insistir na prática educativa que leva a sério o que já sabemos antes de aprendermos a leitura e a escrita.

A ladainha de sempre

Ora, a conclusão que Gustavo tira do Paulo Freire, que ele copiou errado, é que precisamos aprender a ler e a escrever. Mas isso é o óbvio, ninguém pensaria o contrário. E quem iria citar um filósofo da educação, como Paulo Freire (ou qualquer outro), para dizer o que é uma evidência e um consenso do senso comum? Só um tolo.
No final do artigo "Errar e humanas", Gustavo então desanda a falar mal do marxismo que estaria impregnado em professores de filosofia, e se volta contra o ensino de filosofia e sociologia na escola média. A ladainha de sempre. Mas a essa altura já perdeu toda a moral. Então, alguém que é sadio pára a leitura, não há como continuar a ler seu texto. É isso! A direita está cada vez pior.
(Fonte: Observatório da Imprensa)

O autor é Filósofo, São Paulo, SP


Fátima Cleide anuncia a suspensão da greve e aposta no diálogo para superar crise

Brasília (Assessoria) - Ao discursar nesta terça-feira (15), a senadora Fátima Cleide (PT-RO) comunicou ao Plenário a suspensão, por 15 dias, da greve dos bombeiros e policiais militares do estado de Rondônia. A senadora explicou que a greve não acabou, mas, sim, que foi suspensa a paralisação nos quartéis e unidades militares e de bombeiros, para prosseguimento das negociações entre as lideranças do movimento e o governo do estado.
A senadora Fátima aposta no diálogo para superar a crise. A senadora leu a nota da Associação das Mulheres das Esposas, Familiares e Pensionistas de Policiais e Bombeiros Militares, subscrita por 15 entidades sindicais, em que o movimento alerta para o prazo dado ao governo para se manifestar com propostas concretas.
As principais reivindicações dos PMs e bombeiros, de acordo com a senadora, são a reposição salarial dos servidores militares e civis, de acordo com as perdas inflacionárias, e a redução da jornada de trabalho. O acordo que acarretou a suspensão da greve, disse Fátima Cleide, prevê que no próximo 31 de julho os integrantes do movimento realizarão assembléia geral conjunta para avaliar o resultado das negociações.
“Caso não seja negociada uma proposta minimamente satisfatória, no dia 1º de agosto haverá uma nova paralisação nos quartéis e demais unidades militares de bombeiros e a realização de uma greve geral dos servidores públicos do estado de Rondônia, por tempo indeterminado, até que os benefícios reivindicados sejam plenamente atendidos”, informou a senadora.

Truculência

A senadora novamente condenou a forma “extraordinariamente truculenta” dispensada pelo governador de Rondônia ao funcionalismo público federal, e defendeu o governo Lula, acusado pelo senador Expedito Júnior de não enviar recursos para Rondônia.

ECA

Fátima Cleide também usou a tribuna para comemorar o fato de o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ter completado 18 anos de existência no último 13 de julho. “Não tenho dúvida de que o Estatuto é resultado da rica mobilização da sociedade civil brasileira. E inaugurou um novo paradigma em nosso país, reconhecendo crianças e adolescentes como cidadãos a quem são garantidos amplos direitos na sociedade”, afirmou.
Na avaliação da senadora, o ECA proporcionou ao Brasil a criação de importantes políticas públicas nas áreas de saúde, assistência social e educação, principalmente. Para Fátima Cleide, a redução da mortalidade infantil no Brasil é um exemplo da eficácia do ECA.
Ela fez a leitura de propostas da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente, dirigidas aos candidatos a prefeitos e vereadores do Pais, destinadas a melhorar a assistência à criança e ao adolescente. São 18 sugestões (alusivas à data de aniversário do ECA), entre as quais a criação e manutenção de conselhos tutelares e a inclusão no orçamento municipal de recursos para este segmento.



Votação da MP-431 pode ser hoje

Brasília (Assessoria) - A votação da Medida Provisória, MP-431 que reajusta o salário de 800 mil servidores de 16 categorias do funcionalismo público federal e de 600 mil militares das Forças Armadas , dado como lido na última quarta-feira (9), teve o parecer lido pelo relator ontem (15) e a votação adiada para hoje (16).
A MP não pôde ser votada nesta ontem devido à sessão do Congresso Nacional convocada para votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2009. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, convocou sessão extraordinária para amanhã às 12 horas para votação da MP 431 em caráter de urgência.
O relator da MP, deputado federal Geraldo Magela (PT-DF), lembrou que o relatório foi apresentado na semana passada e por definição do plenário, teve votação adiada para esta semana. Magela comentou da importância do parecer apresentado que possui 272 páginas e trata de temas polêmicos. “Buscamos várias alternativas para elaboração final do documento que apresenta pontos polêmicos e que certamente será votado amanhã”, afirma Magela.

Feitos & Desfeitas (2)

IMPRENSA SOB CONTROLE

Breves considerações (e hipóteses) sobre "grampo" no jornalismo

* Sérgio Luiz Gadini

Uma das coisas com as quais não se pode concordar – que acontece em alguns municípios do interior do Paraná e na região dos Campos Gerais não é diferente – é o hábito que algumas bancas, mercados e até livrarias têm de grampear os jornais impressos.
Como se sabe, na maioria das capitais brasileiras, e mesmo em cidades de inúmeros países do mundo, o jornal fica ali, na calçada, na praça, expondo a primeira página aberta na parte externa da banca, buscando motivar o leitor à compra, ou pelo menos para reunir interessados em manchetes ou chamadas de capa.
Por aqui, talvez o temor ou crença de que os poucos compradores de jornais impressos poderiam reduzir, caso tivessem acesso ao produto antes de pagar, leva alguns proprietários de bancas, mercearias e até livrarias a grampearem o jornal. Assim, tentam criar um mistério com o que o comprador pode encontrar no miolo do produto, caso tenha dinheiro e concorde em pagar o valor de mercado. O hipotético mistério, aí, ganha um duplo sentido: o (in)explicável grampo e, ao esconder o projeto, a promessa de algo inédito no embrulho, só acessível aos que topam pagar.
Uma amiga que conheceu os Campos Gerais, lançou, dia desses, o desafio de (se) encontrar uma explicação lógica e defensável para tal prática mercantil. Depois disso, andei circulando em outras bancas – além das já conhecidas, algumas das quais administradas por educados comerciantes – mas a resposta continua distante.

"Proibido folhear"

Daí, o esforço em abordar o assunto. Quem sabe, alguém arrisca uma explicação para este negócio! Até o momento, contudo, nada. "Outro engano da mídia", sugerem alguns adeptos tardios das interpretações frankfurteanas. "Uma bem bolada tática publicitária", podem pensar vendedores de embalagens eficientes. Ou, ainda, "uma burrice que afasta o leitor". Tal prática em nada se aproxima dos tradicionais e espontâneos apelos dos feirantes e mercadores, que insistem para que o cliente arrisque uma prova, experimente, para se sentir encantado com o produto em oferta. Deve existir uma gama de interpretações possíveis.
O que chama atenção é o fato de que grampo pressupõe uma "segurança" no produto, um lacre – rude, é claro, mas se trata de um lacre – que indica embalagem segura, que ninguém usou ou leu e, pois, estaria intacto. É de se imaginar um leitor, virtual comprador de jornal numa das mais prestigiadas livrarias da cidade, se sentir mais tranqüilo ao levar um periódico com o devido lacre (digo, grampo), pois não foi lido por nenhum outro espertinho que não gosta de pagar.
Mas fosse apenas o grampo o hipotético mistério seria menos desafiador. Dramático é verificar, também, que alguns estabelecimentos expõem cartazes – muitas vezes com grafia não tão visível – alertando: "É proibido folhear jornais ou revistas". Pronto: dado o recado! Aqui, ou lá, no referido estabelecimento, só fica na banda (melhor, banca) se tem dinheiro para levar. Do contrário, já não se vende fiado, imagine "folhear" tais produtos?

Dispositivo de controle de embalagem

Alguns cartazes, aliás – talvez por uma ausência de familiaridade do autor com as regras gramaticais da língua padrão –, ainda proíbem de "folear" ou "foliar" revista e jornal. Quem sabe, até, o autor optou por tal grafia, associando o virar página de jornal com papéis pela calçada, o que poderia indicar uma espécie de "folia", possivelmente numa aproximação com atividades festivas (sacras ou profanas).
Será que isso pode ganhar adesão e envolver os livros de estantes de livrarias comerciais? Saint dieu! Que ninguém leia este negócio! Melhor ficar no plano da imaginação. Mesmo sem entender os motivos e justificativas para se fechar um produto que poderia funcionar como dispositivo de informação e interesse público. Como alguns jornais ou revistas se propõem a ser.
Enfim, este tipo de grampo – aparentemente fácil e simples – pode ser tão danoso quanto aqueles grampos que tentam controlar vozes e ações humanas. O grampo, do grampeador que se paga 1,99 em lojas de calçadão e galerias populares, é uma prática de mercado. E não contribui em nada para deixar a comunicação mais eficaz e democrática, pois continua sendo um mero dispositivo de controle de embalagem, que indica acesso aos poucos que podem pagar. Por isso, ele também não parece ser um "grampo" simples, usado por supostos inocentes (úteis ou não).
(Fonte: Observatório da Imprensa)


O autor é: Leitor de jornal (às vezes, também nas bancas que deixam folhear)

Notícias de Rolim de Moura

Creche vai ampliar atendimento

Gabinete da Prefeitura/Assessoria de Imprensa

Já se encontra em fase final as obras de ampliação da Creche Municipal Menino Jesus. A secretária de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Neide de Lima Raimundo esteve inspecionando os trabalhos, tendo em vista que logo ao término dos serviços, a Prefeitura pretende de imediato ampliar o atendimento de internos naquela unidade educacional-social.
De acordo com a secretária, a Creche vai contar com mais três berçários, duas salas de aulas, espaço coberto para lazer, amplo refeitório, setor administrativo, cozinha e lavanderia. Afirmou ela, que todas estas dependências contarão com modernos equipamentos.
A secretária salientou ainda que visando resolver o drama das mães trabalhadoras durante o período de recesso escolar, a creche se encontra funcionando normalmente durante o período de férias escolares. Concluiu afirmando que todos os esforços estão sendo desencadeados pela Prefeitura no sentido de garantir atendimento eficaz e dignidade a clientela da creche.


Proposta permite operação provisória de rádio e TV

Brasília (Newton Araújo Jr/Agência Câmara) - O Projeto de Lei 3337/08, do deputado Silas Câmara (PSC-AM), autoriza as emissoras de rádio e televisão que obtenham outorga do Poder Executivo a operar em caráter provisório até a apreciação do ato de outorga pelo Congresso Nacional. A proposta altera a Lei 4.117/62.
As outorgas e renovações de concessão, autorização e permissão de serviço de radiodifusão são concedidas pelo Executivo, mas precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional para produzir efeitos legais. Silas Câmara observa que, embora a Constituição tenha estabelecido o prazo máximo de 90 dias para essa manifestação do Congresso, esse limite não é cumprido.
O parlamentar cita o relatório parcial da subcomissão especial da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, segundo o qual o tempo médio de tramitação no Legislativo dos processos de autorização para prestação do serviço de radiodifusão comunitária é de 320 dias.

Prejuízos

Embora considere imprescindível a análise do Congresso Nacional sobre os atos de radiodifusão, o deputado entende que o alongamento dos prazos de apreciação prejudica as emissoras, que têm seus processos de outorga submetidos a atrasos por razões alheias a suas próprias forças, sem que tenham concorrido para tal.
Na sua avaliação, a principal prejudicada, porém, "é a própria sociedade brasileira, que se vê impedida dos diversos efeitos positivos advindos da operação de novos canais de radiodifusão, como a geração de empregos e o acesso à pluralidade de programações".
Silas Câmara lembra que a Medida Provisória 2216/01 determinou que, uma vez autorizada a execução do serviço e transcorrido o prazo constitucional sem apreciação do ato de outorga pelo Congresso, a emissora comunitária tem a prerrogativa de operá-lo em caráter provisório. O parlamentar reclama que a MP não estende o benefício para as emissoras comerciais. O projeto, segundo ele, tem o objetivo de "suprir essa lacuna legal".

Tramitação


O projeto, que tramita em
caráter conclusivo, pelas comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:
- PL-3337/2008


Verbo Solto

A nova agenda quicando na boca do gol

* Luiz Weis



Começou com a lei da tolerância zero ao álcool sobre rodas. E disparou com a Operação Satiagraha.

É o debate sobre o direito individual e o interesse público no Brasil.

Está na imprensa, na internet e - muito - nas conversas.

Em nome do interesse público, dizem os críticos, impôs-se aos motoristas uma proibição draconiana, quando o Código de Trânsito Brasileiro já fixava limites razoáveis ao consumo de bebidas. Não é porque a norma não era cumprida que se precisava de outra. Com a agravante de praticamente forçar o cidadão a depôr contra si, o que a Constituição veda: quem recusar o teste do bafômetro vai para a delegacia.
Respondem os médicos: a lei mudou para melhor porque álcool é absolutamente incompatível com direção segura. E a prova de que melhorou – ou seja, de que o interesse público foi beneficiado – foi a grande redução do número de vítimas de acidentes de trânsito nos fins de semana desde que a lei seca entrou em vigor.
É fogo de palha, replicam os outros. Com o tempo, a fiscalização vai diminuir – e tudo vai acabar de novo em chope.
Não vai, não, é a tréplica. Milhares e milhares de motoristas estão aprendendo que podem curtir a noite, deixando o carro na garagem. A grande maioria deles já percebe que estão até no lucro – um estresse a menos.
Segundo lance. Em nome do interesse público – no caso, a repressão aos crimes de colarinho branco, que sangram o erário – apontam os liberais, a Polícia Federal, procuradores e juízes pintam e bordam, esquecidos de que, nas sociedades livres, mesmo os acusados dos piores delitos têm direitos assegurados: o de não ser humilhados pela presença da mídia no momento da captura; o de não ser manietados se aceitarem pacificamente a prisão; e o de recorrer a tantas instâncias judiciais quantas possíveis, e tantas vezes quantas necessárias, para recuperar a liberdade.
Os advogados do interesse público invocam o argumento da hipocrisia: os liberais não protestam quando pobre, preto, favelado vai em cana, com a delicadeza costumeira dos policiais, e nem sequer têm acesso a bons advogados para ir até o Supremo com o pedido de habeas-corpus.
E se é verdade que mais vale um culpado impune do que um inocente castigado, é verdade também que o que fica do esforço agora consistente de ir atrás dos ladrões de casaca não é a pirotecnia policial – que pode ser curada sem grandes problemas –, mas o enraizado senso impunidade dos tubarões – que a muito custo começa a ser desafiado, com os inquéritos e processos por crimes financeiros e fiscais.
Isso está longe de esgotar a discussão, nem era o que se pretendia aqui. A notícia – a grande notícia – é a discussão em si mesma, que transborda por toda parte. Já não era sem tempo.
Esse é um avanço a que a imprensa precisa se associar mais vigorosamente, e não só se abrindo ao mérito das controvérsias. A mídia parece que ainda não se deu conta de que “o desejo sufocante da sociedade por justiça real, ética e igualdade” (Eliane Cantanhêde, na Folha de hoje) muda intensamente a agenda do debate público nacional.
Como isso vem acontecendo é matéria que está quicando na boca do gol à espera de um finalizador. (Fonte: Observatório da Imprensa)

O autor é chefe das revistas "Superinteressante" e "IstoÉ", editor-assistente da "Veja", editor político e apresentador do programa "Perspectiva" da TV Cultura, editor nacional da "Visão" e editor de assuntos especiais da "Realidade". É autor, com Maria Hermínia Tavares de Almeida, de "Carro-zero e pau-de-arara: o cotidiano da oposição de classe média ao regime militar, in "História da Vida Privada no Brasil", Lilia Moritz Schwarcz (org.), 1998, e do perfil político de Vladimir Herzog (sem título), in "Vlado — Retrato da morte de um homem e de uma época, Paulo Markun (org.), 1985. Recebeu o Prêmio Esso de Jornalismo Científico, em 1990. Sociologia da Comunicação. Escreve no Observatório da Imprensa e no jornal "O Estado de S.Paulo". Entre outras atividades, foi redator- pela USP, onde lecionou ornalista, pós-graduado em Ciências Sociais.


Cassol participa da inauguração da Oficina do Programa Acreditar

Porto Velho (Decom) - Na tarde de segunda-feira, (14), o governador Ivo Cassol, acompanhado do vice João Cahulla, participou da inauguração da Oficina do Programa Acreditar – Programa de Qualificação Profissional Continuada, realizado na Faculdade Interamericana de Rondônia – Uniron, acompanhado do vice-presidente Henrique Valladares e do diretor de contratos Jose Bonifácio, ambos representantes da Construtora Noberto Odebrecht, empresa que vai construir a hidrelétrica de Santo Antônio, em Porto Velho, situada há poucos quilômetros rio acima da capital.
O programa tem o propósito de promover a inclusão de profissionais locais no mercado de trabalho, por meio da preparação de mão-de-obra em quatro áreas e dezesseis ocupações. Mais de 11 mil operários já se inscreveram nos cursos e mais mil já concluíram o módulo básico abordando as disciplinas, saúde, meio ambiente, segurança, psicologia e qualidade do trabalho.
Na ocasião, o governador ressaltou a importância da sua administração firmar parcerias como esta já realizada com a Odebrecht e Uniron, incluindo o Senai e a Prefeitura de Porto Velho para capacitar mãos-de-obra para trabalhar tanto nas usinas quanto em outros empreendimentos que estão sendo investidos no estado. Os cursos de capacitação serão oferecidos tanto para os adultos quanto para os jovens que estão em busca do primeiro emprego. “Estamos dando oportunidades para que os cidadãos do nosso estado possam oferecer uma vida digna às suas famílias”, declarou.
O governador demonstrou muita preocupação com a pós-construção das usinas e com a construção do Linhão que vai ligar Rondônia a São Paulo. Para ele se os dividendos não forem bem aplicados em prol da população o estado ficará sem condição de arcar com a saúde, educação, infra-estrutura e segurança que a população necessita, tendo em vista a quantidade de pessoas que vão imigrar para o estado em busca de trabalho. “As parcerias do estado é sempre uma via de mão dupla. Não podemos deixar nossa região desguarnecida”, afirmou o Governador.
Cassol aproveitou o momento para cobrar mais uma vez a construção do gasoduto de Urucum-Porto Velho, uma obra que além do o gás que vai abastecer o estado e uma parte do Brasil, vai gerar muitos empregos diretos e indiretos. Participaram ainda da inauguração, o senador Expedito Jr., o sub-procurador do Ministério Público, Ivo Benites; o presidente do Comércio e das Indústrias de Rondônia, Ayres do Amaral e demais autoridades do estado de Rondônia.

Incentivo Fiscal

Ainda durante a inauguração, o governador Ivo Cassol reafirmou o compromisso de continuar com o incentivo fiscal para as empresas que vierem investir no mercado de Rondônia, mas desde que estas, (as empresas) contratem mão-de-obra local, visando assim, à geração de emprego para os que residem no estado e o crescimento da economia estadual. “Temos que valorizar os cidadãos do nosso estado”, afirmou Cassol.


Jornal de Debates

CASO DANIEL DANTAS

As insinuações de um bilhete

*Luciano Martins Costa

Atenta à crise aberta no Judiciário pelo prende-solta que marcou nos últimos dias a chamada Operação Satiagraha, a imprensa não se aplicou muito em esclarecer as suspeitas de relações nebulosas do banqueiro Daniel Dantas com jornalistas. Em um dos documentos divulgados pela Polícia Federal, entre os papéis e registros eletrônicos do dono do Opportunity, apareceu um bilhete com referências a ações que o grupo deveria tomar, segundo Dantas, para "plantar" na imprensa notícias convenientes aos seus interesses. A exceção é Carta Capital, que em editorial assinado por Mino Carta se refere, em sua última edição, a "mercenários da imprensa escrita e falada" que, segundo afirma, aconselha e defende o controverso banqueiro.
O temperamento do veterano jornalista aconselha a considerar duas vezes os adjetivos que utiliza para se referir aos seus desafetos. A guerra escancarada entre Carta Capital e Daniel Dantas pode ter prejudicado a credibilidade da revista, muitas vezes acusada de mover uma perseguição doentia ao banqueiro. Mas a releitura de algumas das muitas capas dedicadas aos negócios escusos do dono do Opportunity revela que a revista de Mino Carta – ressalvada, se possível, a má prática jornalística de editorializar o noticiário – mostra que nenhum outro órgão da imprensa brasileira contribuiu tanto para trazer à luz o rastro de lama sobre o qual ele construiu seu império.

Seleção conveniente de perguntas

As vinte questões apresentadas por Veja que, segundo o semanário de maior circulação do País, Dantas ainda precisa esclarecer, são muitas mais. A revista da Editora Abril produziu uma seleção conveniente dos casos cabulosos que fazem de Daniel Dantas um símbolo das piores perversões da relação entre o Estado e o capitalismo brasileiro. Da mesma forma, a reportagem de Época, embora mais alentada, segue a mesma trilha já selecionada pelos grandes jornais desde a deflagração da Operação Satiagraha. Alguns detalhes do noticiário merecem reflexão adicional.
Um deles se refere à carteira de clientes do Opportunity. Por mais aceitável o argumento de que o banco atua sob licença das autoridades monetárias, entre elas a Comissão de Valores Mobiliários, deveria atiçar a curiosidade dos jornalistas o fato de algumas personalidades e instituições – como o instituto Fernando Henrique Cardoso – manter relações com o banco de Daniel Dantas. Difícil aceitar que seja simplesmente pelo seu desempenho, uma vez que os fundos administrados pelo Opportunity não se destacam especialmente no cenário de alternativas do mercado. É certo que a empresa de avaliação de risco que monitora o banco destaca o chinese wall, ou separação entre a administração do banco e a gestão de recursos de terceiros, como confiável, e analisa favoravelmente a qualificação dos profissionais que cuidam das atividades do banco de investimentos. Mas não seria o caso de perguntar a alguns clientes por que mantêm relações com uma instituição cujo controlador freqüenta mais o noticiário policial do que os cadernos de negócios?

Plantações e assessoria de imprensa

Outra questão, suscitada pelo bilhete no qual Daniel Dantas praticamente determina que informações de seu interesse sejam publicadas pela imprensa, é a relação entre as assessorias de comunicação e a mídia. A arrogância que transparece na certeza de Dantas de que as notícias que considera convenientes serão "plantadas" na mídia leva necessariamente – ou deveria levar – a alguma curiosidade sobre as relações entre o Opportunity e as redações, mediadas por sua assessoria de imprensa. Se, como insinuam alguns jornais, o banqueiro pode ter chegado a chantagear o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para convencê-lo a não substituir o presidente da Comissão de Valores Mobiliários, que tipo de argumento lhe daria tanta convicção de que sua vontade seria atendida pela imprensa?
Uma leitura cuidadosa do material publicado nos últimos dias pode lançar dúvidas sobre a origem de algumas notícias. A primeira delas – que precisou ser desmentida três vezes para deixar as páginas dos jornais – foi a especulação de que o juiz Fausto Martin de Sanctis teria autorizado a Polícia Federal a bisbilhotar as comunicações do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes. Outro material que tende a favorecer o banqueiro é a busca de erros gramaticais no inquérito, texto que vazou da imprensa para a internet e se reproduziu tão rapidamente que seria candura demasiada afastar a hipótese de uma ação organizada. Para Dantas, é fundamental desmoralizar o delegado que o acusa.
Já se discutiu muito, também neste Observatório, se assessoria de imprensa é jornalismo. É bem aceita a tese de que, na função de assessor de imprensa, o profissional de comunicação não pratica jornalismo. Considerando-se que a missão do jornalista é perseguir a verdade por inteiro, é razoável afirmar que uma das funções do assessor de imprensa é convencer a mídia a destacar os aspectos da verdade que interessam ao seu cliente.

Gestão de crise permanente

No caso de Daniel Dantas, o indigesto trabalho de sua assessoria equivale à gestão de uma crise permanente, pela freqüência quase ininterrupta com que ele protagoniza o lado obscuro do noticiário. Resguardados os limites da ética, os assessores de Dantas têm merecido o que lhes paga o cliente. Mas a capacidade do banqueiro de produzir notícias negativas está acima das habilidades de qualquer profissional empenhado em preservar reputações.
O que nos compete observar é: a parte da imprensa que Mino Carta chama de "mercenária" – estaria engajada em seguir com ele até o fim? O lado saudável da imprensa, que predomina no noticiário em geral, não dá sinais de tolerância com aquele que é tido como o "gênio do mal", e é bastante possível que o império de Daniel Dantas não sobreviva à ação da Justiça. O temperamento temerário demonstrado pelo banqueiro deve manter de cabelos em pé seus aliados no poder que ainda têm cabelos. Dantas e sua entourage de consultores jurídicos formais e informais são capazes de postergar além dos limites legais uma decisão judicial que o desfavoreça, mas ele já não pode contar com a lealdade irrestrita de todos aqueles cuja consciência andou arrendando.
Os clientes do banco com menor tolerância para o risco seguem transferindo seus patrimônios para locais mais seguros. Se o personagem central desse escândalo não parece ter limites, é possível que se mostre sensível à perda de ativos. Nesse caso, é provável que venha a cobrar ações mais efetivas de seus aliados no poder e na mídia, para evitar que o prolongamento de sua exposição afete gravemente seus negócios. Como ninguém, no poder público ou na imprensa, vai fazer declarações explícitas de lealdade ao réu, a seqüência de movimentos deve ser mais sutil. Por essa razão, a imprensa vai precisar de todo o talento disponível para a investigação e para a filtragem do material que vem sendo "contrabandeado" para as redações.
O corsário está nu, seus asseclas vão sendo desmascarados na medida em que se revelam os detalhes da investigação policial. Sua capacidade de seduzir pelo dinheiro ou de convencer pela chantagem se desvanece. A ação da imprensa, mais do que nunca, vai ser determinante nos próximos capítulos dessa história escabrosa que desnuda as vísceras da nossa jovem democracia. (Fonte: Observatório da Imprensa)


* O autor é: Jornalista