segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Em tempos de "Lei Seca"

Quem diria! Você, um deus grego

São Paulo (Adriana Bernardino) - Assim como os carros obedecem a certo padrão universal de funcionamento, os motoristas também são influenciados por motivações arquetípicas, isto é, experiências comuns a todos os homens, como o nascimento, o envelhecimento e a morte. Ainda que cada um tenha o seu jeitão de dirigir, todos são, de certa forma, impactados por uma espécie de herança do comportamento da humanidade.
Os arquétipos, segundo explica o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, se comportam como forças ou tendências à repetição das mesmas experiências.
Ninguém melhor do que os mitos para mostrar como esses arquétipos afetam nosso comportamento, pois falam dos valores inerentes à condição humana. Nas palavras de Joseph Campbell, “mitos são aquilo que os seres humanos têm em comum; são histórias de nossa busca da verdade, de sentido, de significação, através dos tempos.”
Ao volante, embora um “deus” predomine mais, podemos também ser influenciados por outros arquétipos, dependo da situação. Descubra que personalidade olímpica você mais incorpora no trânsito e o que esperar dela.

Características dos mitos

Zeus: organização disciplina.
Hermes: extroversão, aventura.
Pã: diversão, impulsividade.
Hades: inconstância, irritação.
Perséfone: introspecção, reflexão.
Deméter: segurança, integridade.
Cronos: desânimo, cansaço.
Hércules: coragem, disciplina.
Hecate: incerteza, confusão.

Zeus

Talvez pelo posto ancestral de senhor do universo, o motorista que tem Zeus como principal arquétipo se acha o dono da rua. Zeus não só sobreviveu à neura do pai, o Titã Cronos, de engolir os próprios filhos, como o destronou, assumindo o controle do céu e da terra.
Diante desse currículo, fica fácil imaginar com que autoridade e perfeccionismo o indivíduo influenciado por Zeus guia, e que nível de exigência tem com os demais motoristas.
Dele se pode esperar trajetos esquematizados, atalhos friamente calculados, pontualidade britânica e carro impecável de limpo. Lado bom é que o carona não há com que se preocupar ou temer.
O aspecto negativo fica por conta da inflexibilidade e arrogância. Ele julga não haver mortal capaz de lhe ensinar algo ou dirigir melhor do que ele. O temperamento implica também uma tendência a críticas tão estrondosas quanto os trovões que carrega nas mãos. Se emparelhar com algum barbeiro ou irresponsável, na certa dará um sermão daqueles.

Hermes

Típico filhinho de papai (no caso, nada menos que Zeus), os motoristas que incorporam Hermes, o deus mensageiro, são muito perspicazes, mas não herdaram a responsabilidade do senhor supremo.
Hermes era considerado protetor dos viajantes, talvez por isso àqueles sob sua influência adorem uma aventura sobre rodas, partir em viagens longas ou de fim-de-semana. O negócio é botar as rodas na estrada.
São ótimos de lábia e requisitados pelos amigos que precisam de argumentos convincentes para recorrer de multas. O deus era tão persuasivo que ganhou o posto de único filho bastardo de Zeus a ter a simpatia da ciumenta e da vingativa Hera, sua mulher.
Sob a influência de Hermes (ou lei de Gerson), o motorista gosta de dar sempre um jeitinho de burlar as Leis instaladas. Para aumentar a vida útil do corpo e da habilitação, vale prestar atenção aos impulsos e resistir ao som da lira do deus, que convida a uma direção egoísta. A recompensa (boa o ruim) é implacável.



No último mês ficou mais fácil identificar quem dirige sob a ação psicológica do deus dos bosques, filho de Hermes: os beberrões que se revoltaram homericamente contra a Lei seca na direção.
Amante da diversão, esses motoristas são muito requisitados pelos amigos por ser aquele tipo que dá graça às festas. Alegre e divertido, não faltam convites para baladas, o que dificulta encontrar saídas para não dirigir embriagado e irresponsavelmente.
Por ser metade homem, metade bode, causando repulsa até mesmo na mãe, a ninfa Driops, os afetados por Pã costumam sofrer de baixa auto-estima. Correm mais riscos de se meter em encrenca.
Não há razão, não há Lei nem ordem para ele. A supremacia do instinto sobre a razão pode levá-lo a explodir a qualquer momento, sair do carro e reagir com violência. Vale lembrar que Pã, apesar de deus, não foi imortal. Se você se sente dominado por esse arquétipo, pense seriamente em iniciar uma terapia e reservar parte do orçamento para o táxi ou se adaptar a carona dos amigos.

Hades

Irmão de Zeus, Hades é o senhor das trevas, deus do mundo inferior, reino dos mortos. Deu para sentir o drama? Estar sob a influência dele, é dirigir com inconstância, mudar repentinamente de idéia, de percurso. Caminho bom é sempre o outro. E isso vale também para os veículos que compra.
Sob o arquétipo de Hades, o motorista vive com a impressão de que a faixa que anda mais é sempre a que ele não está. Impaciente com as coisas como elas são, costuma provocar o caos no trânsito.
Egoísta, ignora a necessidade de outros motoristas (Hades raptou Perséfone, jovem donzela, que foi obrigada a viver com ele nas trevas). Carona também não é com ele, já que nada sai de graça. Era costume de alguns povos colocarem uma moeda na boca do defunto, destinada ao deus.
Hades era muito temido. Depois de entrar em seu reino, nem mesmo um deus poderia sair, principalmente porque no portão do mundo inferior estava Cérbero, seu tenebroso cão de três cabeças. Talvez por isso, quem guia sob a influência do senhor das trevas não consegue se distanciar o necessário para se avaliar. Se você admitir que, uma vezinha ou outra, se comporta assim, dê o passo seguinte e arrisque uma auto-análise. Caso contrário, não é possível melhorar.

Perséfone

Mesmo sendo filha de quem era – Deméter, deusa soberana da natureza, Mãe Terra – Perséfone não pôde fugir do triste destino de ser raptada por Hades, senhor dos Infernos, e se tornar guardiã dos segredos dos mortos.
Dirigir, para alguém que esteja sob sua influência, é rodar profundamente por mundos interiores. Dá medo de pegar carona com esse tipo de motorista, pois as paisagens de fora podem despertar falas poéticas ou reflexões inconscientes, o que leva a crer que ele não está prestando atenção no caminho (e realmente não está).
Silencioso, jamais bate boca no trânsito, seu olhar, entretanto, pode desconcertar os vizinhos de pista, já que parece ver os defeitos mais escondidos.
É paciente - Perséfone tinha de esperar três meses, quando ficava ao lado de Hades, para ver a mãe novamente. Intui caminhos e os aproveita para se lembrar dos sonhos da noite anterior. Bom ficar atento, a intuição, sozinha, não vai livrá-lo de todos os riscos.

Deméter

Responsável por reger os ciclos da natureza e de todas as coisas vivas, sob a influência da deusa Deméter, o motorista é maduro e responsável. Todos os ritos de perpetuação eram abençoados por ela.
Se o projeto de direção defensiva tiver um arquétipo inspirador, certamente é o de Deméter. Além desse, as Leis que se preocupam com a integridade do corpo no carro, principalmente de crianças.
Regido pela Mãe Terra, o motorista é seguro de si, preocupado com a própria segurança e com dos demais companheiros de trânsito. Dificilmente se desliga da realidade. Com ele, os caronas podem andar sem medo, ou até dormir durante viagem longa, já que não correm risco do piloto se distrair ou fugir da realidade.
Depois de ter sua filha raptada por Hades, deus do mundo inferior, Deméter tornou-se enfurecida. Por isso, ao se sentir lesado, esse tipo de motorista pode tornar-se egoísta, não ter dó de ciclistas indefesos, muito menos de pedestres velhinhos mais lentos que farol. Paciência é a palavra de cura.

Cronos

Mais novo Titã, filho de Urano e Gaia, Cronos, a pedido da mãe, cortou os testículos de Urano e se tornou o soberano da terra. Diferente do que acontece com os influenciados por Zeus – seu filho e responsável pelo seu também destronamento – os motoristas inspirados por Cronos já não estão com esse pique todo.
Assim como o deus do Tempo, os motoristas precisam aceitar que, por um motivo ou outro, deveriam abandonar o volante ou dirigir menos. Desanimados, se ainda pegam o carro é por acreditar que não há alternativa.
Cansados da agitação da vida e os fatos que compõem a realidade mundana, depositam no carro a responsabilidade por separá-los da natureza e da paz interior.
Têm a experiência e sabedoria que só o tempo – e não a luta – traz. Por isso, não se exultam frente a barbeiragens nem se estressam diante de congestionamentos quilométricos. Apenas não gostariam mais de estar ali. Aposentar o carro é possível, comece a treinar em pequenas distâncias, onde uma bicicleta ou caminhada vão muito bem.

Hércules

Filho de uma das muitas traições de Zeus, Hércules não teve a mesma sorte de Hermes. Enlouquecido por Hera, ele matou os próprios filhos e a esposa durante um ataque de fúria. Para reparar a tragédia, se submeteu aos famosos 12 trabalhos.
Motivado por uma culpa que não é dele, o motorista sob o arquétipo de Hércules sente-se impelido a ajudar os outros em quaisquer circunstâncias. Não é todo congestionamento que o deixa abatido. É muito corajoso e disciplinado na direção.
Entre suas 12 questões no trânsito estão a preocupação em comprar um veículo menos poluente, livrar o carro de desconhecidos de enchentes ou trocar pneu, ajudar um vizinho de pista que sofre um assaltado, levar amigos alcoolizados para casa e por aí vai.
O maior desafio do motorista influenciado por Hércules, entretanto, é vencer o leão que habita em suas profundezas. Tanto heroísmo pode virar do avesso se alguém lhe tirar do sério. Quando enfurecido, torna-se muito perigoso e é capaz de provocar brigas violentas no trânsito.

Hecate

O que esperar da deusa soberana da Lua e das Trevas? Responsável por enviar os demônios para atormentar os homens por meio dos sonhos, o motorista influenciado por Hecate é o tipo mais confuso e caótico do tráfego.
Ansioso e assustado sem saber ao certo com o quê, ele freia desnecessariamente, dança entre as faixas, pára para assistir acidentes e, depois, dirige sob o pânico de ser aquele fato uma mensagem para sua vida.
A falta de lucidez do qual o motorista é tomado não diz respeito apenas aos seus problemas, mas o de toda humanidade, já que Hecate abarca o profundo inconsciente coletivo. Está sempre perdido, mesmo em caminhos conhecidos. Tomados por pensamentos e frases incompletas, tem dificuldade até para pedir informação. E se a recebe não decora. Os taxistas são suas principais vítimas.
O motorista sob a influência de Hecate é um perigo ambulante, já que tanta confusão, incerteza e instabilidade emocional podem gerar conflitos de larga proporção. O conselho é: se você se sentir meio Hecate, não dirija (Fonte: MSN Automóvel).

Tv em Questão 2

"RECADOS" NA TELINHA

Visões sobre o professor na TV brasileira

*Valeria Lima Guimarães

A sociedade nos ama. Cada vez mais chego a essa conclusão. Outro dia, no vídeo game da Angélica, foi feita uma brincadeira em que alguém da platéia tinha que boxear com vontade com um boneco de borracha. Quem fizesse com mais força, ganharia. Lá pelas tantas, a loura, procurando incentivar a menina magrinha que tentava bater no modelo com aquela enorme luva de boxe, gritou: "Vai, bate naquele professor que você odeia."
Fiquei pensando em como esse conselho chega aos diferentes tipos de espectadores, em sua maioria jovens, que assistem ao programa nesses tempos de espancamento e assassinatos de professores. Claro que ela não pensou no que falou, mas está no seu inconsciente e no de todo mundo que o professor merece mesmo um, digamos, "corretivo". A edição do programa também falhou feio deixando isso ir ao ar.

Os que são valorizados

Mudando de canal, uma semana depois, mais precisamente no dia 25 de julho, assisti ao "instrutivo" programa da Sônia Abrahão. Foi no dia em que o "MC Creu", a "Mulher Jaca" e a "Mulher Moranguinho" estavam mostrando os seus atributos por mais de uma hora na televisão pública brasileira, também naquele horário em que o público é em sua maioria de jovens. A apresentadora interrompeu a "apresentação" do grupo para dar um daqueles insuportáveis "recadinhos". Tem o da maquininha tecpix, tem o da iogurteira e agora também de uma joalheira, que vende por catálogo. A chamada era a seguinte: Você, que está desempregada, é pensionista, aposentada, dona de casa ou professora, que tal ganhar dinheiro vendendo as jóias...?
Fiquei pensando no nosso status social e me senti tremendamente valorizada. É isso aí. Professor é, sim, camelô. O que ela disse não foi nada aberrante. Foi a constatação de que a nossa profissão não enche barriga e que o professorado faz bico mesmo. Se não der aula em três, quatro escolas (o que já é um bico, no final da história), ele vende bugigangas para os seus pares e até na sala de aula. Só nunca tinha visto isso dito assim, tão naturalmente, na televisão. Terminado o recado, o "MC Creu", a "Moranguinho" e a "Jaca" voltaram a ser a atração do programa. Esses, sim, é que são valorizados, pelo menos, por enquanto. Até que outro produto descartável surja em seu lugar e esses aí voltem ao mesmo programa contando os dramas do ostracismo.

E assim caminha a nossa sociedade... (Fonte: Observatório da Imprensa)


* A autora é : Professora do Curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense e professora durante 10 anos da rede pública de ensino do Rio de Janeiro

Artigo 2

São José, um modelo de pai

*Prof. Felipe Aquino

Nós não pudemos escolher nosso pai e nossa mãe. Mas, Jesus pôde. Isso porque antes de ser gerado no seio da Virgem Maria Ele já existia no seio do Pai Eterno. Quando chegou a hora de sua Encarnação para a salvação do mundo, que fora criado por meio dele, então, escolheu uma Mãe que lhe gerasse na carne, por obra do Espírito Santo, e um Pai que lhe fizesse na terra o lugar do Pai do Céu; escolheu o justo José.
Certamente, o Verbo escolheu a melhor Mulher e o melhor Homem disponíveis “na plenitude dos tempos” para serem seus pais. Quando José quis abandonar Maria, vendo-a grávida milagrosamente, e não se achando digno de conviver com ela, quis deixá-la. O Anjo, em sonho, por ordem divina, lhe impediu que partisse. Então, o bom José obedeceu e aceitou Maria como esposa e o Filho de Deus como seu Filho. O melhor Filho teve o melhor Pai na terra.
José viveu para Deus, para a Esposa e para o Menino. Se anulou para servir ao Senhor. Sem dúvida, um exemplo de pai e de esposo. Depois de uma longa caminhada, ele viu o Menino divino nascer em gruta fria. Logo o tomou em seus braços e o acalentou. Que privilégio! A criatura se faz pai do Criador e o toma nos braços! Depois, para cumprir as Escrituras e a justiça, circuncida o Menino ao oitavo dia e lhe dá o Nome sagrado: Jesus, conforme o Anjo lhe ordenara.
Aos quarenta dias foi ao Templo apresentar o Menino, o Primogênito que deveria ser consagrado a Deus, e ouviu o velho Simeão dizer que o Menino seria um “Sinal de Contradição” e que o coração de sua Mãe seria transpassado por uma espada de dor. O bom José apenas ouviu aquelas palavras, meditou, rezou e ofereceu tudo a Deus. Estava ali apenas para servir ao Senhor como Pai nutrício do grande Menino.
Em seguida, por ordem do Anjo, mensageiro de Deus, fogiu para o Egito com a Esposa. Foi para uma terra longínqua, atravessando o deserto do Sinai, sem reclamar, sem se lamentar, dando graças a Deus por salvar a vida do Menino das garras assassinas de Herodes. O que mais importava era seu Filho. Passado o perigo, voltou para Nazaré, para a sua humilde oficina de carpinteiro, onde iria continuar sustentando a Mãe e o Filho.
Com José, Jesus aprendeu a missão redentora e silenciosa do trabalho. Com ele, o Filho aprendeu a rezar, a cantar os Salmos, a dar glória a Deus, a viver a justiça e o amor a todos os homens. Na ‘escola’ de José, o Menino foi amado, educado, preparado para ser um dia imolado para salvar a humanidade.
São Bernardo, doutor da Igreja, disse: “Humildade sem exemplo é que um Deus obedeça a um homem; mas ver que um homem mande em um Deus, é uma glória sem par”. São José foi como um instrumento útil e nobre que se utiliza para o trabalho, mas que depois se deixa de lado, sem reclamar. Sua vocação foi, ao contrário dos Profetas e de João Batista, a de ocultar a Luz divina aos olhos do mundo, até o momento oportuno de Deus aparecer. Ele protegeu e ocultou a divindade do Senhor, e depois se diluiu como uma sombra. Ele foi na terra a “sombra do Pai Eterno”, a quem substituiu na terra diante do Seu Unigênito encarnado.
Em sua casa habitava o Messias, o Salvador do mundo. Mas São José nunca se vangloriou disso. Quis sempre se conservar oculto; foi verdadeiramente humilde. E quando vieram os dias gloriosos e cheios de milagres para Jesus, José já não estava neste mundo. Toda a vida do Santo foi, portanto, um período contínuo de vida interior. Foi modelo de humildade. A luz de São José não apareceu aos homens; foi como um suave perfume que todos sentem sem saber de onde vem. E continua, ainda hoje, a perfumar a Igreja de Deus. Ele não viveu para si mesmo, mas para o Menino e para a Sua Mãe.


* Prof. Felipe Aquino é teólogo e apresentador dos programas Escola da Fé e Trocando idéias, na TV Canção Nova (www.cancaonova.com)

Tv em Questão

METAMORFOSE DO MEDO

Sempre aos domingos

*Robson Terra

Teóricos da mídia afirmam que não se deve ver TV sem o referencial da lógica econômica. O conteúdo e forma dos programas menos importam. A qualidade da produção da TV brasileira é conseqüência da busca de audiência. A garimpagem ostensiva de pontos. Esse vale-tudo midiático tem nos conteúdos do telejornalismo elementos de sedução fundamentais.
Desde o apogeu do rádio, os informes jornalísticos causavam apreensão e certo pânico aos ouvintes. A abertura e marca registrada do Repórter Esso, com a introdução clássica do rufar de tambores e o som bélico do trompete, compunham, com a narração impostada dos locutores, perturbação emocional e ouvidos atentos. Tinha-se horror do noticiário que trazia a crueldade do fato real, a cada hora, em detrimento dos devaneios dos programas musicais, de auditório, radionovelas, ou humorísticos politicamente incorretos. A publicidade também vendia insegurança que o produto anunciado resolvia.
A angústia, a dor e o sofrimento sempre foram instrumentos de controle social. Em casa e no convívio social. Pais, escola, polícia, igreja, as instituições, exercem o poder coercitivo através do medo. "Menino, não sai de casa que o bicho te pega!" A chamada epidemia do medo.

O bicho-papão eletrônico

Os programas jornalísticos dominicais, de grande audiência, trazem nas pautas as cenas do próximo capítulo da insegurança. O Fantástico começa com as sobrancelhas arqueadas de Zeca Camargo, o tom de voz grave e a quase ameaça se o telespectador não acompanhar o rosário de narração das chacinas, acidentes do final de semana, martirização e crucificação de Joãos e Isabellas, os ataques dos traficantes cariocas, policiais despreparados, doenças desconhecidas e remédios novos. Os perigos iminentes compõem o mosaico de temas violentos ou "a exposição do espectador à contemplação do espetáculo do sofrimento à distância", conforme Izabel Szpacenkopf em O Olhar do Poder.
Os Fantásticos da Globo e da Record vêm recheados de dores novas. O bicho-papão eletrônico tornando refém a família, ajustando relacionamentos de audiência nas cidades grandes e promovendo a filosofia do medo nos turistas apavorados. Vive-se o pânico ao sair de casa e encontrar na esquina a bala perdida, a falsa blitz, o assaltante, o Nardoni, o arrastão na praia ou o mosquito da dengue.

Aconchego, proteção e audiência

Os fantasmas da semana, sob fabricação hipnótica dos noticiários ou travestidos nas alucinantes revistas televisivas, promovem a intoxicação emocional com os crimes espetaculares e que a escalada da violência não nos deixará impunes. Lembram um dos grandes sucessos em novelas, no horário nobre, A Próxima Vítima? Funciona assim.
Vende-se a idéia de que sair de casa é risco, ausência e dor. Presença no lar é ponto precioso nos GRP, Gross Rating Points, literalmente pontos brutos de audiência. Vende-se mercado e lucros.
No fetiche midiático de domingo, a mistura de conflitos, guerras, casamentos, fatos macabros, desajustes familiares, crimes chocantes, tendências da moda, noções de etiqueta, crueldade do humor e carnavalização do futebol, poucos cidadãos se salvam na escalada do "limiar histérico". Até hoje o Brasil lembra quando Hélio Costa, o primeiro repórter internacional do Fantástico, em 1973, no apogeu da ditadura militar, trazia o medo internacional em matérias extraordinárias do jornalismo científico. E ainda hoje, quando a voz do repórter, associada ao transtorno provocado pela notícia, ecoa na tela, remete ao trauma daqueles tempos. O país tinha medo do que acontecia aqui e no estrangeiro. A tela da TV trazia o pavor, mas confortava a nação com aconchego, proteção e audiência. (Fonte: Observatório da Imprensa)

*O autor é: Jornalista, professor universitário e mestrando em comunicação; Juiz de Fora, MG

Artigo

Ser Pai e Ser Padre

*Monsenhor Jonas Abib

O mês de agosto é bastante importante para a Igreja. Além de todos celebrarem o Dia dos Pais no segundo domingo do mês, no dia 4 temos a festa de São João Maria Vianney, quando comemoramos o Dia do Padre. Neste ano, a data acontece em uma segunda-feira. Mas, todos podem já no domingo anterior, dia 3, cumprimentar o padre de sua paróquia, capela, comunidade e todos os padres que Deus colocou no caminho de sua vida. É o mínimo que podemos fazer em gratidão àqueles que o Senhor escolheu para serem nossos pais e pastores.
A palavra padre quer dizer pai. Todo padre é pai. Deus, porém, me concedeu uma graça especial: os consagrados na nossa comunidade Canção Nova me têm como um pai e me amam como a um pai. Eu também os amo e os acolho como verdadeiro pai. Todos sabem que se trata de uma paternidade espiritual, mas muito concreta e real. É uma grande graça e uma imensa alegria.
No caminho que venho percorrendo, Deus colocou inúmeros padres que marcaram minha vida. Alguns deles eram verdadeiros santos, que me foram modelo e impulso para eu caminhar rumo ao sacerdócio. Devo destacar especialmente o padre Geraldo Martinelli. Observando seu jeito de ser e de agir como sacerdote, quando eu era ainda tão menino e cursava o primário, me decidi: eu quero ser padre, mas do jeito do padre Martinelli.
Com a graça de Deus, nesses 43 anos de sacerdócio posso dizer que nunca me arrependi, nunca pensei em voltar atrás. Sou feliz como padre, realizado e disposto a ser cada vez melhor. Digo a todos, mas especialmente aos jovens: ser padre é bom demais!
Quando estava a um passo da ordenação sacerdotal, fui abraçar minha mãe e ela estava chorando. Então, perguntei: “Por que a senhora está chorando assim?” Ela me respondeu: “Você escolheu um caminho muito difícil, meu filho. Você vai sofrer muito. Mas, já que a escolha está feita, que Deus o abençoe”. Dei um abraço bastante apertado em minha mãe, enquanto me lembrava das palavras que Dom Bosco ouviu de sua própria mãe: “Começar a ser padre é começar a sofrer”.
As duas mães tinham toda razão. É verdade que o sofrimento sempre fez parte e sei que continuará presente em minha vida de padre. Mas, nada disso tirou nem irá tirar a felicidade e a realização de ser padre. Sou feliz, sem sombra de dúvidas. Muito feliz e cada vez mais realizado.
Da minha parte, eu assumo e quero ser pai. Essa paternidade vem de Deus e eu quero que ela se concretize cada vez mais. É ou não é uma verdadeira realização? É raro imaginar uma fonte de alegria e de felicidade maior do que essa. Ser padre e ser pai é bom demais. Por isso, é preciso se alegrar e fazer festa. Muita festa.

*Monsenhor Jonas Abib é fundador da Comunidade Canção Nova, que está completando 30 anos em 2008 (www.cancaonova.com)

Por que homens procuram travestis?

Mendes tem 37 anos, cabeça raspada e brinco na orelha direita. Pelos modos e pela aparência, o rapaz branco de família evangélica não se distingue de outros milhões de jovens paulistanos, exceto por uma particularidade importante: ele namora um travesti, Flávia. Os dois se conheceram há cinco anos no centro de São Paulo e, de lá para cá, constituem um casal. Na semana passada, sentado ao lado de Flávia na sala de um apartamento na Rua General Osório, Mendes explicava, em voz pausada, as bases da relação. “Nosso relacionamento é hétero”, afirma. Isso quer dizer que, no sexo, ele é a parte viril do casal, enquanto Flávia cumpre o papel de mulher. “Mas entre nós não existe só sexo. A gente tem amor e cuida um do outro.” Com cabelos negros e corpo esguio, Flávia ganha a vida se prostituindo nas ruas. Ele trabalha nas ruas como vendedor.
As palavras de Mendes revelam, sem explicar, um dos grandes mistérios da sexualidade moderna: a sedução exercida pelos travestis. Desde meados dos anos 70, quando despontaram nas esquinas das metrópoles brasileiras com saias minúsculas e seios exuberantes, essas criaturas híbridas conquistaram um espaço enorme no imaginário sexual do país. Todos os dias, milhares de homens se esgueiram por avenidas sombrias para comprar o prazer oferecido por seus corpos alterados. O risco envolvido nesse tipo de operação ficou claro há duas semanas, quando Ronaldo Nazário, o jogador de futebol mais famoso do mundo, transformou-se no protagonista de um escândalo que tinha como coadjuvantes três travestis do Rio de Janeiro. Ele foi com o grupo ao hotel Papillon e, durante a madrugada, desentendeu-se com um deles, Andréia Albertini. Acabaram todos na delegacia, de onde a história ganhou o mundo. A avalanche moral que desabou sobre Ronaldo a partir daí foi incapaz de responder à questão mais simples colocada pelo episódio: por que homens adultos e mesmo famosos arriscam segurança e reputação e vão atrás de travestis?
O antropólogo americano Don Kulick passou um ano vivendo com travestis em Salvador, sabe muito de seu cotidiano e mesmo de suas preferências íntimas. Mas não se arrisca a explicar quem são seus clientes. “Essa é uma grande incógnita. Embora acompanhasse os travestis todas as noites, não consegui distinguir um cliente típico”, diz. O livro de Kulick, professor da Universidade Nova York, sairá em português no fim deste mês, pela editora Fiocruz, com o título Travestis: Prostituição, Sexo, Gênero e Cultura no Brasil. Kulick conseguiu uma descrição razoavelmente rigorosa do que os fregueses exigem dos travestis. Durante um mês, pediu a cinco deles que registrassem o tipo de serviço prestado nas ruas. O resultado de 138 programas: em 52% dos casos os clientes queriam sodomizar, em 19% exigiam sexo oral, 18% queriam fazer aquilo que se costuma chamar de “troca-troca”, 9% pagaram para ser sodomizados e 2% para ser masturbados. “Não é insignificante que 27% dos homens nessa amostragem quisessem ser penetrados por travestis”, escreve s Kulick. “Mas esses homens não são maioria, como os travestis geralmente afirmam.”
A confiar apenas no que dizem os travestis, o porcentual de seus clientes que se portam como homossexual passivo é alto. “Nove em cada dez homens querem ser penetrados”, diz Flávia, a namorada de Mendes. “Se o travesti não for bem-dotado e ativo, não ganha a vida na rua.” Exagero? Talvez. Assim como as prostitutas, os travestis têm uma relação antagônica com aqueles que pagam para usar seu corpo. Muitos não suportam exercer o papel viril que se exige deles na prostituição e o fazem com grande sofrimento, porque não encontram outra forma de ganhar a vida. Vingam-se dessa situação degradante com a mesma arma que a sociedade usa para humilhá-los: questionam a hombridade do freguês e o ridicularizam.
O psiquiatra Sérgio Almeida trabalha com travestis em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, e sua experiência corrobora em alguma medida a versão de Flávia. Cabe a Almeida a tarefa difícil de distinguir entre os travestis – definidos como homens que gostam de agir e sentir como mulher – e os transexuais, que se sentem mulheres aprisionadas em corpo masculino. Para estes, recomenda-se a cirurgia de troca de sexo. Para os travestis, ela equivale a uma mutilação e pode levar ao suicídio. Almeida gasta dois anos com cada paciente até decidir em que categoria ele se encaixa. “Desde 1997, fizemos 95 cirurgias e não tivemos nenhum problema”, afirma. O pós-operatório mostrou ao psiquiatra que ex-travestis são freqüentemente abandonados por seus parceiros quando perdem a anatomia masculina. E que os operados que insistem em continuar na prostituição perdem também a carteira de clientes. Algo de crucial desapareceu na cirurgia. “Não é verdade que os homens procuram travestis porque estes se parecem mulheres”, diz ele. “Eles querem o algo mais que as mulheres não têm.”
Os próprios envolvidos têm opiniões diferentes. Um leitor anônimo de epoca.com.br enviou depoimento no qual afirma, basicamente, que os travestis são a melhor opção sexoeconômica. Diz ele: “Já saí com vários travestis. O que me atraiu foi justamente o desejo físico pelos bumbuns e seios avantajados. Ficar com uma travesti para mim é conseguir a baixo preço uma mulher de porte e formas que eu jamais conseguiria pagar ou namorar”. Márcia, travesti paulista cuja foto abre esta reportagem, repele qualquer tentativa de analisar os homens com quem sai voluntariamente. “Para mim, homens que saem com travestis são heterossexuais de cabeça aberta, que topam qualquer coisa”, afirma. Advogado, casado, pai de uma moça, diz que tem impulsos de vestir-se e agir como mulher desde criança, mas que isso nunca o impediu de ter relações normais com mulheres: “Quando saio com um homem, ele não importa. O que me interessa é reforçar minha identidade de mulher”.
O mistério em torno dos homens que procuram travestis é proporcional à ignorância que cerca os próprios travestis. Como grupo populacional, eles são escarçamente estudados: não se tem a menor idéia de quantos sejam, no mundo ou no Brasil. Os líderes das organizações de travestis estimam que haja 5 mil ou 6 mil deles no Rio de Janeiro e uma quantidade muito maior – fala-se em 30 mil – em São Paulo. Nenhuma ciência ampara essas estimativas. Sabe-se que há travestis de Porto Alegre a Manaus, inclusive em cidades pequenas. Tem-se a impressão, entre os que lidam com o assunto, que o Brasil é o líder mundial nessa categoria – e o principal exportador para os países europeus, sobretudo Itália e Espanha. “O Brasil tem a maior população mundial de travestis e o maior número de travestis per capita”, afirma Kulick. Trata-se de uma opinião bem informada, mas é apenas opinião. Líderes de organizações de travestis como Keila Simpson, presidente da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais, querem que o censo inclua perguntas que permitam quantificar os diferentes grupos sexuais do país. “Como se pode dirigir políticas públicas a uma população de tamanho ignorado?”, diz.
A palavra-chave quando se trata de explicar a atração exercida pelos travestis parece ser ambigüidade. Eles são percebidos simultaneamente como homem e mulher, uma incongruência que mexe com as profundezas da psique humana. “O travesti mobiliza o desejo como mobiliza a repulsa”, afirma a psicanalista carioca Regina Navarro Lins. Outra psicanalista, Maria Rita Kehl, vê duas razões no fascínio pelos travestis. A primeira é que, por ser uma mulher com pênis, ele captura os restos das fantasias sexuais infantis. A outra está no fato de os travestis encarnarem a feminilidade de uma forma absoluta, que nenhuma mulher contemporânea aceitaria. “Só um travesti saberia ser tão feminino quanto quer a fantasia de alguns homens”, diz Maria Rita. “Se alguém sabe o que é ‘ser mulher de verdade’ (uma ficção masculina), é justamente o travesti.” Os próprios travestis são taxativos ao afirmar que seus fregueses procuram neles a diferença: a mulher com falo, a fantasia, o risco. “Transgressão é essencial. O proibido atrai”, afirma Marjorie, travesti com 20 anos de experiência nas ruas, que hoje trabalha na Secretaria de Assistência Social da Prefeitura do Rio de Janeiro. “As coisas que se dizem sobre os homens que saem com travestis são lendas machistas.”
Paira sobre essa discussão uma palavra que os psicanalistas detestam: patologia. Sim, as pessoas têm o direito inalienável de manter relações sexuais com quem quiserem, desde que haja consentimento mútuo. Posto isso, cabe a pergunta: está bem de cabeça um homem casado (como parece ser a maior parte dos clientes dos travestis) que abre a porta de seu carro na porta do Jockey Club, em São Paulo, e paga R$ 40 por uma hora de sexo com um homem que parece ser mulher? Os especialistas não têm uma resposta unânime a isso.
Liberais dizem que, bolas, desejo é desejo, e não se pode explicar ou reprimir. Há que aceitar. “Entendo que os homens que só se realizam sexualmente com travestis possam estar mal resolvidos em sua orientação sexual”, diz Maria Rita Kehl. “Mas considerar que todos os que gostam de travestis são homossexuais acovardados é uma redução preconceituosa.” Na outra ponta, fala-se em sofrimento e confusão por trás dessa forma específica de prazer. “Para alguns homens é patológico”, afirma o psicanalista Oswaldo Rodrigues, do Instituto Paulista de Sexualidade. “Muitos fazem isso num impulso de autodestruição.”
Há os incapazes de lidar com seu próprio desejo por outros homens. Há os que buscam cumprir seu “papel social” no corpo feminilizado dos travestis. Há de tudo, e nem tudo é a festa do desejo que a modernidade implicitamente recomenda. Onde está o limite? Na dor. De acordo com o psiquiatra Ronaldo Pamplona da Costa, com mais de 30 anos de experiência terapêutica, muitos homens que saem com travestis o procuram em estado de sofrimento. Eis o que diz a respeito a psiquiatra Carmita Helena Abdo, que coordena o Projeto de Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo: “Se as pessoas fazem sexo responsável, não estão sofrendo e não me procuram, não quero normatizar a vida de ninguém”.(Fonte:
Revista Época)

Disco voador chega em 2009

São Paulo (Gustavo Henrique Ruffo) - Qualquer criança que já tenha assistido “Os Jetsons” com certeza quis ser George por alguns momentos. Não, certamente, quando ele encontra com o senhor Spacely, mas sim quando ele está a caminho do trabalho, dirigindo seu disco voador. As crianças crescidas e com pelo menos US$ 150 mil na conta podem ir um pouco além de sonhar, uma vez que a Moller, empresa que está desenvolvendo o Skycar, deverá colocar seu M200 à venda no ano que vem.
Com duas versões, a M200G e a M200E, a melhor parte do novo veículo, feito para levar duas pessoas, é que ele, ao contrário do Skycar, não precisará de brevê para ser conduzido. Isso porque, no caso do M200G, a altura máxima que ele atinge é cerca de 3 m, sobre qualquer superfície, inclusive água. Suficiente, sem dúvida, para passar por cima do trânsito (ou da enchente).
Capaz de rodar até 160 km, com uma velocidade máxima de 160 km, sendo a de cruzeiro de 120 km/h, o M200 vem sendo desenvolvido há mais de 30 anos. A capacidade máxima de peso dele é de 113 kg, o que permite levar duas pessoas de até 55 kg, um adulto e uma criança ou apenas um ocupante mais parrudo.
Impulsionado por oito motores rotativos (Wankel) movidos preferencialmente a etanol, o M200 tem hélices protegidas, o que evita ferimentos, e um sistema de aletas que tanto cria sustentação e estabilidade no ar quanto diminui o barulho gerado pelos motores. Se algum deles falhar, o sistema de computadores do M200 permite um pouso tranquilo.
O M200E até voa mais alto que o M200G, mas será vendido na forma de um kit, ou seja, quem comprar é que deverá montá-lo ou pagar para alguém cuidar disso. Quando estiver pronto, ele poderá voar, nos EUA, com a mesma licença concedida a aviões experimentais, ou seja, precisará de um brevê para ser pilotado, mas só em 2010, que é quando ele começa a ser vendido.
Assim como no caso do Skycar, o M200 será vendido por um leilão internacional, no qual os interessados competem até que saia o lance vencedor. Para participar do leilão, que só acontecerá quando as vendas tiverem início, no ano que vem, é preciso se qualificar, o que inclui garantir que você é capaz de arcar com o valor de reserva do M200, fixado em US$ 150 mil, ou cerca de R$ 236 mil. (Fonte: MSN Automóvel).

I Encontro Estadual de Agroecologia em RO beneficiará cerca de 400 famílias agrícolas

Brasília (Assessoria de Imprensa da Senadora Fátima Cleide) - A senadora Fátima Cleide (PT-RO) participa do I Encontro Estadual de Agroecologia de Rondônia, ser realizado em Ouro Preto quinta-feira (31), às 18h, no Centro de Formação Paroquial. O evento durou domingo. Durante a cerimônia foi assinado um termo referente ao PAIS (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável), que vai garantir cerca de 200 kits com equipamentos agrícolas para Associações, Cooperativas e Movimentos de Pequenos Produtores.
Além de dezenas de famílias, pelo menos cinco EFAs (Escola Família Agrícola) foram beneficiadas com a aquisição dos kits agrícolas. Uma em Ji-Paraná e as outras em Vale do Paraíso, Cacoal, Nova Horizonte e Vale do São Francisco. Cada EFA atende, em média, cerca de 150 alunos.
Os kits, articulados pela senadora Fátima junto ao Banco do Brasil, consistem em três canteiros circulares, com cerca de 5 mil metros quadrados, onde o agricultor instalará no centro um galinheiro com dez galinhas e um galo para produção de ovos e carne. O kit também possui equipamentos para irrigação com mangueira, filtro, caixa d’água, tela, sementes medicinais e de hortaliças.
Para a senadora Fátima, a aquisição desses kits por parte dos produtores agrícolas trará mais qualidade de vida para a população rondoniense. “Essa iniciativa vai trazer muitos benefícios para essas comunidades. Seja pela melhoria na qualidade de vida, ou seja ao próprio meio ambiente, já que toda a produção é orgânica e não requer agrotóxicos”, explica Fátima.
O técnico em agropecuária e coordenador do projeto Padre Ezequiel, Gilberto dos Santos, acredita que 200 famílias estão sendo beneficiadas diretamente e outras 200 indiretamente, já que os kits serão entregues também a grupos organizados. Na sua avaliação, o incentivo agrícola propicia a agregação de valor ao produto. “O PAIS apóia várias comunidades agrícolas em Rondônia e isso vem fortalecendo a iniciativa da agricultura agroecológica”, destacou.

Interesse Público

CONCESSÕES DE RADIODIFUSÃO

Entidades vão pressionar Congresso Nacional


Rita Marini (Redação FNDC)

(Reproduzido do boletim e-Fórum nº 214, de 25/7/2008, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação; título original "Entidades de comunicação decidem pressionar o Congresso para discutir concessões em radiodifusão").

Uma ação emergencial foi deflagrada por movimentos da sociedade civil e entidades que lutam pela democratização da comunicação para incidir junto à Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados, na análise dos processos de renovação de outorgas em radiodifusão – concessões públicas. A idéia é envolver a população em debate acerca do tema, ampliando as estruturas de participação popular nessas matérias e garantido o cumprimento às contrapartidas.
Para provocar um processo que visa a aprimorar os mecanismos de concessão de outorgas em radiodifusão, entidades que lutam pela democratização da comunicação se mobilizam em torno das ações que tramitam no Congresso de renovação dessas licenças. Os casos atuais da TV Globo – que tem concessões vencidas desde o dia 5 de outubro do ano passado – são emblemáticos, por ser ela a maior rede de televisão no país e estar prestes a renovar as outorgas junto ao Parlamento.
No dia 15 de julho, uma carta foi entregue ao presidente da CCTCI, Walter Pinheiro (PT-BA) para tentar incidir sobre esse processo. O documento (
leia aqui) é assinado pela Associação Brasileira de Organizações não Governamentais (Abong), Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação Interestadual dos Trabalhadores em Rádio e TV (Fitert) e o Coletivo Brasil de Comunicação Social Intervozes. As entidades pedem democracia e transparência nas concessões de rádio e TV. Para isso, buscam "garantir a realização de audiências públicas para tratar da renovação das concessões das emissoras próprias da Globo, Record e Bandeirantes, em tramitação no Congresso, convocando entidades da sociedade civil local e as próprias emissoras para debaterem o uso desse espaço público e as perspectivas para os próximos 15 anos".
A outorga da Globo em Recife (PE) já foi prorrogada em reunião no dia 9 de julho. O relator foi o deputado José Rocha (PR/BA). A próxima concessão a ser avaliada será a da Globo de Belo Horizonte (MG), que estava na pauta da Câmara do último dia 16, mas acabou não sendo votada, e cujo relator é o deputado Miro Teixeira (PDT/RJ). Júlio Semeghini (PSDB/SP) é o responsável pela análise de renovação da Globo do Rio de Janeiro; Bilac Pinto (PR/MG) pela Globo de São Paulo e Jorge Bittar é relator do processo que renova a concessão da TV Globo em Brasília.
"Antes da sessão do último dia 16, na qual seria analisado o processo da Globo de BH, conversamos com a (Luiza) Erundina para ver como poderíamos paralisar a votação. Na terça-feira, então, fizemos um ofício completamente às pressas, com menos de uma hora para coletar as assinaturas e protocolá-lo na CCTCI, já que a sessão seria no outro dia", conta João Brant, membro do Coletivo Intervozes.
A deputada Luíza Erundina presidiu a subcomissão da CCTCI que analisou as mudanças nas normas de apreciação dos atos de outorga e renovação de concessão, permissão ou autorização de serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens. Os trabalhos da subcomissão foram encerrados no final do ano passado, resultando em um relatório (
leia aqui) que, até agora, só obteve aprovação parcial.
"Precisamos aproveitar esse momento de recesso parlamentar para preparar ações para a volta. Essa tem de ser uma pauta do conjunto das entidades que lutam pela democratização da comunicação, é importante que possamos incidir para garantir um processo de renovação e concessão minimamente digno", explica João Brant.
Pressão política
O esforço, neste momento, é de pressão política, destaca Celso Schröder, coordenador-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que apóia a proposta, ao considerar a possibilidade de se acionar diversos mecanismos de participação popular, em ações regionais públicas, para discutir o aperfeiçoamento da estrutura das concessões em radiodifusão. "Cada Estado deve se organizar localmente, chamar à discussão, estimular a participação para que as pessoas se apropriem do assunto e contribuam para um sistema mais consciente e com garantias inclusive às contrapartidas", ressalta Schröder. Ele garante que é possível estipular – e cobrar – compensações dos licenciados de concessão pública em radiodifusão com mais intensidade. "Mas, para isto, os mecanismos de concessão e renovação das outorgas precisam ser revistos, ajustados. A população precisa conhecer e participar desses processos", enfatiza o coordenador-geral do FNDC.
"Precisamos estabelecer uma pauta mínima do que é possível cobrar, e que as emissoras se comprometam nesse processo de renovação", sugere João Brant, destacando que a carta encaminhada à CCTCI, há dez dias, foi apenas uma ação emergencial.

Propostas para uma nova ordem

Schröder destaca alguns pontos defendidos pelo FNDC para uma nova ordenação nas outorgas de rádio e televisão. Um desses pontos é a necessidade de, no pedido, apresentar projetos que estimulem a produção artística, cultural e jornalística regionais, a produção independente e o fomento ao emprego formal e, na renovação, a comprovação desses compromissos.
O FNDC propõe, na renovação, apresentar certidões fiscais que comprovem regularidade com as obrigações sociais e trabalhistas, a comprovação do respeito às regulamentações das atividades profissionais envolvidas na cadeia produtiva da radiodifusão, entre outros. Apresentar, no ato de renovação, levantamento com resultados de pesquisa de opinião ou outros dispositivos, com a avaliação dos serviços prestados à comunidade, comprovando o atendimento dos compromissos firmados no ato da concessão, permissão ou autorização.
Para o Fórum, é imprescindível o estabelecimento de contrapartidas sociais, como por exemplo, um fundo de financiamento à radiodifusão pública, educativa, universitária e comunitária; a inclusão na estrutura das empresas de Rádio e TV de mecanismos que estimulem e permitam o controle público sobre a programação – como conselhos com participação da sociedade, conselhos editorais e serviços de ouvidoria.
No ato de outorga, que seja observado o impedimento de pessoas físicas investidas em cargo público ou no gozo de imunidade parlamentar ou de foro especial, e seus parentes até terceiro grau, em nome próprio ou de terceiros, no controle, gerência ou direção de empresa de radiodifusão sonora e de sons e imagens; e ainda a estrita observância dos limites à propriedade dessas concessões, estabelecendo mecanismos que identifiquem os reais concessionários e permissionários, impedindo a prática do "coronelismo eletrônico".
Para o FNDC, destaca Schröder, a Conferência Nacional de Comunicação (que está em construção) é um espaço legítimo para reunir as diversas propostas da sociedade às medidas do Congresso Nacional e do poder Executivo e definir novos critérios de outorga e renovação de canais de rádio e TV no Brasil.
Veja aqui as outorgas que vencem em 2008.

CONTA GOTAS

Lúcio Albuquerque
jlucioalbuquerque@gmail.com

Leia, ao pé da coluna, o comentário ELES ACREDITAM EM PAPAI NOEL....

PUNIÇÃO

Ministro Tarso Genro, da Justiça, propõe punição para os que torturaram durante o regime militar. Apenas uma pergunta, ministro: Isso vale para os dois lados ou só para um?

BARRIGADA

Li recentemente o que pode ter sido uma enorme barrigada: um jornal do Rio de Janeiro noticiou a queda do imperador D. Pedro II, aí por volta de 1880 a 1889, quando ele descansava em Petrópolis. E saiu assim: "O imperador saiu de seu quarto com duas maletas". No dia seguinte, a errata veio com pedido formal de desculpas e dizendo que o certo era que D. Pedro havia saído do quarto com "duas mulatas".
Bom, na realidade o imperador, lesionado, saía do quarto com duas muletas.

ELES ACREDITAM EM PAPAI NOEL....


Jornalistas que estão cobrindo os Jogos de Pequim (Beijing, desculpem), e que estão reclamando da censura estabelecida pelas autoridades chinesas, certamente acreditam em Papai Noel, mula-se-cabeça-que-bota-fogo-pela-venta, e, certamente, até que o PT seja puro.
Ora, que os chineses censuram tudo – como os cubanos, os coreanos, e outros, isso não é novidade para ninguém. Só que, para boa parte da imprensa internacional, foi preciso que se realizasse uma competição de alto nível na capital chinesa para que os incrédulos acreditassem naquilo que pessoas que não rezam pela cartilha, batida, de que os "camaradas" não fazem como os outros.
Não, não fazem como os outros. Fazem pior. Agora, francamente, não dá para reclamar também do Comitê Olímpico que escalou Beijing (que significa "capital setentrional) para sediar, a partir da próxima semana, a seqüência do movimento iniciado pelo barão de Coubertain, cuja filosofia, a de "mais vale competir do que ganhar", de há muito foi para o espaço.
Nunca é demais lembrar que em 1936 os Jogos Olímpicos foram realizados em Berlim, sob a suástica e tendo como saudação o braço estendido, os calcanhares batendo e o dístico "heil Hitler". Ou que em 1980 aconteceu em Moscou, cujo modelo de estrutura governamental foi copiado pelo camarada Mao.
Só para lembrar, em 1989 o mundo assistiu, estarrecido - e, certamente, envergonhado, o Massacre da Praça da Paz Celestial. Até hoje ninguém sabe quantos morreram e quantos mais sofreram. Aí, em 2001, a 112ª Assembléia do Comitê Olímpico Internacional anunciou que a capital chinesa ganhara o direito de sediar os Jogos de 2008.
Quem acreditou que direitos humanos, liberdade de expressão e acesso, sem restrições, ao noticiário seriam respeitados pelos dirigentes chineses – e que o não respeito mereceriam a repulsa mundial – acredita piamente que Cabral foi o primeiro homem branco a pisar as terras do Brasil.

Inté outro dia, se Deus quiser!

Julho foi o mês mais seco dos últimos 47 anos em Porto Velho

Porto Velho (CTO-PV/SIPAM) – O mês de julho recém terminou e já entrou para a história como o mais quente dos últimos 10 anos em Porto Velho. Dados das três estações meteorológicas existentes em Porto Velho, situadas no Aeroporto e na Enbrapa, indicaram que o mês de julho terminou com uma média de 34º Celsius, enquanto o normal é que fique entre 31,9ºC e 32,7ºC. Segundo o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), o calor excessivo que se registrou na Capital rondoniense neste mês não ocorria desde 1998, quando em julho daquele ano a média da temperatura máxima observada foi de 35,1ºC.
Julho de 2008 também registrou a maior temperatura do ano, de 36,8ºC em Porto Velho, que ocorreu no último dia 29. Um valor igual ou maior do que este não era registrado nas estações meteorológicas da capital desde 28 de julho de 1999, quando, naquele dia, a temperatura máxima atingiu os 37ºC.
Os meteorologistas do Sipam explicam que isto ocorreu por ser este um período de transição de eventos meteorológicos. “O fim do La Niña e a neutralidade das temperaturas das águas Oceano Pacífico próximo à costa do Peru e do Equador, em conjunto com águas oceânicas mais quentes nestes últimos dois meses, foram suficientes para que uma intensa massa de ar seco atingisse uma grande parte do Brasil central, incluindo Rondônia”, disse Luiz Alves. Segundo ele, a massa de ar seco foi responsável por altas temperaturas, baixa umidade e por dificultar a ocorrência de friagens significativas em Rondônia.
Este mesmo fenômeno foi responsável por outro acontecimento climático - julho foi o mais seco dos últimos 47 anos. O mês passado terminou com uma umidade média de 67,4% na Capital rondoniense, enquanto que o normal é que a umidade relativa neste mês fique entre 73% e 83%. Umidade tão baixa não ocorria em Porto Velho desde julho de 1961, quando naquela ocasião, registrou-se 65,5% de umidade relativa do ar.
O meteorologista Ranyére Nóbrega acrescenta que julho também registrou o menor valor de umidade do ar do ano, quando se observou o valor de 21 %. “Isto não acontecia neste período desde 1996, quando neste ano a umidade do ar chegou a 13%”, ressaltou.

Previsões

Para agosto, a previsão meteorológica é de tempo mais seco e mais quente. “A própria climatologia aponta para isso, uma vez que o mês de agosto é, historicamente, mais quente e mais seco que o mês de julho e não há indícios oceânicos-atmosféricos que este quadro venha a mudar”, disse o pesquisador.
O boletim climático da Amazônia, elaborado mensalmente pelo Sipam, indica que as chuvas estarão dentro do normal em Rondônia, Mato Grosso e Acre. “Vale ressaltar que o durante o mês de agosto, o volume de chuva ainda é pequeno, ou seja, chuvas dentro do normal significam volumes entre zero a 20 milímetros (mm) no Mato Grosso, zero a 50 mm em Rondônia, e 20 a 100 mm no Acre”, informou.
O meteorologista Luiz Alves diz que chuvas mais significativas só ocorrerão na próxima estação – o verão amazônico. A partir da primeira quinzena de setembro as chuvas começam a desaguar com mais frequência. Em outubro inicia a estação chuvosa, com tendência aos padrões normais.
Pela previsão do Sipam, o calor deve aumentar e as temperaturas máximas (registradas durante o dia) estarão acima do normal para o mês de agosto nos estados de Rondônia, Acre e Mato Grosso. As temperaturas mínimas (registradas na madrugada) ficarão abaixo do normal em agosto e setembro no Acre, sudoeste e sul dos estados de Rondônia e Mato Grosso. Nas demais regiões permanecem dentro dos padrões climatológicos. A partir de setembro, as temperaturas voltarão à normalidade.