domingo, 4 de março de 2012

Ficha Limpa I

'Ficha limpa é uma roleta russa. Fará vítimas para todo lado', diz Gilmar Mendes

'Ficha limpa é uma roleta russa. Fará vítimas para todo lado', diz Gilmar Mendes
"Gilmar Mendes acredita que Congresso terá de rever critérios e prazos de inelegibilidade "
Crítico de primeira hora da Lei da Ficha Limpa, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirma que o Congresso, passadas as eleições, terá de mudar o texto. 'Me parece que a Lei da Ficha Limpa vai causar vítimas em todos os partidos com essa amplitude. É uma roleta russa com todas as balas no revólver, feita pelos partidos ', diz.
Em entrevista ao Estado, Mendes defende enxugar os benefícios do Ministério Público que hoje são demanda do Judiciário, como licença-prêmio e auxílio-moradia, critica a falta de critério para os pagamentos de atrasados e afirma que a lei não permite a venda de férias pelos magistrados.
O ministro sugere ainda não ser possível, depois da decisão do STF sobre a Lei de Anistia, discutir a punição a militares, mesmo que a Comissão da Verdade venha a identificar responsáveis por crime s cometidos durante a ditadura militar. A seguir, os principais trechos da entrevista.
O Congresso deveria mudar a lei?
Me parece que a Lei da Ficha Limpa vai causar vítimas em todos os partidos com essa amplitude. É uma roleta russa feita pelos partidos com todas as balas no revólver. Ainda vamos ouvir falar muitas vezes da Lei da Ficha Limpa. Vamos ter muitas peripécias. Acredito que o Congresso, passado o momento eleitoral, terá que rever essa lei, porque são muitas as perplexidades. O Congresso terá de assumir a responsabilidade em face da opinião pública. O Congresso talvez venha a se conscientizar de que não pode ficar aprovando leis simbólicas.
Que problemas o senhor vê na lei?
Por exemplo, os prazos de inelegibilidade são elásticos e infindáveis. A inelegibilidade pela rejeição de contas de prefeitos, por exemplo, pelos tribunais de contas. Será que isso é bom? Nós sabemos que temos problemas hoje nos tribunais de contas. Há uma excessiva politização e partidarização dos tribunais de contas. Ou nós não sabemos disso?
O senhor considera que possa haver julgamentos direcionados?
Não devemos ser ingênuos a ponto de não imaginarmos que pode haver manipulação. Imaginemos que um político importante seja condenado em primeiro grau numa ação de improbidade. Alguém desconhece a pressão que haverá sobre o tribunal para julgar também nesse sentido e torná-lo inelegível? Pressão eventualmente política, inclusive. Quem conhece a estrutura de alguns tribunais sabe que isso pode ocorrer e vem ocorrendo.
O senhor citaria exemplos disso?
Lembre-se de episódios que foram revelados sobre a antiga composição do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro. O TRE do Rio foi o primeiro a sustentar a necessidade da Lei da Ficha Limpa. À falta de critérios, o tribunal ia os inventando. O que se diz hoje? Que determinados escritórios de advocacia conseguiam limpar a ficha das pessoas no TRE. Isso é objeto hoje de investigação no CNJ. Será que queremos reproduzir esse quadro?
O tribunal pode se deixar contaminar pela opinião pública no julgamento do mensalão?
Tenho a impressão de que não. A minha expectativa é de que isso não vai afetar, embora alguns discursos sugerindo esse tipo de atendimento da opinião pública, como no caso específico da Ficha Limpa, quase levariam no caso do mensalão a um tipo de juízo condenatório prévio. Tenho impressão de que todos nós estaremos conscientes de nossas responsabilidades.
O mensalão será julgado neste ano?
Tenho a impressão de que deveríamos julgar este caso. É um caso que onera o tribunal. Não temos mais justificativa para atrasos. O relator já apresentou o processo, o gabinete do ministro Lewandowski, que é o revisor, é um dos mais organizados do tribunal. Ele dispõe de condições inequívocas de trazer esse processo ainda neste semestre. Todos os ministros estão se debruçando sobre este caso. Portanto, não vejo justificativa para não julgar este caso logo.
O senhor acha que o foro privilegiado ajudou o trâmite desse processo?
Esse caso desmente a dita ineficácia do foro privilegiado. Qualquer sujeito minimamente alfabetizado sabe que esse processo complexo só está sendo julgado porque está num foro concentrado. Se estivesse espalhado por aí, teríamos tantos incidentes e habeas corpus que muito provavelmente isso não terminaria nem em 2099.
Mas o STF decidiu desmembrar o mensalão tucano. Mesmo sendo mais simples que o mensalão do PT, talvez não seja julgado neste ano. O tribunal errou?
O tribunal tem optado por essa visão minimalista. A posição que presidiu o caso do mensalão do PT parece razoável nesse sentido, porque são fatos que guardam conexão. Já tivemos casos de desmembramento que envolviam crime de quadrilha. Como fazer essa separação? Talvez estejamos aprendendo com esses equívocos. É claro que fascina sempre a ideia de desmembramento porque simplifica enormemente nossa tarefa de lidar com processos tão complexos e provas tão difíceis.
Ao julgar a Lei da Ficha Limpa, citou-se o anseio popular. Como o senhor. vê isso?
Não me preocupa a decisão em si sobre a Ficha Limpa tendo em vista esse alinhamento com a opinião pública. O que me preocupa são fundamentos nesse sentido de que o tribunal deva se curvar à opinião pública. Aí me parece extremamente preocupante, porque isso decreta o falecimento dos argumentos constitucionais. Foi aquilo que numa brincadeira disse: o papel do tribunal não é bater palma para maluco dançar. Nós estamos na rota errada quando um juiz diz que tem que atender a anseios populares.
Qual é o risco?
O risco é o tribunal perder a sua função de órgão de controle de constitucionalidade, de tutela dos direitos fundamentais. Essas maiorias que se formam no Congresso, muitas vezes, são ocasionais.
O senhor considera que isso ocorreu na votação da Ficha Limpa?
Olhando a Lei da Ficha Limpa, veremos que ela não teria esse aplauso que teve no passado se fosse votada hoje. Aquele foi um momento muito específico. Era um período pré-eleitoral, a maioria dos membros do Congresso concorreria às eleições e não queria ficar contra a opinião pública. Foi por isso, inclusive, que se produziu essa lei que é, do ponto de vista jurídico, um camelo. É uma lei mal feita. Quem passou por perto dela tem que ter vergonha. Quem trabalhou na sua elaboração tem que ter vergonha. Porque ela é uma lei extremamente mal feita. Não merece o nome de jurista quem trabalhou nessa lei. E o debate no STF serviu para mostrar isso.
Como o senhor analisa o pagamento vultoso de atrasados a juízes?
Esse acúmulo de vantagens gera até uma insegurança jurídica muito grande nos estados e deve debilitar as finanças estaduais. Não há clareza sobre qual é o numerário necessário para sustentar o judiciário local. Lembro-me que a presidente de um tribunal do Nordeste dizia que tinha créditos acumulados de férias em torno de R$ 600 mil. Eu não consegui entender. Isso não existe nos tribunais superiores.
O Estado mostrou que a proposta de uma resolução parada no CNJ poderia resolver essa questão.
Essa resolução esteve para ser aprovada creio na minha última sessão do CNJ. Talvez por acúmulo de pauta, ela não foi votada. Acredito que se impõe votá-la. Essa resolução já foi adotada pela Justiça Federal e pela Justiça do Trabalho. É uma resolução que dá segurança a todos. Hoje há uma suspeita que parte desses pagamentos decorre também de uma falta de critério dos índices de correção monetária, aos juros que eventualmente sejam impostos.
O senhor concorda com esse modelo: um juiz tenha 60 dias de férias, pode vender 30 dias e, passados anos, receber até meio milhão de reais em atrasados?
Em algum momento na história se estabeleceu os dois meses de férias. Mas a lei não estabelece a possibilidade de venda das férias. E o argumento da necessidade de 60 dias de férias briga com a possibilidade de venda.
Os magistrados argumentam que procuradores podem vender férias e licenças-prêmio.
No Ministério Público, a lei prevê os dois meses de férias e a possibilidade de venda, o que gera no Judiciário a busca desse paradigma. A jurisprudência do STF entende que, desde a Lei Orgânica da Magistratura, não há que se falar em licença prêmio. A despeito disso alguns tribunais mantêm a licença prêmio e aceitam a venda. Tudo isso gera esse acúmulo. A magistratura não se devia raciocinar tentando incorporar os benefícios do MP, mas defender a supressão dos benefícios do MP, benefícios que não são condizentes com a atual cultura institucional.
O senhor defende mudanças?
Vamos ter, em algum momento, que conversar com a alguma tranquilidade em relação a isso. Na minha gestão eu já tinha defendido a superação desse modelo de dois meses de férias.
Como o senhor analisa o debate em torno da criação da Comissão da Verdade sobre punição aos responsáveis por crimes cometidos durante a ditadura militar?
Não vou me pronunciar sobre isso. É uma discussão que tem que se travar no âmbito próprio. A mim me parece que o Supremo deu um equacionamento adequado no debate sobre a Lei de Anistia ao dizer que esse modelo de anistia fez parte do processo constituinte, não decorre da Lei de Anistia, fez parte da constituinte. A emenda que convoca o processo constituinte e que dá legitimidade à Constituição de 88 estabeleceu esse modelo de anistia. Parece que isso responde a questão que está colocada.
Decisões do STF desde o início do ano vão ao encontro do manifestado pela opinião pública. O STF está alinhado com a opinião pública? Está havendo essa preocupação?
A missão do tribunal na defesa dos direitos fundamentais muitas vezes pode ser marcadamente contra-majoritária em relação à opinião pública ou às posições dominantes no Congresso. Nós vimos várias decisões que o tribunal tomou nesse sentido: os processos criminais em geral, como a súmula das algemas, a progressão de regime em crimes hediondos, os habeas corpus todos, como o caso Daniel Dantas, união estável homoafetiva, fidelidade partidária. Essa é um pouco a missão do tribunal em relação aos direitos fundamentais. Isso não significa que o STF tenha que estar contra a opinião do Congresso ou tenha que estar sistematicamente contra a opinião pública. Mas é fundamental dizer que, se for necessário, o tribunal tem que adotar essa postura.
Em casos recentes, ministros têm sugerido acréscimos ou mudanças nas leis em julgamento, mesmo não sendo julgadas inconstitucionais. Está havendo algum exagero?
Eu tenho me preocupado um pouco com a questão técnica em geral, tanto que tenho chamado a atenção para aspectos pontuais. A invocação da interpretação conforme (interpretar a lei para adequá-la à Constituição) tem servido para uma série de imprecisões. Muitas vezes não se trata de esclarecer a interpretação de acordo com a Constituição. Muitas vezes serve para fazer acréscimos à legislação. Me parece que aqui houve uma certa confusão geral, um certo facilitário. É preciso ter muito cuidado para que a gente não perca a legitimação técnica.
Por quê? - Se nós começarmos a extravasar, o Congresso também vai se sentir estimulado daqui a pouco a revogar as nossas decisões.
Alguns ministros dizem simplesmente que uma lei não é razoável ou proporcional e sugerem mudanças. Há um certo voluntarismo?
Não diria que isso contamina as decisões. Mas às vezes há algumas invocações gratuitas em um ou outro voto. O risco é a mera invocação da proporcionalidade e da razoabilidade para justificação posições pessoais.

Fonte:O Estadão





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Ficha limpa

107 políticos fora das eleições

por Christina Santos - Política (diariodamanha) - ontem às 09h46
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A de­cisão do Tri­bunal Su­pe­rior Elei­toral (TSE) de im­pedir can­di­da­tura a cargos mu­ni­ci­pais este ano de po­lí­ticos que ti­veram as contas re­jei­tadas pela Jus­tiça Elei­toral nas elei­ções de 2010 pode tirar da dis­puta, se qui­serem plei­tear cargos em Goi­ânia, nomes co­nhe­cidos, como o ex-pre­feito de Se­nador Ca­nedo Van­derlan Car­doso (PMDB), da ex-can­di­data a go­ver­na­dora Marta Jane (PCB) e do de­pu­tado es­ta­dual Fre­de­rico Nas­ci­mento (PSB). Além deles, os ex-de­pu­tados es­ta­duais Frei Val­dair de Jesus (PTB), Ivan Or­nelas (PMDB), Wagner Gui­ma­rães (PMDB), o cantor e ex-can­di­dato a se­nador Renner e o ex-ve­re­ador Mar­ti­niano Ca­val­cante (PSTU) também podem ser con­si­de­rados ine­le­gí­veis, se­gundo lista do Tri­bunal Re­gi­onal Elei­toral (TRE-GO).
O TSE votou na quinta-feira a re­so­lução sobre a pres­tação de contas nas elei­ções mu­ni­ci­pais de 2012. Quatro dos três mi­nis­tros de­ci­diram que, para con­se­guir o re­gistro de can­di­da­tura na dis­puta mu­ni­cipal deste ano, será obri­ga­tória a apro­vação das contas elei­to­rais dos po­lí­ticos para a ob­tenção da cer­tidão de qui­tação elei­toral. Antes, era ne­ces­sário so­mente a apre­sen­tação de com­pro­vante da exi­gência.
“O can­di­dato que foi ne­gli­gente e não ob­servou os di­tames le­gais não pode ter o mesmo tra­ta­mento da­quele ze­loso que cum­priu com seus de­veres. Assim, a apro­vação das contas não pode ter a mesma con­sequência da de­sa­pro­vação”, disse a mi­nistra Nancy An­drighi ao apre­sentar seu voto-vista na sessão. Se­gundo ela, 21 mil po­lí­ticos se en­qua­dram nesta si­tu­ação, mas a ine­le­gi­bi­li­dade não é au­to­má­tica. Re­pro­va­ções an­te­ri­ores a 2010 pre­cisam ser ana­li­sadas caso a caso.
Se as contas forem re­jei­tadas, o can­di­dato não po­derá con­correr às elei­ções. O re­gistro de can­di­da­tura de po­lí­ticos com contas a serem ana­li­sadas e que te­nham re­cor­rido ao TSE pode ser feito, de­pen­dendo do pa­recer dado pelos ór­gãos com­pe­tentes. Os can­di­datos são obri­gados a apre­sentar à Jus­tiça Elei­toral, no final das elei­ções, o ba­lanço do que foi gasto e ar­re­ca­dado por eles, pelo par­tido e pelo co­mitê fi­nan­ceiro. Em caso de ir­re­gu­la­ri­dades, a pres­tação de contas é re­pro­vada.
A con­cessão da qui­tação para os po­lí­ticos será ana­li­sada in­di­vi­du­al­mente, e não há tempo de­ter­mi­nado de im­pe­di­mento da can­di­da­tura, ou seja, se a Jus­tiça Elei­toral de­morar para julgar, o can­di­dato po­derá dis­putar. A re­so­lução an­te­rior proibia o re­ce­bi­mento do do­cu­mento du­rante todo o curso do man­dato ao qual con­correu. A apli­cação da re­so­lução teve voto fa­vo­rável das mi­nis­tras Nancy An­drighi, Carmen Lúcia, do mi­nistro Marco Au­rélio e do pre­si­dente da Corte, Ri­cardo Lewan­dowski.
A de­cisão do TSE é mais uma pre­o­cu­pação para os can­di­datos às elei­ções. O Su­premo Tri­bunal Fe­deral (STF) aprovou, em 16 de fe­ve­reiro, a Lei da Ficha Limpa. A mai­oria dos mi­nis­tros deu pa­recer fa­vo­rável à ine­xi­gi­bi­li­dade para can­di­datos con­de­nados, em de­cisão tran­si­tada em jul­gado ou pro­fe­rida por órgão ju­di­cial co­le­giado, por crimes contra a eco­nomia po­pular, a fé pú­blica, a ad­mi­nis­tração pú­blica e o pa­trimônio pú­blico; contra o pa­trimônio pri­vado, o sis­tema fi­nan­ceiro, o mer­cado de ca­pi­tais e os pre­vistos na lei que re­gula a fa­lência; e contra o meio am­bi­ente e a saúde pú­blica.
Além disso, os in­te­res­sados em dis­putar as elei­ções que te­nham co­me­tido crimes elei­to­rais para os quais a lei impõe pena pri­va­tiva de li­ber­dade; de abuso de au­to­ri­dade, nos casos em que houver con­de­nação à perda do cargo ou à ina­bi­li­tação para o exer­cício de função pú­blica; de la­vagem ou ocul­tação de bens, di­reitos e va­lores; de trá­fico de en­tor­pe­centes e drogas afins, ra­cismo, tor­tura, ter­ro­rismo e he­di­ondos; de re­dução à con­dição aná­loga à de es­cravo; contra a vida e a dig­ni­dade se­xual; e pra­ti­cados por or­ga­ni­zação cri­mi­nosa, qua­drilha ou bando também serão de­cla­rados ine­le­gí­veis.
NOVAS RE­GRAS
Além da de­fi­nição das re­gras do ba­lanço de contas elei­to­rais, foram vo­tadas a res­trição da di­plo­mação de po­lí­ticos que en­ca­mi­nharem a pres­tação fora do prazo (entre 6 de agosto e 6 de se­tembro), exi­gência de re­que­ri­mento do re­gistro de can­di­da­tura ou do co­mitê fi­nan­ceiro para o início da ar­re­ca­dação de re­curso e Ca­dastro Na­ci­onal de Pessoa Ju­rí­dica (CNPJ) e conta ban­cária es­pe­ci­fi­ca­mente des­ti­nada a re­gis­trar a mo­vi­men­tação fi­nan­ceira de cam­panha.
Fonte: Diário da Manhã
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O melhor de tudo

Eta buchada arretada!



Comer buchada de bode no Nordeste virou uma espécie de vestibular para os candidatos à Presidência da República que percorrem a região em busca de votos. Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro submetido ao teste, em 1994, na cidade pernambucana de Petrolina, e ficou famoso por isso. Justiça seja feita, enfrentou a buchada com galhardia. 'Gostei', afirmou ele. Deve ter pensado: 'Já passei por situações piores'. Em Delmiro Gouveia (AL), precisou se equilibrar no lombo de um jegue. Em Caruaru (PE), fizeram-no ensaiar passos de forró - e aí por diante. A buchada lhe trouxe sorte. Fernando Henrique conquistou milhões de votos no Nordeste e ganhou dos eleitores brasileiros o direito de morar por dois mandatos no Palácio da Alvorada.
Lula fez o mesmo, mas para ele o teste não deveria valer. Pernambucano de Caetés, conhecia a buchada desde a infância, tão familiar ao seu paladar sertanejo quanto o sarapatel e o baião de dois. Dilma Rousseff, que é mineira, experimentou o prato a conselho de Lula, que lhe afirmou ser 'a melhor coisa do mundo'. Depois de saboreá-lo, balançou. 'Não considero a coisa que mais gostei', comentou Dilma. 'Mas não achei ruim.' No seu caso, a buchada também funcionou.
Há pratos que, até mesmo como teste de brasilidade, todos nós precisamos encarar. A buchada é um deles. Trata-se de uma das receitas mais antigas do País. Tem aroma forte e sabor marcante. Mas as opiniões a seu respeito conflitam. Alguns a veneram, outros a abominam. Não há meio-termo. As rejeições se devem principalmente ao nome tosco, aos ingredientes que incorpora e à falta de cuidados higiênicos de alguns poucos cozinheiros.
Existem diferentes receitas de buchada, todas de sustança. Na prática, é um embutido feito com o estômago do bode ou carneiro (daí seu nome) lavado com limão e sal, passado na água corrente, recheado com miúdos (rins, coração, fígado), sangue coalhado, tripas, língua, com tempero de sal, hortelã, salsinha, louro, cominho, alho, cebola. Costurado com linha branca, vira uma trouxa que requer no mínimo cinco horas de cozimento em caldo enriquecido e fogo brando.
'A verdadeira buchada, do tempo antigo, exige ciência de tempero e quase instituições misteriosas de cálculo', afirma Luís da Câmara Cascudo, no Dicionário do Folclore Brasileiro (Global Editora, São Paulo, 2000). 'É preciso prever a hora do almoço, para que esteja no ponto e não requentada. Só é servida a buchada ao almoço.' Antes de saboreá-la, toma-se um cálice de cachaça, chamado de 'abrideira', para atiçar o apetite; ao terminar, bebe-se outro, a 'saideira', para facilitar a digestão. Harmoniza-se a buchada com arroz branco ou um pirão que aproveita o caldo do cozimento. Não confundi-la com a dobradinha (o estômago do boi cortado em tiras), mais ou menos ensopada.
A buchada é uma das contribuições portuguesas à cozinha brasileira. Para os estudiosos da gastronomia, como a recifense Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti, autora do indispensável História dos Sabores Pernambucanos (Fundação Gilberto Freyre, Recife, 2009), descende dos maranhos à beirã e da Sertã, ainda denominados molhinhos, borlhões, burunhões ou saquinhos, que vêm a ser embrulhinhos feitos com bucho de cabrito ou de carneiro, recheados de carne, cebola, presunto e condimento de hortelã e colorau. É típica das Beiras, região que abrange a alta Serra da Estrela, os pântanos salgados de Ria do Aveiro e cidades como Figueira da Foz e Coimbra.
Curiosamente, na freguesia de Envendos e no concelho de Idanha-a-Nova, como mostra Maria de Lourdes Modesto, em Cozinha Tradicional Portuguesa (Editorial Verbo, Lisboa/São Paulo, 1982), são preparadas duas receitas assemelhadas, mas com estômago de porco, conhecidas por bucho recheado. Portanto, o que não falta à receita nordestina é pedigree. Quem nunca passou pelo teste não sabe o que está perdendo...






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Principal desafio para combater a tuberculose é reduzir o número de pacientes que abandonam o tratamento

Embora a taxa de incidência da tuberculose venha caindo no país nas últimas décadas – atualmente é de 37,7 casos para 100 mil habitantes – ainda morrem a cada ano cerca de 4.800 brasileiros em função da doença, na maior parte das vezes porque o paciente não concluiu o tratamento.

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Sudeco deve investir R$ 6 bi em Goiás



Goiânia - O diretor-superintendente da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste, Sudeco deve investir R$ 6 bi em GoiásMarcelo Dourado, apresentou hoje ao governador Marconi Perillo, em Brasília,   o plano de investimentos da Sudeco, que prevê para este ano aporte de R$ 6 bilhões. A prioridade para os próximos anos, segundo Marcelo Dourado, são investimentos em logística e infraestrutura.

Marcelo Dourado informou ao governador que a licitação para implantação de transporte de passageiros, por meio de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), na já existente linha férrea que hoje liga Luziânia a Brasília, deve ocorrer até novembro deste ano, com entrada em operação em novembro de 2013. Atualmente, a ferrovia só é utilizada para transporte de cargas.

Trem - Outra obra prioritária, mas a médio e a longo prazos, é a implantação de um trem de média velocidade ligando Brasília-Anápolis-Goiânia.  Marcelo disse que o estudo de viabilidade técnica e de impacto ambiental deve ocorrer ainda este ano, mas a previsão é que obra seja concluída daqui a sete anos. Marconi reafirmou na reunião que ele e o governador de Brasília, Agnelo Queiroz, acordaram destinar integralmente os recursos do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste para a construção da ferrovia. “Não é trem bala, é trem de média velocidade”, assinalou Dourado.

O governador também pediu apoio do presidente da Sudeco na defesa de um PAC específico para o Entorno de Brasília e investimentos em obras de saneamento básico, principalmente nas cidades da região com maiores problemas no tratamento de resíduos sólidos – Cidade Ocidental, Valparaíso e Novo Gama, as três integrantes da Ride. Mais informações: (62) 3216.4554 

FONTE: GOIÁS AGORA






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Código Florestal será votado definitivamente na terça-feira

A primeira batalha a ser enfrentada pelos defensores do texto será com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que já se manifestou contrária à proposta da forma como saiu do Senado. Os cientistas da SBPC querem mudanças na matéria e o veto de alguns trechos colocados pelo senador Jorge Viana (PT-AC) – que foi o relator do projeto no Senado.

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Livros infantis para deficientes visuais são distribuídos a escolas e bibliotecas públicas do país

A primeira tiragem dos livros, de 35 mil exemplares, teve o apoio de empresas privadas. Os autores e ilustradores tiveram a orientação dos profissionais especializados da fundação para criar histórias e desenhos que pudessem ser reproduzidos com letras ampliadas em braille e imagens divertidas em relevo, para permitir que crianças cegas e com baixa visão lessem livros.

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Taxa de adesão ao hábito de lavar as mãos é maior só em um terço dos hospitais

Dos 901 hospitais com dez ou mais leitos de unidade de terapia intensiva participantes da pesquisa, em 85 deles a adesão é maior que 70%, percentual considerado ideal por especialistas. Em 130 instituições, a taxa varia de 40% a 70%.

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Evangélicos trazem ao debate possibilidade de "curar" homossexuais com discussão de proposta de lei

Trata-se de um projeto de decreto legislativo que tem por objetivo abolir dois dispositivos aprovados em 1999 pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Um das normas contestadas pelo Legislativo veta a participação dos psicólogos em atividades públicas que reforcem preconceitos sociais. Além disso, o projeto apresentado pelos evangélicos tem o objetivo de suprimir o parágrafo único da resolução do conselho que diz que “os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”

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Projeto Rondon recebe até 30 de março inscrições para próxima ação em municípios isolados

As instituições que participam pela primeira vez deverão realizar cadastro no sistema. No momento da inscrição, serão pedidos o comprovante de credenciamento como instituição de ensino superior nas instâncias competentes e a relação dos projetos de extensão desenvolvidos. Entidades que participam do projeto desde julho de 2011 deverão utilizar o mesmo login e senha para o envio das propostas de trabalho. As propostas deverão ser enviadas pelo site www.defesa.gov.br/projetorondon.

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