Durante a 2ª Oficina Pré-Seca, em Rio Branco (AC), o Sipam apresentou as análises das queimadas nos três Estados. Os dados são de 2007 e revelam que Rondônia e Acre reduziram a quantidade de queimadas, mas Mato Grosso registrou um aumento de 54,7%.
Rio Branco ((Ascom/Sipam/CTO Porto Velho) - O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) divulgou ontem (11), primeiro dia da 2ª Oficina Pré-Seca, seu relatório sobre focos de calor registrados no ano de 2007 em Mato Grosso, Rondônia e Acre. Pela análise, Mato Grosso teve 54,7% mais focos de calor em 2007 que os registrados em 2006. Já Rondônia e Acre tiveram reduções. No ano passado, Mato Grosso teve 20,08 focos de calor a cada 10 quilômetros quadrados, Rondônia teve 11,84 e Acre, 2,24.
Os focos de calor, dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), são identificados por imagens geradas por satélites orbitais de monitoramento e indicam onde ocorreram queimadas, bem como as áreas afetadas. Na análise feita pelo Sipam, usou-se o cruzamento de dados para gerar vários tipos de abordagem, detectando-se dados sobre os focos de calor por município, tipo de área afetada, localização com relação às estradas e correlação com as áreas desmatadas em anos anteriores.
Nos três Estados, o período de seca é uma ameaça à propagação do fogo. Por esta razão, a 2ª Oficina Pré-Seca tem por objetivo traçar estratégias de ação dos vários órgãos públicos responsáveis pela prevenção e fiscalização das queimadas.
Mato Grosso
Em Mato Grosso, os dados do relatório do Sipam apontam o aumento de 54,7% no número de focos de calor de 2007, em comparação com 2006. No ano passado ocorreram 181 mil focos de calor, aproximadamente. Em 2006 os números eram de 117 mil.
Os municípios mato-grossenses que mais tiveram focos de calor em 2007 foram: Vale de São Domingos (6.530 focos de calor), Santo Afonso (5.716), Vila Rica (5.196), Nova Ubiratã (4.895) e União do Sul (4.892).
Na análise da densidade das queimadas por município, que leva em conta a quantidade de focos de calor registrados a cada 10 quilômetros quadrados, o ranking ficou na seguinte ordem: Santo Afonso, com 486 focos de calor; Ribeirãozinho, com 463 focos; Indiavaí, 373; São Pedro da Cipa, 367; e Vale de São Domingos, 340.
No relatório de queimadas elaborado pelo Sipam também consta que os assentamentos de Reforma Agrária registraram 11% do total de focos de calor de 2007. Os assentamentos que mais tiveram queimadas foram: Tapurah/Tanhangá (1.514 focos), Confresa/Roncador (1.366), Mercedes Benz 1 e 2 (1.175), Tibagi (987) e Macife (968). As terras indígenas (TI) totalizaram 9% dos focos de calor de Mato Grosso, sendo que a TI Maraiwatsede teve 2.020 focos; TI Pimentel Barbosa, 1.829; e TI Areões, 1.787. Já as Unidades de Conservação contribuíram com 4% dos focos de calor, sendo os destaques para a Área de Preservação Ambiental (APA) Meandro do Rio Araguaia (2.370 focos de calor) e o Parque Estadual Araguaia (1.594).
No cruzamento do mapa de focos de calor de 2007 com o tipo de área afetada, constatou-se que 44% das queimadas ocorreram em áreas de manejo sustentável e 21% em áreas que deveriam ser recuperadas.
Já na análise que utiliza os dados oficiais de desmatamento (Prodes), verificou-se que 29% dos focos de calor ocorreram em florestas, 12% em áreas já desmatadas até 2005 e 1% em áreas desmatadas em 2006.
Quanto à proximidade do fogo nas estradas, verificou-se o seguinte: 50.187 focos de calor estavam distantes até dois quilômetros das vias terrestres; 58.067 ocorreram entre dois e cinco quilômetros de distância das estradas; 31.461 focos de calor foram registrados entre cinco e dez quilômetros; 11.066 ocorreram 10 e 20 quilômetros, e 1.149 focos ficaram a mais de 20 quilômetros de distância.
Acre
No Acre, em 2007, ocorreram aproximadamente 3,4 mil focos de calor, número inferior ao registrado em 2006 (4.200 focos). Os municípios que mais tiveram queimadas foram Sena Madureira (507 focos de calor), Rio Branco (332), Feijó (323), Acrelândia (281) e Brasiléia (231). Na análise feita pelo Sipam que considera o número de focos de calor com relação ao tamanho do município, o ranking foi: Acrelândia (16,6 focos de calor a cada 10 quilômetros quadrados), Capixaba (8,3), Brasiléia (6,3), Porto Acre (5,8) e Plácido de Castro (5,7).
Segundo o relatório apresentado pelo Sipam, os assentamentos da Reforma Agrária registraram 39% dos focos de calor do ano de 2007. Os assentamentos Pedro Peixoto e Boa Esperança foram os que mais se destacaram, com 294 e 172 focos de calor, respectivamente. As unidades de conservação contribuíram com 11% das queimadas – a Resex Chico Mendes teve 131 focos de calor e a Floresta Estadual Antimary, 78 focos. As terras indígenas acreanas registraram apenas 1% das queimadas no período.
Com o cruzamento dos dados de focos de calor e o tipo de área queimada, constatou-se que 46% ocorreram em áreas de manejo florestal, 12% em áreas protegidas e 6% em regiões que deveriam ser recuperadas.
Já a correlação dos focos de calor e os dados oficiais de desmatamento (Prodes) registrou-se que 62% das queimadas foram em florestas, 27% em áreas já desmatadas até 2005 e apenas 1% em áreas desmatadas recentemente, em 2006.
Quanto à proximidade do fogo em relação às estradas acreanas, verificou-se o seguinte: 1.572 focos de calor ocorreram na faixa de terra distante até dois quilômetros das vias terrestres; 608 ocorreram entre dois e cinco quilômetros de distância das estradas; 302 focos de calor foram registrados entre cinco e dez quilômetros; 305 ocorreram 10 e 20 quilômetros, e 659 focos ficaram a mais de 20 quilômetros de distância.
Rondônia
O Estado de Rondônia já havia recebido os dados do relatório do Sipam em abril deste ano. Os dados apontaram a redução de 47% no número de focos de calor em 2007, em comparação com 2006. Os satélites captaram 53 mil focos de calor. Em 2007 o número foi de aproximadamente 28 mil.
Em números absolutos, os cinco municípios que mais tiveram focos de calor em 2007 foram: Porto Velho (5.352 focos), São Francisco do Guaporé (2.255), Costa Marques (2.122), Nova Mamoré (1.857) e Machadinho do Oeste (1.432).
Já em termos proporcionais, considerando a relação entre o tamanho do município e a quantidade de focos de calor, os campeões foram: São Francisco do Guaporé, Costa Marques, Buritis, Cujubim e Alto Paraíso. Nesta relação proporcional, Porto Velho cai para a 12ª posição no ranking de municípios com mais queimadas. Já São Francisco do Guaporé registrou proporcionalmente um índice muito elevado, tendo quase dez vezes mais focos de calor que o segundo colocado, Costa Marques.
O relatório aponta que 19% das áreas com queimadas estão em projetos de assentamento. Destes, os cinco assentamentos que mais tiveram focos de calor são: Conceição (em Costa Marques), Pau D'arco (Porto Velho), Renascer (em Cujubim), Gogó da Onça (São Francisco do Guaporé) e Igarapé Azul (Nova Mamoré).
Já as unidades de conservação federais e estaduais representaram 12% dos focos de calor registrados em 2007. A Floresta Nacional (Flona) do Bom Futuro, nos municípios de Porto Velho e Buritis, teve 1.208 focos de calor. A Reserva Extrativista (Resex) Rio Jaci-Paraná, localizada na divisa dos municípios de Porto Velho, Buritis e Nova Mamoré, teve 1.018 focos de calor. Estas unidades de conservação são fiscalizadas pelo Ibama e Sedam, respectivamente.
As terras indígenas tiveram 2% dos focos de calor registrados no ano passado. As que mais tiveram queimadas foram: Massako (150 focos de calor), Uru Eu Wau Wau (133) e Karipuna (106). A soma das duas primeiras representou 58% dos focos de calor registrados em terras indígenas.
O relatório de focos de calor também fez um cruzamento entre as áreas afetadas pelo fogo e o Zoneamento Sócio Econômico e Ecológico (ZEE). O resultado constatou que 68% dos focos de calor aconteceram em áreas de uso agrícola e 18% em áreas de conservação e de manejo florestal.
Pela análise dos dados das queimadas, há uma relação direta entre fogo e estradas. Segundo o relatório, quanto mais próxima da malha viária, maior a incidência de focos de calor. As queimadas com distância de até dois quilômetros das estradas contabilizaram 19.972 focos de calor, o que representa 67% do total analisado. Entre dois e cinco quilômetros de distância das estradas, foram 6.116 focos registrados, perfazendo 20,6%. De cinco a dez, 2.149 focos de calor. Já de dez a vinte quilômetros, foram registrados 832 focos e acima de 20 quilômetros de distância das estradas, 587 focos.