*Prof. Felipe Aquino
Nós não pudemos escolher nosso pai e nossa mãe. Mas, Jesus pôde. Isso porque antes de ser gerado no seio da Virgem Maria Ele já existia no seio do Pai Eterno. Quando chegou a hora de sua Encarnação para a salvação do mundo, que fora criado por meio dele, então, escolheu uma Mãe que lhe gerasse na carne, por obra do Espírito Santo, e um Pai que lhe fizesse na terra o lugar do Pai do Céu; escolheu o justo José.
Certamente, o Verbo escolheu a melhor Mulher e o melhor Homem disponíveis “na plenitude dos tempos” para serem seus pais. Quando José quis abandonar Maria, vendo-a grávida milagrosamente, e não se achando digno de conviver com ela, quis deixá-la. O Anjo, em sonho, por ordem divina, lhe impediu que partisse. Então, o bom José obedeceu e aceitou Maria como esposa e o Filho de Deus como seu Filho. O melhor Filho teve o melhor Pai na terra.
José viveu para Deus, para a Esposa e para o Menino. Se anulou para servir ao Senhor. Sem dúvida, um exemplo de pai e de esposo. Depois de uma longa caminhada, ele viu o Menino divino nascer em gruta fria. Logo o tomou em seus braços e o acalentou. Que privilégio! A criatura se faz pai do Criador e o toma nos braços! Depois, para cumprir as Escrituras e a justiça, circuncida o Menino ao oitavo dia e lhe dá o Nome sagrado: Jesus, conforme o Anjo lhe ordenara.
Aos quarenta dias foi ao Templo apresentar o Menino, o Primogênito que deveria ser consagrado a Deus, e ouviu o velho Simeão dizer que o Menino seria um “Sinal de Contradição” e que o coração de sua Mãe seria transpassado por uma espada de dor. O bom José apenas ouviu aquelas palavras, meditou, rezou e ofereceu tudo a Deus. Estava ali apenas para servir ao Senhor como Pai nutrício do grande Menino.
Em seguida, por ordem do Anjo, mensageiro de Deus, fogiu para o Egito com a Esposa. Foi para uma terra longínqua, atravessando o deserto do Sinai, sem reclamar, sem se lamentar, dando graças a Deus por salvar a vida do Menino das garras assassinas de Herodes. O que mais importava era seu Filho. Passado o perigo, voltou para Nazaré, para a sua humilde oficina de carpinteiro, onde iria continuar sustentando a Mãe e o Filho.
Com José, Jesus aprendeu a missão redentora e silenciosa do trabalho. Com ele, o Filho aprendeu a rezar, a cantar os Salmos, a dar glória a Deus, a viver a justiça e o amor a todos os homens. Na ‘escola’ de José, o Menino foi amado, educado, preparado para ser um dia imolado para salvar a humanidade.
São Bernardo, doutor da Igreja, disse: “Humildade sem exemplo é que um Deus obedeça a um homem; mas ver que um homem mande em um Deus, é uma glória sem par”. São José foi como um instrumento útil e nobre que se utiliza para o trabalho, mas que depois se deixa de lado, sem reclamar. Sua vocação foi, ao contrário dos Profetas e de João Batista, a de ocultar a Luz divina aos olhos do mundo, até o momento oportuno de Deus aparecer. Ele protegeu e ocultou a divindade do Senhor, e depois se diluiu como uma sombra. Ele foi na terra a “sombra do Pai Eterno”, a quem substituiu na terra diante do Seu Unigênito encarnado.
Em sua casa habitava o Messias, o Salvador do mundo. Mas São José nunca se vangloriou disso. Quis sempre se conservar oculto; foi verdadeiramente humilde. E quando vieram os dias gloriosos e cheios de milagres para Jesus, José já não estava neste mundo. Toda a vida do Santo foi, portanto, um período contínuo de vida interior. Foi modelo de humildade. A luz de São José não apareceu aos homens; foi como um suave perfume que todos sentem sem saber de onde vem. E continua, ainda hoje, a perfumar a Igreja de Deus. Ele não viveu para si mesmo, mas para o Menino e para a Sua Mãe.
* Prof. Felipe Aquino é teólogo e apresentador dos programas Escola da Fé e Trocando idéias, na TV Canção Nova (www.cancaonova.com)
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