Maioria dos casos tem origem desconhecida
Goiânia - (Antéro Sóter - Diário da Manhã) - Uma doença não contagiosa, o câncer pode ser definido
como um grupo de mais de 100 doenças que se caracterizam pelo crescimento
descontrolado de células anormais, chamadas de malignas. O coordenador de
Câncer de Base Populacional, da Associação de Combate ao Câncer de Goiás
(ACCG), médico-cirurgião de cabeça e pescoço José Carlos de Oliveira (53)
lembra que, "por vezes essas células anormais podem migrar e invadir
tecidos e órgãos em diversas regiões do corpo, originando tumores em outros
locais. Quando isso ocorre dizemos que houve metástase", diz.
Segundo ele, com uma divisão celular muito rápida e
incontrolável, as células cancerosas costumam ser agressivas, determinando a
formação de tumores malignos e constituindo um risco de vida para o paciente.
"Por outro lado, o tumor benigno se caracteriza por ser apenas um acúmulo
de células que se dividem muito lentamente, sem causar maiores agressões ao
indivíduo", explica.
Doutor José Carlos lembra que a maioria dos tipos de
câncer tem suas causas ainda desconhecidas, mas 90% dos casos de câncer estão
relacionados a fatores ambientais, como cigarro (câncer de pulmão), excesso de
sol (câncer de pele), alguns tipos de vírus (leucemia), hábitos alimentares
(câncer de mama, câncer de próstata, câncer de esôfago, câncer de estômago,
câncer no intestino grosso), alcoolismo (câncer de esôfago, câncer da cavidade
bucal), hábitos sexuais (câncer de colo uterino), medicamentos (câncer de
bexiga, leucemias, câncer de endométrio), cânceres provocados por exposições
ocupacionais, etc.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os
mais comuns são os de pulmão, mama, colo-retal, estômago e fígado, que juntos
respondem por quase metade dos novos casos de câncer que surgem no mundo a cada
ano. "Mas o que é essa doença que assusta tanta gente?", indaga o
médico do Hospital Araújo Jorge, da ACCG e ele mesmo responde: "O câncer
pode aparecer em praticamente qualquer parte do corpo, quando uma célula sofre
mutações e passa a se dividir descontroladamente. Essas células doentes são
capazes de induzir a formação de novos vasos sanguíneos para se alimentar e,
quando atingem a fase chamada metástase, usam esses caminhos abertos para se
espalhar pelo resto do corpo".
Pessoas que têm histórico de câncer na família, de acordo
com o doutor José Carlos, podem ou não desenvolver a doença, mas há alguns
tipos de câncer, como o de mama, estômago e intestino, que podem ter influência
genética. Atualmente o câncer é a segunda causa mortis no Brasil, perdendo
apenas para doenças cardiovasculares. A letalidade do câncer, ou seja, sua
capacidade de matar, depende de vários fatores. "Primeiro, das
características do próprio câncer, como a rapidez com que ele cresce e invade
tecidos e órgãos", diz ele.
Especialistas do Instituto Nacional do Câncer (Inca)
revelam que, atualmente, os cientistas têm investido em duas grandes áreas em
busca de uma cura definitiva para a doença. Uma linha de pesquisa aposta na
tentativa de cortar o suprimento de sangue do câncer, matando as células
doentes por falta de alimentos. Outra trabalha com a ideia de estimular o
sistema imunológico do paciente, ajudando o organismo a reconhecer as células
cancerosas para eliminá-las.
O cirurgião da ACCG os tipos mais comuns em homens e
mulheres. O câncer de pele pode incidir em pessoas de ambos os sexos. Mas o
homem está mais susceptível ao câncer de próstata, pulmão, estômago e colo
(intestino), enquanto que as mulheres são mais vulneráveis ao câncer de mama,
útero, cólon e tireoide. "No homem, os tumores sólidos são os mais
agressivos", garante o médico.
Para o doutor José Carlos, o que tem se observado nos
últimos tempos é que, entre as mulheres, o câncer de útero tem sido
diagnosticado mais precocemente devido ao Exame Papanicolau, que é feito nos
centros de saúde através do Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do
Útero e de Mama (Siscolo/Sismama), do Ministério da Saúde. "Um fator
interessante é que os dois tipos (útero e mama) se diferem por classe social e
financeira. Enquanto o câncer de útero é diagnosticado mais em mulheres das
classes mais baixas, o de mama se dá, em maior escala, nas de alto poder
aquisitivo", revela.
Entre os homens, o tipo de câncer diagnosticado com maior
rapidez é o de próstata devido ao exame de Dosagem do Antígeno Prostático
Específico (PSA) que tem colaborado, segundo o médico do ACCG, no seu
diagnóstico desde 1998. No caso desse tipo de câncer, segundo o doutor José
Carlos, não existe distinção de classe ou raça. "Ele pode ser
diagnosticado em homens de todas as classes sociais", garante.
ESTATÍSTICAS
A Associação de Combate ao Câncer de Goiás, de acordo com
o médico José Carlos, não tem, ainda, números precisos de casos de câncer no
Estado. No entanto, um estudo em fase de finalização pela Coordenação de Câncer
de Base Populacional da ACCG mostra números referentes a 2010. Segundo o doutor
José Carlos há registro de que cerca de 7 a 8 mil casos em Goiânia, o que seria
um caso de "incidência média".
Esses números, ainda segundo o doutro José Carlos,
mostram que o caso do césio 137 não tem representação na incidência de câncer
na capital goiana. "Fosse assim, teríamos números bem mais alarmantes. Os
atingidos pelo césio 137 têm acompanhamento de um grupo especializado e se
tivesse o registro de casos de câncer entre estas famílias, nós teríamos a
informação. Não tem nada a ver. O césio não influenciou em nada", garante
ele.
O oncologista Osterno
Queiroz, concorda com a posição de José Carlos, em relação ao Césio 137. “Ele é
um elemento físico e radioativo, de baixa penetração na pele. Para que causasse
câncer em toda ou grande parte da população, essas pessoas deveriam estar em
contato direto com o Césio, o que não aconteceu. Já quem teve esse contato,
realmente pode ter várias complicações. O problema de termos um índice alto da
doença no estado está relacionado ao número de pessoas mais velhas. Há vinte
anos a população era jovem, hoje não, essas pessoas envelheceram, o que pode
ter feito essa incidência de câncer aumentar. Na velhice, as células vão se
degenerando e sofrem mudanças, o que deixa as pessoas mais vulneráveis. Em todo
o mundo proporcionalmente, de cada 100mil habitantes, 250 pessoas têm câncer. A
população carcerária do mundo é maior que isso”, ressalta.
CAMPANHAS
O médico do Araújo Jorge diz que é necessário investir
mais em campanhas educativas de prevenção, a exemplo do que ocorreu
recentemente na tentativa de conscientizar os homens a se submeterem aos exames
de próstata. "Precisamos estimular a população a ter maior cuidado com a
saúde, pois com saúde não se brinca, é coisa séria", alerta.
Ele também defende a necessidade de estimular as escolas
de medicina a qualificar melhor seus alunos, inclusive quanto ao aumento do
número de vagas para a residência médica. Hoje, segundo ele, este número está
em torno de três mil enquanto são formados cerca de 30 mil médicos todos os
anos no Brasil. "As escolas deveriam estar alertas quanto a isso. Estamos
formando médicos sem qualificação para o mercado, o que é um risco sem
tamanho", diz o doutor José Carlos.
VIVENDO A DOENÇA
A contadora Simone de Fátima Lamounier (48), da cidade de
Piranhas, município na Região Oeste do Estado e a 310 km de Goiânia, e a dona
de casa Flávia de Cássia, de Jataí, no Sudoeste goiano e distante 320
quilômetros da Capital, são duas mulheres que sofrem do mesmo mal: câncer de
mama. Cada uma com uma história diferente, mas que enfrentam os mesmos
dissabores, problemas e buscam a mesma solução, mesmo sabendo que poderão
encontrar apenas o conforto e a solidariedade daqueles que as cercam.
A primeira, que somente descobriu ter câncer de mama ao
fazer uma ultrassonografia já aos 40 anos de idade, decidiu por uma cirurgia
radical e retirou os seios. A segunda optou por retirar o nódulo que havia sido
detectado em uma das mamas. Ambas se mostram resignadas com o rigoroso
tratamento a que são submetidas. Uma rotina angustiante de sessões de quimio ou
radioterapia.
Simone de Lamounier, que usa peruca para disfarçar a
queda de cabelo, explica que anualmente, no mês de novembro, fazia exames pelo
sistema municipal de saúde de Piranhas. Uma vez que tem parentes com câncer,
"tinha pressentimento que poderia acontecer também comigo, até que em um
exame de rotina o médico descobriu o nódulo que, por ser pequeno dificultava o
diagnóstico, pois não era sentido no exame de toque ou nas mamografias, sendo
possível detectá-lo apenas através de ultrassonografia. Depois disso fui
encaminhada ao Araújo Jorge e hoje (19) estou recebendo a última aplicação de
quimioterapia".
Flávia de Cássia, ao contrário de Simone, não usa peruca.
"Recuperei meus cabelos, mas também já usei peruca", diz ela. No
entanto lembra que vem se submetendo a sessões de quimio e radioterapia e que
há um ano fez a cirurgia para a retirada do nódulo. "Hoje, graças a Deus
já me sinto recuperada. Tanto que até meus cabelos pararam de cair e já estão
crescendo", alegra-se.
10 dicas para se proteger do câncer
Não fume!
Essa é a regra mais importante para prevenir o câncer. Ao
fumar, são liberadas no ambiente mais de 4.700 substâncias tóxicas e
cancerígenas que são inaladas por fumantes e não fumantes. Parar de fumar e de
poluir o ambiente fechado é fundamental para a prevenção do câncer.
Uma alimentação saudável pode reduzir muito o risco de
câncer.
Coma mais frutas, legumes, verduras, grãos e cereais
integrais, leite e derivados desnatados, e menos alimentos gordurosos, salgados
e enlatados. Sua dieta deve conter, diariamente, pelo menos cinco porções de
frutas, verduras e legumes. Evite frituras, salgadinhos, carne de porco, carne
vermelha com gordura aparente, pele de frango, embutidos, como linguiça,
salsicha e salame, e gordura hidrogenada. Apesar de o azeite ser um tipo de
gordura mais saudável, não deve ser exposto a altas temperaturas. Prefira
alimentos cozidos e assados.
Faça 30 minutos diários de atividade física, leve ou
moderada.
A atividade física protetora consiste na iniciativa de se
movimentar, de acordo com a rotina e cada um. Você pode, por exemplo, trocar o
elevador pelas escadas, levar o cachorro para passear, cuidar do jardim, varrer
a casa, caminhar ou dançar.Já está comprovado que estar acima do peso aumenta
as chances de uma pessoa desenvolver câncer. Por isso, é importante controlar o
peso por meio de uma boa alimentação e manter-se ativo.
Exame preventivo
As mulheres com idade entre 25 e 64 anos devem realizar
exame preventivo ginecológico. Após dois exames normais seguidos, deverá
realizar um exame a cada três anos. Para os exames alterados, deve-se seguir as
orientações médicas. As mulheres com 40 anos ou mais devem realizar o exame
clínico das mamas anualmente. Aquelas que estiverem entre 50 e 69 anos devem
realizar ainda a mamografia a cada dois anos. Esses exames devem ser feitos
mesmo que mulher não perceba nenhum sintoma. Se uma pessoa da família -
principalmente a mãe, irmã ou filha - teve esta doença antes dos 50 anos de
idade, a mulher tem mais chances de desenvolver um câncer de mama. Quem já teve
câncer em uma das mamas ou câncer de ovário, em qualquer idade, deve ficar mais
atenta. Nestes casos, a partir dos 35 anos, o exame clínico das mamas e a
mamografia devem ser feitos uma vez por ano.
Evite ou limite bebidas alcóolicas.
Os homens não devem tomar mais do que duas doses
por dia, enquanto as mulheres devem imitar este consumo a uma dose. Isso
corresponde a um copo de cerveja ou a uma taça de vinho. É recomendável que
mulheres e homens, com 50 anos ou mais, realizem exame de sangue oculto nas
fezes a cada um ou dois anos.
Evite exposição ao sol
Se for inevitável a exposição ao sol durante a jornada de
trabalho, use chapéu de aba larga, camisa de manga longa e calça comprida.
Higiene oral
Faça diariamente a
higiene oral (escovação dos dentes e da língua) e consulte o dentista
regularmente.
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