quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Artigo

Universal x Católicos: A Guerra Santa

* Miguel Monte.

No dia 5 de outubro de 1968, iniciaram-se em Derry, na Irlanda do Norte, os conflitos entre protestantes e católicos, depois que a polícia reprimiu uma manifestação dos católicos por mais direitos civis. A violência escalou, desembocando numa guerra civil.
O começo da guerra entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte foi marcado pela manifestação dos moradores do bairro católico de Derry (para os protestantes, Londonderry). A violenta repressão da polícia, protestante, contra os manifestantes resultou em cinco mortos e 120 pessoas feridas. Em represália, os moradores fecharam o bairro para as forças de segurança.
O trouble, como o conflito é chamado pelos irlandeses, na realidade, havia começado vários séculos atrás. Desde a invasão dos normandos, no século 12, os britânicos estão presentes na ilha. O povo local sempre foi oprimido e as leis eram impostas de fora. Tentativas de independência sempre foram sufocadas. Em 1919, foi constituído pela primeira vez um Parlamento irlandês em Dublin. Como os britânicos não o aceitassem, começou uma guerra que durou até 1921, período em que surgiu o Exército Republicano Irlandês (IRA).
Em 1922, a Irlanda foi dividida: o norte protestante passou a ser governado a partir de Belfast, enquanto a República da Irlanda, de maioria católica, tinha seu governo em Dublin. Apesar de a divisão ter sido aceita apenas como medida provisória, inclusive pela constituição, ela acabou durando muito mais que o previsto.
A minoria católica do norte foi discriminada e nas eleições sempre ficou em desvantagem. No final dos anos 60, promoveu uma manifestação pacífica para chamar a atenção sobre seus problemas. O auge do movimento foi em 1968, quando aconteceu a imensa manifestação de 5 de outubro no centro do bairro de Derry. A repressão policial foi seguida pela constituição de milícias protestantes armadas, comandas pelo líder protestante radical Ian Paisley, que realizaram sangrentos ataques aos bairros católicos. Tropas britânicas interferiram no conflito.
Buscando acalmar os ânimos, o Reino Unido determinou a igualdade de direitos políticos e o fim das discriminações econômicas entre as comunidades protestante e católica. A escalada inglesa desenrolou-se, no Ulster (nome britânico para a Província da Irlanda do Norte), no período de 1969 a 1972.
O governo conservador de Edward Heath substituía a pacificação do antigo primeiro-ministro Harold Wilson pela repressão pura e simples. Em 1972, 22 mil soldados do Reino Unido ocupavam o Ulster. No dia 30 de janeiro, uma enorme manifestação pacífica foi reprimida a tiros pelas tropas inglesas resultando em 13 mortos.
Tal tragédia ficou conhecida como Domingo Sangrento e levou à substituição do movimento pelos direitos civis e da luta pacífica pela luta armada e o terrorismo. O IRA se dividiu em dois grupos: os “oficiais” [que acreditavam no movimento político e na participação nos parlamentos de Londres, Dublin e Belfast] e os “provisórios” [que só aceitavam o terrorismo].
Em março de 1972, uma resolução de Londres fechou o Parlamento de Belfast e nomeou um administrador para o Ulster. Procurando isolar o IRA, em 1973, o governo britânico fez um referendo sobre a independência da Irlanda do Norte. A maioria protestante deu a vitória à permanência no Reino Unido.
A década de 70 foi marcada pela violência. Enquanto o IRA “oficial” praticamente desapareceu, cresceram os atentados terroristas dos “provisórios”. O Sinn Fein, o braço político do movimento, também passou a ser dominado pelos adeptos dos “provisórios”. Consequentemente, milhares de ativistas católicos foram enviados para o campo de prisioneiros de Long Kesh.
Os militantes do IRA presos em 1981 iniciaram uma série de greves de fome. O mundo acompanhou, pasmo e paralisado, a morte de Bobby Sands, após mais de dois meses sem comer. Nesse período, Sands -transformado em símbolo e mártir da luta da minoria católica- foi eleito deputado ao Parlamento de Westminster. Um depois do outro, mais nove presos católicos morreram em greve de fome.
Durante os anos de 1969 a 1982, a disputa causou mais de 2.000 mortes, na maioria de civis. Em 1985, iniciou-se uma nova fase no conflito. Voltando a uma política de pacificação, Londres firmou um acordo com o governo de Dublin, dando participação à República da Irlanda na administração do Ulster. A nova orientação desagradou ambos os lados. Enquanto a maioria protestante levantava-se contra a administração conjunta, o IRA continuava exigindo a retirada inglesa e a reunificação completa da Irlanda.
Procurando controlar os protestantes, o Reino Unido voltou a fechar o Parlamento de Belfast. Nos anos 90, os atentados continuaram, apesar das várias tentativas de paz. No dia 17 de novembro de 1999, o IRA comprometeu-se a designar um representante que negociaria a deposição de armas com uma comissão internacional independente, encabeçada pelo general canadense John de Chastelain. Com isso, o IRA eliminou o maior entrave para a aplicação do acordo da Sexta-Feira Santa, firmado em 10 de abril de 1998, entre o protestante David Trimble, do Partido Unionista do Ulster e o católico Gerry Adams, líder do Sinn Fein. Seu principal item era a formação de um Parlamento que cuidaria dos interesses de todos os habitantes.
Este mesmo texto, uma vez publicado no Folha, representa o que poderá acontecer com as duas facções religiosas vigentes hoje em sua maioria no Brasil. De um lado os evangélicos protestantes querendo impor os seus dogmas as maiorias; de outro a igreja católica com seus paradigmas enraizados aos fieis seguidores.
Se o uso da força física através dos artefatos bélicos está em desuso em países democráticos, pode-se então usar outro tipo de força, a exemplo da imprensa previamente paga, ou bons advogados fazendo uso da força judiciária brasileira.
Como se vê, a mais alarmante entidade religiosa do Brasil atualmente, não é a Assembléia de Deus, e sim, a igreja Universal do reino de deus, do empresário Edir Macedo, e, denota-se que levaram 30 anos para edificar o que realmente o cidadão protestante tinha em mente: Fazer um poderio empresarial, principalmente no meio comunicativo e impor seus dogmas ao da igreja católica que durante séculos agüenta estática a concorrência crescer às suas vistas.
Descaradamente a Universal vem utilizando o seu jornal impresso e as suas emissoras radiofônicas e televisivas para afrontar os seus algozes. Primeiro foi a PF que estava privilegiando matérias à Rede Globo, após isto, veio “porrada” através de um livro em cima do Judiciário que autorizou a prisão de Macedo, e, atualmente vem à pressão em cima dos principais jornais do Brasil, como OGLOBO, FOLHA DE S.PAULO e ESTADÃO que relatam apenas a verdade.
Contudo, domingo passado, quem assistiu Domingo Espetacular, na Record, viu que a matéria incitava ao povo protestante a abrir diversos processos em varas especiais contra o jornal Folha, já que, segundo a matéria, outros estariam fazendo o mesmo. Este tipo de matéria foi criminosa do ponto de vista da lei 5250/67, que proíbe matéria que incitem o povo brasileiro.
Como explicitado no exórdio, vemos que o IRA não diferencia da Universal, que utiliza forças políticas e jornalísticas para impor seus dogmas, apenas sentimos, contudo - ainda que os católicos não revidaram - que o coquetel molotov protestantismo não mais vem em forma de fogo e artefatos bélicos, mas sim, em forma de matérias sensacionalistas intimidatórias. (Fonte:
www.oguapore.com)
* Miguel Monte é Jornalista/Publicitário (MTB:758/116-RO)) - Comentários: miguelmonte@oguapore.com.

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