segunda-feira, 18 de agosto de 2008

CAFÉ BRASIL

QUENTE OU FRIO?















*Luciano Pires


Todo mundo quer saber do aquecimento global no Pólo Norte. Oras, se eu fui pra lá tenho que ter visto a tragédia, não é mesmo?
Antes de sair do Brasil pesquisei a respeito e fiquei aterrorizado quando topei com esta notícia:

“Capa polar do Ártico pode desaparecer neste verão.”

O texto trazia as declarações do Dr. Olav Orheim, chefe do Secretariado do “International Polar Year” na Noruega. Ele dizia que “a camada de gelo atingiu a baixa histórica de três milhões de quilômetros quadrados durante as semanas mais quentes do verão passado, enquanto cobria 7,5 milhões de quilômetros quadrados antes do ano 2000. Se a temperatura média da Noruega este ano ficar igual à de 2007, a camada de gelo que cobre o Ártico derreterá completamente e isso é altamente possível diante das condições atuais.”
E o artigo continuava afirmando que conforme um relatório das Nações Unidas no ano passado, a temperatura média do planeta poderia subir até 6 graus celsius até o final do século, causando sérios prejuízos em todo o mundo. Em seguida o artigo falava da crescente exploração das rotas marítimas na região e suas conseqüências para a natureza.
Reparou no tom alarmista? Eu até fiquei meio assim, me achando o azarado que quando consegue ir pro Pólo Norte não encontra gelo...
Pois nada do que foi dito no artigo aconteceu. E uma análise superficial da notícia deixa evidente a tentativa de manipulação ideológica do assunto. Existe tema melhor do que a possibilidade de extinção da humanidade para defender este ou aquele sistema econômico ou político? Eu já disse e repit aquecimento global virou arma de combate ao capitalismo, abraçado pelas esquerdas ideologicamente estressadas. E é arma econômica da mídia que precisa do terror.
O resultado é que acreditamos em tudo que é dito, principalmente se dito como catástrofe. E assim perdemos a noção de proporção, mergulhando na busca por soluções maiores que o problema. Pior: soluções para os problemas errados.
Mas para cada argumento existe um contra-argumento.
Os ursos polares estão morrendo? Pois existem dezenas de pesquisas demonstrando que a população de ursos está aumentando e que onde ela diminuiu foi justamente nas regiões mais frias. Outras pesquisas mostram que os caçadores matam três vezes mais ursos do que os que supostamente morrem por causa do aquecimento global. Então combater a caça aos ursos é três vezes mais eficiente do que combater o aquecimento global. E infinitamente mais barato, não é? Mas pouco ou nada se fala sobre isso.
Interessado? Leia um livro chamado “Cool It – Muita Calma Nessa hora!”, de Bjorn Lomborg. É uma vacina contra os exageros, o comportamento passional, a má intenção, a manipulação ideológica e os interesses comerciais que dominam a discussão do aquecimento global.
Estamos diante de um novo Bug do Ano 2000, aquele problema transformado em terrorismo que enriqueceu muita gente, lembra?
Coloque o tema “aquecimento global” na mesma prateleira onde estão o criacionismo X evolucionismo, armamento X desarmamento, ciência X religião. É mais uma discussão que, ao descambar para o embate ideológico, nunca terá fim.
Voltei do Pólo Norte encantado, assombrado e deslumbrado com o que vi. Mas com as mesmas convicções de que estamos falando do resfriado em vez de tratar da pneumonia. E que tem muita gente interessada nessa falta de foco da discussão.

*Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista. Faça parte do Movimento pela Despocotização do Brasil, acesse www.lucianopires.com.br.

Para conhecer outras ações do Luciano, dos seus colaboradores e da fertilizadora cultural Café Brasil, acesse
http://www.lucianopires.com.br/. Fotos do cronista podem ser obtidas com a assessoria de imprensa.

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