MÍDIA & MEIO AMBIENTE
Lugar de jornalista é na floresta
Fabio de Souza Pontes
Nos últimos meses, a sociedade brasileira tem acompanhado um salutar debate na imprensa brasileira sobre a Amazônia. Muitas são as reportagens que retratam a preocupante devastação da principal floresta tropical do mundo. Sabe-se da imensurável importância desta rica biodiversidade para o bem-estar – não somente do Brasil, mas para todo o planeta.
Esses tipos de reportagens são essenciais já que, apesar de estar em seu país, milhares de brasileiros não entendem, e tampouco dão o devido valor, a este "oceano verde" que, de forma escandalosa, está se tornando em cinzas e pastagens para gado.
No início do ano, a imprensa nacional e estrangeira repercutiu de forma estrondosa os últimos dados sobre o nível de desmatamento da Amazônia. A mobilização para a melhor cobertura sobre o tema dentro das redações talvez tenha se dado no mesmo ritmo que o da devastação na floresta.
Mas o problema é que a abordagem do tema se deu, e se dá, de forma inapropriada e amadora. Escrever sobre a Amazônia sem estar in loco pode levar os jornalistas a cometerem verdadeiras gafes. Falar da Amazônia sentado em uma redação na Avenida Paulista não é o mesmo que estar dentro de uma canoa nos imensos rios amazônicos e perto do real problema. É preciso estar onde se passam os fatos.
Questão de credibilidade
Saber da verdadeira realidade desta floresta possibilitará ao jornalista a elaboração de um texto muito mais rico e dinâmico e que terá muito mais fundamentos para o leitor formar a sua opinião sobre o assunto.
Entende-se a complexidade do tema, já que se trata de uma região que é muito maior do que vários países europeus juntos. Os custos para manter uma equipe de reportagem dentro da Amazônia são grandes. Em tempos de "enxugamento" das redações é que o problema se agrava. A qualidade das reportagens só tende a cair.
Mas a presença de um repórter dentro da Amazônia fará com que o veículo tenha um material muito mais bem elaborado do que simplesmente fazer entrevistas por telefone ou e-mail com autoridades e dirigentes de ONGs que atuam na Amazônia. Certamente a credibilidade destes jornais saltará.
Zelar pelo patrimônio
Parabeniza-se a atitude do jornal Folha de S.Paulo que, logo após a divulgação, por parte do Ministério do Meio Ambiente, da lista dos municípios mais devastadores, realizou sobrevôos nestas áreas. O leitor pôde ter um pouco da dimensão do caos amazônico. Mas isso – a presença efêmera – ainda não é tudo. Afinal, a cada minuto que se passa dezenas de árvores são literalmente assassinadas em algum ponto da Amazônia.
A imprensa, como olhos e ouvidos da sociedade, não deve focar sua ação somente nos bastidores do poder em Brasília ou no Palácio dos Bandeirantes. Junto com os órgãos competentes, a imprensa brasileira deve zelar por este patrimônio natural que ainda pertence ao Brasil. (Fonte: Observatório da Imprensa)
Fabio de Souza é estudante de Jornalismo em Rio Branco, AC
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