Família Política SA
A falta de atenção quase me prega uma peça nas eleições de domingo passado, quando fui apertar os botões da urna eletrônica para cumprir meu dever cívico.
Com o objetivo de votar nulo, digitei seguidas vezes o número um, e me preparei para apertar o botão verde de confirmação.
Inesperadamente apareceu na tela a foto e o nome do candidato Átila Russomano.
Foi um susto, mas felizmente deu tempo de corrigir o lapso, digitar cinco zeros e, agora sim, anular o voto.
Nas próximas eleições, a bela Lavinia Vlasak deveria ensinar aos incautos eleitores, como este velho blogueiro, como votar nulo.
Tornei-me otimista depois de ouvir dizer que os otimistas vivem mais. Assim sendo, espero que até lá algumas reformas políticas já tenham sido feitas e eu possa, finalmente, votar em algum candidato que efetivamente me represente no Parlamento - e não a si próprio e sua família.
O fato é que por ignorância e distração, por pouco não voto em Átila Russomano.
Seu número era 11111. Moço de sorte, pois imagino que os partidos sorteiem os números de seus candidatos e coube a ele, seguramente, o melhor em termos de memorização.
Como pela Constituição brasileira todos somos inocentes até prova em contrário, longe de mim imaginar que tenha havido qualquer maracutaia nesse sorteio.
A sorte de Átila em conseguir tão precioso número, porém, não repetiu-se na apuração: não elegeu-se.
Só faltava ele ter sido eleito pela diferença de um voto, justamente aquele que por pouco não lhe dei...
Não o conheço pessoalmente, nunca vi sua campanha eleitoral e nem sei se, de repente, ele não poderia ser o melhor vereador que São Paulo já teve.
A priori, entretanto, essa possibilidade era muito remota. Ele foi candidato apenas por ser irmão de Celso Russomano.
Fico impressionado como esse procedimento se repete na política. É grande o número de políticos consagrados nas urnas que, numa espécie de herança, tentam transferir seus eleitorados para filhos e irmãos.
Formam uma espécie de corporação, uma Família Política SA. É como o dono de uma empresa que transfere ações para seus parentes - irmãos, filhos, mulher.
Na maioria dos casos, confundem os eleitores. Se o político consagrado chama-se Ernesto Peroba, por exemplo, e seu irmão ou filho Antonio Peroba, a campanha é feita apenas com o sobrenome da dupla.
Vote em Peroba. E pronto. O pobre e geralmente desinformado eleitor nem sabe, ao certo, em quem está votando.
Esse fenômeno não ocorre apenas no Brasil. É internacional.
Nos Estados Unidos tivemos os Kennedy, que, aliás, só foram abatidos a tiros. Bush pai e Bush filho. Bill Clinton e Hillary Clinton. Imagino que os exemplos se repitam às centenas com senadores, deputados, vereadores.
Em alguns casos, o parente herdeiro do capital eleitoral tem talento, é um bom político. Em outros, porém, só tem o parentesco.
É um fenômeno antigo. Um dos casos mais emblemáticos foi o de Juan Domingos Perón, na Argentina (país que hoje repete o fenômeno com Cristina Kirshner, mulher do ex-presidente Néstor Kirshner).
Impossibilitado de continuar no poder, Perón indicou sua mulher Isabelita para concorrer à Presidência em seu lugar.
Se bem me lembro, Isabelita era ex-modelo. Entendia tanto de administração pública quanto eu entendo de economia e da atual crise financeira mundial. Obviamente, seu governo foi um desastre.
A falta de atenção quase me prega uma peça nas eleições de domingo passado, quando fui apertar os botões da urna eletrônica para cumprir meu dever cívico.
Com o objetivo de votar nulo, digitei seguidas vezes o número um, e me preparei para apertar o botão verde de confirmação.
Inesperadamente apareceu na tela a foto e o nome do candidato Átila Russomano.
Foi um susto, mas felizmente deu tempo de corrigir o lapso, digitar cinco zeros e, agora sim, anular o voto.
Nas próximas eleições, a bela Lavinia Vlasak deveria ensinar aos incautos eleitores, como este velho blogueiro, como votar nulo.
Tornei-me otimista depois de ouvir dizer que os otimistas vivem mais. Assim sendo, espero que até lá algumas reformas políticas já tenham sido feitas e eu possa, finalmente, votar em algum candidato que efetivamente me represente no Parlamento - e não a si próprio e sua família.
O fato é que por ignorância e distração, por pouco não voto em Átila Russomano.
Seu número era 11111. Moço de sorte, pois imagino que os partidos sorteiem os números de seus candidatos e coube a ele, seguramente, o melhor em termos de memorização.
Como pela Constituição brasileira todos somos inocentes até prova em contrário, longe de mim imaginar que tenha havido qualquer maracutaia nesse sorteio.
A sorte de Átila em conseguir tão precioso número, porém, não repetiu-se na apuração: não elegeu-se.
Só faltava ele ter sido eleito pela diferença de um voto, justamente aquele que por pouco não lhe dei...
Não o conheço pessoalmente, nunca vi sua campanha eleitoral e nem sei se, de repente, ele não poderia ser o melhor vereador que São Paulo já teve.
A priori, entretanto, essa possibilidade era muito remota. Ele foi candidato apenas por ser irmão de Celso Russomano.
Fico impressionado como esse procedimento se repete na política. É grande o número de políticos consagrados nas urnas que, numa espécie de herança, tentam transferir seus eleitorados para filhos e irmãos.
Formam uma espécie de corporação, uma Família Política SA. É como o dono de uma empresa que transfere ações para seus parentes - irmãos, filhos, mulher.
Na maioria dos casos, confundem os eleitores. Se o político consagrado chama-se Ernesto Peroba, por exemplo, e seu irmão ou filho Antonio Peroba, a campanha é feita apenas com o sobrenome da dupla.
Vote em Peroba. E pronto. O pobre e geralmente desinformado eleitor nem sabe, ao certo, em quem está votando.
Esse fenômeno não ocorre apenas no Brasil. É internacional.
Nos Estados Unidos tivemos os Kennedy, que, aliás, só foram abatidos a tiros. Bush pai e Bush filho. Bill Clinton e Hillary Clinton. Imagino que os exemplos se repitam às centenas com senadores, deputados, vereadores.
Em alguns casos, o parente herdeiro do capital eleitoral tem talento, é um bom político. Em outros, porém, só tem o parentesco.
É um fenômeno antigo. Um dos casos mais emblemáticos foi o de Juan Domingos Perón, na Argentina (país que hoje repete o fenômeno com Cristina Kirshner, mulher do ex-presidente Néstor Kirshner).
Impossibilitado de continuar no poder, Perón indicou sua mulher Isabelita para concorrer à Presidência em seu lugar.
Se bem me lembro, Isabelita era ex-modelo. Entendia tanto de administração pública quanto eu entendo de economia e da atual crise financeira mundial. Obviamente, seu governo foi um desastre.
Para que vocês, meus poucos, mas bons leitores, tenham idéia do que isso representou, imaginem o presidente Lula indicando Dona Marisa Letícia para sucedê-lo.
Imaginem.
Blog semanal do jornalista José Luiz Teixeira
(http://escutaze.blog.uol.com.br)
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