Décadence sans élégance
O "cordato" Geraldo Alckmin passou a criticar abertamente seu adversário Gilberto Kassab nesta reta final das eleições para prefeito de São Paulo.
Perdeu uma boa oportunidade de ficar quieto e perder a eleição sem perder a pose.
Mas não se surpreendam meus poucos mas bons leitores se, em breve, ambos estiverem abraçados novamente.
Em política isso é muito comum. Na luta pela sobrevivência, os inimigos de hoje tornam-se facilmente os aliados de amanhã.
Nestas eleições, Alckmin foi "cristianizado" pelo PSDB e pelo governador José Serra - a quem, aliás, obrigou a assumir uma atitude dúbia perante o eleitor comum.
Tenho uma tia, eleitora histórica do governador, que não vai mais votar nele por causa dessa sua atitude de "ficar com um pé em cada canoa", como reclamou.
Mas voltemos à "cristianização", termo criado nas eleições de 1950.
O extinto PSD lançou Cristiano Machado como candidato próprio às eleições presidenciais. Depois, porém, abandonou-o à própria sorte e aderiu à candidatura de Getúlio Vargas.
Surgiu aí, portanto, o neologismo "cristianizar", que tão bem se aplica à atual situação de Alckmin.
Experiente que é, entretanto, o ex-governador sabe que, como dizia Leonel Brizola, política é a arte de engolir sapos - barbudos ou não.
Perdeu um pouco a elegância nesta reta final da campanha, mas se não trabalhar a favor, também não será ostensivamente contra Kassab no segundo turno.
Nos anos em que frequentei os bastidores da política, vi muitos exemplos desse tipo. Um deles, especialmente para mim, foi marcante.
Na época em que Paulo Maluf era governador do Estado, um de seus maiores opositores era o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, o deputado Luiz Carlos Santos, do PMDB.
Em uma conversa informal, o deputado chegou a culpar Maluf por um enfarte que teve em meio à tensão política que existia entre o Executivo e o Legislativo paulistas.
Anos depois, qual não foi minha surpresa ao ver o mesmo Luiz Carlos Santos como candidato a vice-governador na chapa de Maluf.
De certa maneira, Orestes Quércia e José Serra, inimigos políticos figadais no passado, agora estão juntos em torno de Kassab - Alda Marco Antônio, candidata a vice de Kassab, foi indicada pessoalmente por Quércia.
O caso mais emblemático, sem dúvida, foi a união de Ulysses Guimarães, presidente do partido que combatia a ditadura, unido a José Sarney, presidente do partido que dava sustentação política à ditadura.
Rompimentos, reconciliações, cristianizações...são coisas da política que se repetem ao longo dos anos.
Anotem aí: nesta eleição, o "cristianizado" foi Geraldo Alckmin. Na próxima, em 2010, será Dilma Roussef. (Extraído do Blog semanal de José Luiz Teixeira)
O "cordato" Geraldo Alckmin passou a criticar abertamente seu adversário Gilberto Kassab nesta reta final das eleições para prefeito de São Paulo.
Perdeu uma boa oportunidade de ficar quieto e perder a eleição sem perder a pose.
Mas não se surpreendam meus poucos mas bons leitores se, em breve, ambos estiverem abraçados novamente.
Em política isso é muito comum. Na luta pela sobrevivência, os inimigos de hoje tornam-se facilmente os aliados de amanhã.
Nestas eleições, Alckmin foi "cristianizado" pelo PSDB e pelo governador José Serra - a quem, aliás, obrigou a assumir uma atitude dúbia perante o eleitor comum.
Tenho uma tia, eleitora histórica do governador, que não vai mais votar nele por causa dessa sua atitude de "ficar com um pé em cada canoa", como reclamou.
Mas voltemos à "cristianização", termo criado nas eleições de 1950.
O extinto PSD lançou Cristiano Machado como candidato próprio às eleições presidenciais. Depois, porém, abandonou-o à própria sorte e aderiu à candidatura de Getúlio Vargas.
Surgiu aí, portanto, o neologismo "cristianizar", que tão bem se aplica à atual situação de Alckmin.
Experiente que é, entretanto, o ex-governador sabe que, como dizia Leonel Brizola, política é a arte de engolir sapos - barbudos ou não.
Perdeu um pouco a elegância nesta reta final da campanha, mas se não trabalhar a favor, também não será ostensivamente contra Kassab no segundo turno.
Nos anos em que frequentei os bastidores da política, vi muitos exemplos desse tipo. Um deles, especialmente para mim, foi marcante.
Na época em que Paulo Maluf era governador do Estado, um de seus maiores opositores era o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, o deputado Luiz Carlos Santos, do PMDB.
Em uma conversa informal, o deputado chegou a culpar Maluf por um enfarte que teve em meio à tensão política que existia entre o Executivo e o Legislativo paulistas.
Anos depois, qual não foi minha surpresa ao ver o mesmo Luiz Carlos Santos como candidato a vice-governador na chapa de Maluf.
De certa maneira, Orestes Quércia e José Serra, inimigos políticos figadais no passado, agora estão juntos em torno de Kassab - Alda Marco Antônio, candidata a vice de Kassab, foi indicada pessoalmente por Quércia.
O caso mais emblemático, sem dúvida, foi a união de Ulysses Guimarães, presidente do partido que combatia a ditadura, unido a José Sarney, presidente do partido que dava sustentação política à ditadura.
Rompimentos, reconciliações, cristianizações...são coisas da política que se repetem ao longo dos anos.
Anotem aí: nesta eleição, o "cristianizado" foi Geraldo Alckmin. Na próxima, em 2010, será Dilma Roussef. (Extraído do Blog semanal de José Luiz Teixeira)
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