quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Sabedoria Nordestina

Encontrei essa coisa deliciosa sobre velhos, chamada “O Cordel da Velhice”, no site do Luciano Pires (www.lucianopires.com.br/dlog), escrito por um cantador de Fortaleza que ele diz não saber o nome. Luciano (eu também) está pedindo para que, se você souber (o nome do autor), mande para que ele (eu também) possa divulgar. Os versos são geniais, confira:

O Cordel da Velhice

Vou lhes contá como é triste,
vê a velhice chegá,
vê os cabelo caíno,
vê as vista encurtá.

Vê as perna trambicano,
com priguiça de andá.
Vê “aquilo” esmoreceno,
sem força pra levantá.

As carnes vão se sumino,
vai parecêno as vêia.
As vista diminuíno
e crescendo a sombrancêia.

As oiça vão encurtano,
vão aumentano as orêia.
Os ovos dipindurano
e diminuíno a pêia.

A velhice é uma doença
que dá em todo cristão:
dói os braço, dói as perna,
dói os dedo, dói a mão.

Dói o figo e a barriga,
dói o rim, dói o pulmão.
Dói o fim do espinhaço,
dói a corda do cunhão.

Quando a gente fica véio,
tudo no mundo acontece:
vai passano pelas rua
e as menina se oferece.

A gente óia aquilo tudo,
benza Deus e agradece,
correno ligeiro prá casa,
procurano o INSS.

No tempo que eu era moço,
todo o sol pra mim brilhava,
eu tinha mil namorada,
tudo de bom me sobrava.

As menina mais bonita,
da cidade eu bolinava.
Eu fazia todo dia,
chega o bichim desbotava.

Mas tudo isso passô,
faz tempo ficô pra trás,
as coisa que eu fazia,
hoje me sinto incapaz.

O tempo me robô tudo,
de uma maneira sagaz.
Pra falá mesmo a verdade,
nem trepá eu trepo mais.

Quando se chega aos setenta,
tudo no mundo embaraça.
Pega a mulé, vai pra cama,
apalpa, beija e abraça,
porém só faz duas coisa:
solta peido e acha graça...

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