*José Luiz Teixeira
Muito bonitinhos e bem feitos os filmetes que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está veiculando na televisão, alertando o eleitor para votar consciente nas próximas eleições.
O endereço dessas mensagens, porém, está errado.
O remetente está certo. É competência da Justiça Eleitoral enaltecer a importância das eleições livres e diretas.
O destinatário é que deveria ser outro: quem tem de ter consciência da importância da democracia representativa não somos nós, os eleitores, e sim os candidatos. Essa propaganda do TSE teria de ser dirigida a eles.
Faz muito tempo que o povo brasileiro já sabe votar; os políticos é que não aprenderam ainda a ser votados.
Desde Fernando Collor, o brasileiro está votando com muito mais consciência. Isso ninguém há de negar.
As eleições de Fernando Henrique e de Luís Inácio, duas vezes cada um, não podem ser consideradas grandes equívocos eleitorais.
O pobre eleitor não poderia adivinhar que o primeiro, que tão bem escrevia, o mandaria esquecer de tudo o que já havia escrito.
E que o segundo, que tudo via e sabia, já nada vê e nada sabe do que ocorre ao seu redor.
Isso se repete em todos os níveis, de senador a vereador. Elegemos um parlamentar com ficha limpa, com cara de honesto, belo discurso e, depois de eleito, o médico vira monstro.
Há mais de um século já foi dito que o poder corrompe e que o poder absoluto corrompe absolutamente, como constatou Lord Acton.
Todo mundo aprendeu isso no colégio. Aprendeu, mas não compreendeu. Caso contrário, já teríamos feito nossa reforma política há muito tempo.
O que acontece hoje é simples: nós, os eleitores, damos um cheque em branco para os eleitos fazerem dele o que quiserem por quatro anos. Nesse período ficamos de mãos atadas, sem poder fazer nada.
Não aprendemos isso na escola, mas desde criança também sabemos que o diabo tenta. Como tentou Jesus Cristo no deserto.
Nossos políticos, em sua maioria, não têm inspiração divina para resistir às tentações do poder.
Quem tem olhos para ver sabe que , hoje-em-dia, são eles que inviabilizam a democracia representativa.
Faz mais de 20 anos que enrolam, enrolam, e não apresentam uma reforma política com instrumentos mais eficazes para impedir as falcatruas em todos os níveis.
Há um antigo ditado árabe que diz: saem de casa, todos os dias, um malandro e um otário; se os dois se encontrarem, sai negócio; caso contrário, o negócio fica automaticamente adiado para o dia seguinte.
Adaptando para os dias de hoje, poderíamos dizer que a cada dois anos, no Brasil, há um encontro desse tipo marcado entre malandros e otários.
A diferença é que é obrigatório e em local determinado: nas urnas.
(A crônica semanal do blog EscutaZé! também pode ser lida no Portal UOL, no endereço: www.escutaze.blog.uol.com.br)
* Perfil do autor
Formado pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, em 1974, José Luiz Teixeira (de Carvalho) começou a trabalhar em 1972, no jornal de bairro A Gazeta de Santo Amaro.
Em 1973, transferiu-se para a Rádio e Televisão Gazeta, onde ficou até 1976.
No primeiro semestre de 1976, cursou o "Programa de Graduados Latinoamericanos da Faculdade de Ciencias de la Información" da Universidad de Navarra, Espanha.
Do segundo semestre de 1976 a janeiro de 1978, trabalhou no Serviço Brasileiro da BBC de Londres.
Em 1978, trabalhou na Rádio Tupi de São Paulo.
No primeiro semestre de 1979, trabalhou na sucursal paulista do jornal O Globo.
Do segundo semestre de 1979 a 1987, trabalhou nos jornais Folha de S.Paulo e Folha da Tarde.
Em 1987, montou a JLT Estúdio de Comunicação. Por intermédio dessa empresa, passou a editar jornais, revistas e vídeos, em particular nas áreas de política e marketing político (empresa desativada a partir de 1995).
De 1995 a 2005, trabalhou na Assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal de Transportes/CET.
A partir de 2006, passou a trabalhar como free-lancer.
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