Não é exatamente o legado que todo mundo gostaria de deixar para a posteridade, mas pelo menos é uma prova indiscutível de que seres humanos o produziram. Estamos falando de fezes com cerca de 14 mil anos de idade (foto), produzidas -- sabe-se lá em que circunstâncias -- por alguns dos primeiros caçadores-coletores a colonizar o continente americano. O achado prova, além de qualquer sombra de dúvida, que os mais antigos moradores das Américas chegaram aqui antes da chamada cultura Clovis, por muito tempo considerada a mais antiga do continente.
A descoberta -- escatológica, mas um bocado importante -- será publicada numa edição futura da revista "Science", mais importante publicação científica dos Estados Unidos. Os pesquisadores, liderados por Tom Gilbert, da Universidade de Copenhague (Dinamarca), não só conseguiram estabelecer a data dos excrementos como extraíram DNA deles. O resultado do teste genético revelou a presença de DNA típico dos indígenas modernos -- aparentemente, seus ancestrais já andavam naquela época pelo Oregon, no noroeste dos EUA.
Caverna especial
A pesquisa de Gilbert e companhia se beneficiou das condições extremamente favoráveis nas cavernas onde os coprólitos -- nome dado às fezes fósseis -- foram encontrados. Por serem extremamente secos, os sedimentos dessas cavernas ajudam na preservação de quaisquer restos antigos. Daí a sorte de conterem 14 coprólitos os quais, pelo tamanho, forma, cor e composição química, pareciam ser de origem humana.
"Na verdade, eles são bem diferentes de fezes frescas -- lembram mais fezes muito ressecadas. Têm o mesmo formato, mas são muito quebradiças, quase com uma textura de biscoito. Mas não estão fossilizadas como acontece com dinossauros -- a parte orgânica não foi substituída por minerais", conta Gilbert, que é britânico, embora trabalhe na Dinamarca. As datas obtidas com o método do carbono-14, o mais usado em material orgânico relativamente recente, ficaram em torno de 14 mil anos do nosso calendário.
O problema é que a escavação da caverna não foi feita usando técnicas estéreis -- ou seja, as fezes poderiam muito bem ser contaminadas com DNA dos pesquisadores. Para contornar o problema, todo mundo que chegou perto do sítio arqueológico foi testado. E o resultado é que ninguém poderia ter sido a fonte do DNA indígena -- ao que tudo indica, ele pertence mesmo aos "donos" originais dos cocôs.
Mais antigo
Brincadeiras à parte, os testes fazem das evacuações a mais antiga evidência direta da presença humana na América. O sítio de Oregon só não é mais velho do que o de Monte Verde, no Chile, com uns 14.500 anos -- as datas lá são consideradas válidas pela maioria dos especialistas, diz Gilbert, mas são indiretas, vindo de material orgânico modificado por humanos, como o carvão de fogueiras.
Espera-se que os cocôs ancestrais sejam o último prego no caixão do chamado modelo Clovis. Batizado em homenagem ao sítio de mesmo nome no Novo México, trata-se da idéia de que os humanos teriam chegado à América apenas uns 13 mil anos atrás. A descoberta de Monte Verde já tinha feito essa idéia balançar um bocado, mas alguns arqueólogos dos EUA ainda se agarram a ela.
"Acho que a principal razão para esse conservadorismo é que as evidências contra o modelo Clovis não são tão sólidas quanto muita gente acha. E também vale lembrar que muitas evidências acabam dando apoio a Clovis -- por exemplo, quando a cultura Clovis surge, aparecem sítios arqueológicos na América do Norte toda, enquanto antes quase não há nada. E, finalmente, se alguém passou a carreira tentando provar Clovis, não vai querer mudar de opinião muito rápido", conclui Gilbert.
A descoberta -- escatológica, mas um bocado importante -- será publicada numa edição futura da revista "Science", mais importante publicação científica dos Estados Unidos. Os pesquisadores, liderados por Tom Gilbert, da Universidade de Copenhague (Dinamarca), não só conseguiram estabelecer a data dos excrementos como extraíram DNA deles. O resultado do teste genético revelou a presença de DNA típico dos indígenas modernos -- aparentemente, seus ancestrais já andavam naquela época pelo Oregon, no noroeste dos EUA.
Caverna especial
A pesquisa de Gilbert e companhia se beneficiou das condições extremamente favoráveis nas cavernas onde os coprólitos -- nome dado às fezes fósseis -- foram encontrados. Por serem extremamente secos, os sedimentos dessas cavernas ajudam na preservação de quaisquer restos antigos. Daí a sorte de conterem 14 coprólitos os quais, pelo tamanho, forma, cor e composição química, pareciam ser de origem humana.
"Na verdade, eles são bem diferentes de fezes frescas -- lembram mais fezes muito ressecadas. Têm o mesmo formato, mas são muito quebradiças, quase com uma textura de biscoito. Mas não estão fossilizadas como acontece com dinossauros -- a parte orgânica não foi substituída por minerais", conta Gilbert, que é britânico, embora trabalhe na Dinamarca. As datas obtidas com o método do carbono-14, o mais usado em material orgânico relativamente recente, ficaram em torno de 14 mil anos do nosso calendário.
O problema é que a escavação da caverna não foi feita usando técnicas estéreis -- ou seja, as fezes poderiam muito bem ser contaminadas com DNA dos pesquisadores. Para contornar o problema, todo mundo que chegou perto do sítio arqueológico foi testado. E o resultado é que ninguém poderia ter sido a fonte do DNA indígena -- ao que tudo indica, ele pertence mesmo aos "donos" originais dos cocôs.
Mais antigo
Brincadeiras à parte, os testes fazem das evacuações a mais antiga evidência direta da presença humana na América. O sítio de Oregon só não é mais velho do que o de Monte Verde, no Chile, com uns 14.500 anos -- as datas lá são consideradas válidas pela maioria dos especialistas, diz Gilbert, mas são indiretas, vindo de material orgânico modificado por humanos, como o carvão de fogueiras.
Espera-se que os cocôs ancestrais sejam o último prego no caixão do chamado modelo Clovis. Batizado em homenagem ao sítio de mesmo nome no Novo México, trata-se da idéia de que os humanos teriam chegado à América apenas uns 13 mil anos atrás. A descoberta de Monte Verde já tinha feito essa idéia balançar um bocado, mas alguns arqueólogos dos EUA ainda se agarram a ela.
"Acho que a principal razão para esse conservadorismo é que as evidências contra o modelo Clovis não são tão sólidas quanto muita gente acha. E também vale lembrar que muitas evidências acabam dando apoio a Clovis -- por exemplo, quando a cultura Clovis surge, aparecem sítios arqueológicos na América do Norte toda, enquanto antes quase não há nada. E, finalmente, se alguém passou a carreira tentando provar Clovis, não vai querer mudar de opinião muito rápido", conclui Gilbert.
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