terça-feira, 24 de abril de 2012

Coluna da Mara


CPMI do Cachoeira: empate

técnico ou doa a quem doer?


Por: Mara Paraguassu.
Brasília começa a ficar animada. Depois de criada na quinta-feira 19  com o inédito placar de 409 assinaturas – 337 deputados e 72 senadores – , a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que vai investigar as relações criminosas do contraventor Carlos Cachoeira com o mundo político e empresarial passa a funcionar tão logo os partidos indiquem os membros para  compô-la. O prazo para isso será até às  19h30 de terça-feira, 24.
A presidência deve ficar mesmo com o senador Vital do Rego (PMDB) e a relatoria caberá ao PT da Câmara. Especula-se o nome do ex-líder do Governo deputado Cândido Vacarezza, mas ele não tem muito a confiança de seus pares e muito menos da presidente Dilma Rousseff.  Ela o tirou do cargo de líder por sua criticada atuação na votação do Código Florestal.
Coisa nunca antes vista no Brasil, a CPMI do Cachoeira colocou do mesmo lado governo e oposição. Ambos compreenderam que a população está cheia  até o pote com a corrupção ou partem para um jogo conhecido e jogado e provocam um empate técnico?  Tipo não mexam com os meus que deixo de investigar os seus?
Dizem por aqui, todos os líderes partidários, que chegou a hora do Brasil ser passado a limpo, doa a quem doer.  Veremos então um salve-se-quem puder? Afinal, do conteúdo promíscuo até agora revelado pelas gravações da Polícia Federal existem conversas ou menções a  políticos de vários partidos vinculados a Cachoeira.
E todos sabem como uma CPI começa mas ninguém sabe como termina. Por isso, não há dúvida de que, muito embora a presidente Dilma Rousseff tenha dito ontem que a investigação é problema do Legislativo, é necessária a presença de experientes parlamentares da base para controlar nervos, terceiras e últimas intenções e situações que ponham em risco o exercício do Governo.
A empreiteira Delta, com número significativo de contratos do PAC, indica ser uma grande dor de cabeça, não apenas para o governo federal mas também para ao menos três governadores.
O apoio quase total do Congresso Nacional ao requerimento de criação da CPMI não passará de oportunismo eleitoral (mais um) caso prevaleça durante os trabalhos da comissão a disputa partidária. Que se manifesta com a derrubada de requerimentos, de pedido de informações, de convocação de envolvidos e outras estratégias mais. Esse comportamento seria o pior dos mundos.
Um naco no pedaço do céu
O Senado é o céu, dizia o antropólogo, educador e ex-senador Darcy Ribeiro. Plano de saúde vitalício – um dos mais cobiçados de Brasília -, amplos gabinetes e muitas regalias. Mas um naco do céu está perto (felizmente) do fim: o 14º e o 15º salários pagos a senadores. Na quarta-feira 18 a Mesa Diretora aprovou o Projeto de Decreto Legislativo 71/2011, de autoria da hoje ministra Gleisi Hoffmann, extinguindo o mimo, mantido apenas no primeiro ano da posse do senador.  A medida, segundo o site Congresso em Foco, vai gerar economia anual de R$ 4,5 milhões.  O plenário deve votar a decisão da Mesa no dia 25, quarta-feira.
Por que será?
Não assinaram o requerimento da CPMI do Cachoeira os deputados Natan Donadon (PMDB),  Nilton Caixaba (PTB) e Carlos Magno (PP).É o que diz a FolhaOnline.





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