A impunidade continua e o Estado
abusa da sanidade de todos nós
Ameaçada primeiro, é de praxe. Depois agredida. Teve a casa, dentro de um Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), incendiada. Nos últimos dias era seguida por dois motoqueiros. Por fim, com 28 anos de vida é fulminada a tiros na madrugada de 31 de março, em Nova Califórnia (RO).
Mais uma morte anunciada, em região de conflito agrário latente e permanente. Mais uma prova incontestável da inanição e incompetência do Estado brasileiro no enfrentamento do problema.
Até o trágico destino de Dinhana Nink, onde estava a Operação Defesa da Vida que não a protegeu, assassinada como se criminosa fosse, em frente ao filho de cinco anos? Ameaçada por ter a coragem de denunciar grileiros de terra e extração ilegal de madeiras?
Onde estavam as forças policiais de Rondônia e do Amazonas, terra da agricultora e de onde provinham as ameaças?
Não adianta as autoridades, todas elas, virem agora com discurso mole de que não sabiam do caso Dinhana ou que não registrou ocorrência das ameaças. Ou que faltam efetivos, ou que o combate aos crimes com origem em conflito fundiário carece de mais recursos. Ou que a Força de Segurança Nacional não pode intervir nas forças estaduais etc. etc. etc.
Toda essa ladainha não serve mais, é fora de lugar. Ou o Estado brasileiro toma conta de verdade da Amazônia, agindo de forma enérgica e revendo gasto público no orçamento, ou anuncia com clareza a incapacidade de tomar conta da maior porção territorial brasileira.
Dinhana estava na lista de ameaçados de morte elaborada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), e as pessoas que a ameaçavam ameaçam outras pessoas. O Estado tem conhecimento das barbaridades praticadas em terra que continua entregue às baratas e aos pistoleiros de aluguel, com a conveniência de agentes do poder público.
Defesa da Vida - Para lembrar, a Operação Defesa da Vida, anunciada há quase um ano (em junho), surgiu na esteira das mortes do casal de extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, do Pará, defensores do manejo sustentável da floresta, vítimas de emboscada, e de Adelino Ramos, o Dinho, de Rondônia.
Sem prazo determinado, prevê o uso da Força de Segurança Nacional e forças policiais dos estados do Pará, Rondônia e Amazonas no combate aos conflitos fundiários. No combate à impunidade que mata lideranças e simples agricultores, obstinados na defesa da floresta, seu ganha pão.
Não se sabe, até agora, os resultados da operação. Quantos grupos de extermínio e pistoleiros prendeu; de que forma conseguiu a cooperação das justiças estaduais para agilizar inquéritos (ação prevista); quais as investigações foram feitas; quantas pessoas ingressaram no programa de proteção a testemunhas etc.
Mais de uma coisa se sabe: a impunidade continua, faz novas vítimas a cada dia e o Estado abusa da sanidade de todos nós.
BR-364 - O assunto caiu no esquecimento. No dia 6 de março a bancada federal de Rondônia divulgou nota sobre a reunião com o ministro Paulo Sérgio Passos. Ele prometeu obra emergencial no trecho e Pimenta Bueno a Ouro Preto, independente de licitação. E que no mês de março as licitações dos lotes pendentes para a completa restauração da rodovia estariam concluídas.
E também enviou o diretor de Infraestrutura Rodoviária do DNIT, Roger da Silva Pêgas, a Rondônia, mas não se sabe o que ele andou fazendo no estado. Das duas uma: ou o governo federal perde na batalha da comunicação, o que não é novidade, ou não faz o dever de casa no tempo prometido aos nossos parlamentares.
http://www.amazoniadagente.com.br/wp/?p=9200
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