quinta-feira, 28 de agosto de 2008

EscutaZé!

Tirem as mãos do Pacaembu!

O prefeito Gilberto Kassab quer vender o Pacaembu, um patrimônio de todos os paulistanos, ao Corinthians.
Confesso que até ontem achava a gestão do nosso alcaide até que razoável. Até ontem (27).
Não iria votar nele nas próximas eleições, mas também não colocava nenhum óbice a alguns amigos que manifestavam essa intenção.
Mas depois dessa notícia, vou fazer campanha contra a sua reeleição.
Paulo Machado de Carvalho, que dá nome ao estádio, deve estar se revirando no túmulo, pois assim como este velho e torcedor blogueiro era são-paulino.
Na verdade, não importa o time de cada um. O Pacaembu é um patrimônio da cidade de São Paulo.
É dos são-paulinos, dos corinthianos, dos palmeirenses, dos lusos e de quem não tem time algum.
Conheci alguns estádios de futebol famosos nesta nada mole vida. Nenhum deles é tão bem localizado e agradável para se assistir a uma partida de futebol quanto o Pacaembu.
Foi ali, aliás, das antigas arquibancadas atrás do gol do Portão Monumental, que ainda adolescente vi o São Paulo ganhar de 4x1 do Santos, no dia em que Armando Marques expulsou Pelé e os santistas acabaram fugindo de campo.
E que um dia, nessa mesma época, abracei o próprio Paulo Machado de Carvalho, em carne e osso, depois de uma brilhante vitória tricolor de 3X1 sobre o Corinthians.
Hoje-em-dia só vou ao campo ver o São Paulo jogar quando a partida é nesse estádio, o que é cada vez mais raro.
Agora, o Pacaembu está à venda. Demos e tucanos não perdem a mania de querer vender tudo o que não é deles.
Daqui a pouco, vão leiloar o Ibirapuera, a represa Guarapiranga, o teatro Municipal, a estátua de Caxias, seu cavalo, tudo. Até o Borba Gato.
É impressionante. Lembro que há alguns anos a Subprefeitura de Pinheiros mudou de endereço.
Pensei que no grande terreno de suas antigas instalações fosse construída uma praça, uma escola, ou uma creche para os moradores do bairro.
Qual não foi minha surpresa, ao ver que naquele nobre lugar, em frente à Igreja da Cruz Torta, no Alto de Pinheiros, surgiu um luxuoso condomínio particular de edifícios.
Com ordem de quem venderam aquela área? Quanto foi arrecadado? O que foi feito com o dinheiro? Quem levou a comissão de seis por cento, comum no mercado imobiliário?
Agora querem vender o Pacaembu e, ainda por cima, para os corinthianos.
Senhor prefeito, fique tranqüilo. Este velho e polido blogueiro não vai se deixar levar pela tentação da rima fácil e chula.
Não estamparei aqui o refrão que provavelmente a Torcida Independente lhe reservaria se Vossa Excelência entrasse em campo.
Mas não posso deixar de apelar, com todo o respeito:

Hei, Kassab, tire as mãos do Pacaembu!


Dia da caça
Clique aqui para ler uma clássica e saborosa crônica de Juca Kfouri, sobre um dos marcantes encontros entre Pelé e Garrincha no estádio Paulo Machado de Carvalho: "O dia em que a caça consolou o caçador no Pacaembu".

Este comentário foi extraído do Blog semanal do jornalista José Luiz Teixeira

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