segunda-feira, 11 de junho de 2012

Proposta propõe castração em caso de estupro


Uma Pro­posta de Emenda Cons­ti­tu­ci­onal (PEC) que propõe a cas­tração quí­mica, apre­sen­tada pela ex-de­pu­tada fe­deral goiana Maria Va­ladão em 1998, voltou à dis­cussão no Con­gresso Na­ci­onal re­vi­vida pelo se­nador Ivo Cassol (PP-RO). A PEC apre­sen­tada por Cassol é cópia in­te­gral do pro­jeto pro­posto por Maria Va­ladão há 14 anos.

Pela pro­po­si­tura de mu­dança na Cons­ti­tuição a prá­tica rein­ci­dente de pe­do­filia com es­tupro fi­caria fora das ga­ran­tias in­di­vi­duais pre­vistas no Ar­tigo 5º da Carta Magna. Em agosto de 1998 a PEC 590 de au­toria da de­pu­tada Maria Va­ladão, que à época es­tava no Par­tido Tra­ba­lhista Bra­si­leiro (PTB), contou com a as­si­na­tura de quase 200 ou­tros par­la­men­tares en­dos­sando o pro­jeto. Até um de­pu­tado fe­deral de pri­meiro – e único – man­dato por Goiás na Câ­mara Fe­deral prestou seu apoio: Mar­coni Pe­rillo. Ao final desse man­dato Mar­coni foi eleito go­ver­nador de Goiás por dois man­datos, de­pois se­nador e re­tornou ao go­verno do Es­tado em 2010.
Para a hoje ad­vo­gada e ta­beliã Maria Va­ladão esse pro­blema é atem­poral e sempre se re­petem casos de abusos de cri­anças e ado­les­centes se­vi­ci­adas por pes­soas ines­cru­pu­losas que em al­guns casos ter­minam por as­sas­sinar esses me­nores in­de­fesos. “Nossa pre­o­cu­pação era e con­tinua sendo es­ta­ba­lecer uma pena exem­plar para que sirva de exemplo e im­peça que in­di­ví­duos rein­ci­dentes nessa prá­tica cri­mi­nosa sejam im­pe­didos de voltar ao de­lito e fazer novas ví­timas”, ex­plica ela.
No texto de jus­ti­fi­ca­tiva da PEC a de­pu­tada frisou que “es­tupro é um crime que não agride so­mente a ví­tima, mas agride também toda sua fa­mília, amigos, co­nhe­cidos e ou­tros que sabem dessa mons­tru­o­si­dade”. A uti­li­zação de meios quí­micos para efe­tivar uma cas­tração de­veria ser pro­vi­den­ciada pelo Es­tado para im­pedir que cri­mi­nosos dessa na­tu­reza rein­cidam no crime.
“É sa­bido no mundo ci­en­tí­fico que a cas­tração quí­mica ou por meios fí­sicos di­minui a li­bido e a agres­si­vi­dade”, ex­plicou a de­pu­tada. Ela res­saltou na PEC de sua au­toria que essa me­dida de­verá ser apli­cada so­mente a in­di­ví­duos que mos­trem ser ab­so­lu­ta­mente in­ca­pazes de con­viver em so­ci­e­dade.
Des­res­peito - No Pro­jeto de Lei do Se­nado (PLS) o se­nador Ivo Cassol pede a mu­dança do Có­digo Penal para in­cluir a de­fi­nição dessa me­dida de cas­tração pelo juiz ao aplicar a pena. De acordo com o pro­jeto, a cas­tração quí­mica dos con­de­nados por pe­do­filia será de­ci­dida pelo juiz, com base em ava­li­ação mé­dica, ex­plica Ivo Cassol. Em sua opi­nião, o pro­jeto não afronta os di­reitos hu­manos e “só quer tirar o que está atra­pa­lhando a so­ci­e­dade”.
O se­nador acres­centa que “não há qual­quer des­res­peito à dig­ni­dade das pes­soas. Há, sim, de­fesa das cri­anças, dos ado­les­centes, da fa­mília”. O pro­jeto en­contra-se na Sub­co­missão Per­ma­nente de Se­gu­rança Pú­blica, onde tem como re­lator o se­nador Aloysio Nunes Fer­reira (PSDB-SP), con­trário sua apro­vação. O re­lator ar­gu­menta que o in­ciso XLIX do art. 5º da Cons­ti­tuição ga­rante ao preso o res­peito à in­te­gri­dade fí­sica e moral. Aloysio Nunes Fer­reira lembra ainda que o di­reito à vida e à in­te­gri­dade fí­sica são ver­da­deiros di­reitos na­tu­rais ina­li­e­ná­veis, sig­ni­fi­cando que não estão à dis­po­sição dos seus ti­tu­lares.
Para a ad­vo­gada Eliane Faria a me­dida re­quer uma ampla dis­cussão com a so­ci­e­dade por mo­di­ficar um con­ceito ba­silar da Cons­ti­tuição Fe­deral que é a dig­ni­dade hu­mana. “É claro que pe­do­filia e es­tupro são crimes he­di­ondos e que pre­cisam ser com­ba­tidos com todo vigor mas uma me­dida ir­re­ver­sível e de grande al­cance como essa ne­ces­sita ser ma­ci­ça­mente de­ba­tida para que não sejam co­me­tidos abusos com a chan­cela do Es­tado”.
Eliane lembra que a prin­cípio a pro­posta pode pa­recer um con­ceito de ori­en­tação na­zi­fas­cista, o que me­rece ainda mais cui­dado em sua con­dução. “Para não pa­recer lim­peza ética e algo des­con­tex­tu­a­li­zado da ori­en­tação ju­rí­dica que é tra­dição no Brasil”.
Sua opi­nião é cor­ro­bo­rada pelo ra­di­a­lista Léo Mendes, líder do mo­vi­mento Ar­ti­cu­lação Bra­si­leira de Gays. Ele frisa que a Cons­ti­tuição Fe­deral veda essa pro­posta ao es­ta­be­lecer que “é obri­gação do Es­tado cuidar da dig­ni­dade da pessoa”. Essa me­dida de cas­tração, como a lo­bo­tomia e até a pena de morte “atentam contra a in­te­gra­li­dade da vida”, se­gundo Léo Mendes. Ele se de­clara contra a me­dida e res­salta sua opi­nião de que o “ser hu­mano deve ter sua in­di­vi­du­a­li­dade pre­ser­vada, até mesmo para réus con­fessos”.

Fonte: Hémilton Prateado - Cidades (DM.com.br)




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