quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O Brasil já tem novo fabricante de Aviões Agrícolas e de Treinamento

Acaba de ser fundada a Airtechs, empresa no interior de São Paulo que desenvolveu o seu avião. Trata-se do Guará G200, um monomotor acrobático de dois lugares em tanden, ideal para o treinamento de pilotos militares e civis. Este avião tem despertado o interesse de vários países da América Latina, por ser uma aeronave de baixo custo e ser oferecido com duas opções de motor, o americano Lycoming, de 200 HP, a gasolina, ou com o motor francês SMA, de 230 HP, movido a querosene Jet Á1, que utiliza ciclo diesel.

Este projeto deslanchou pela ousadia de um apaixonado pela aviação: Jesus Rodrigues, que desde jovem tinha um sonho, ser piloto de avião e aos 21 anos conquistou o brevê no aeroclube de São Paulo. Após isso comprou seu primeiro avião e trabalhou com táxi aéreo na região amazônica. Lá descobriu um nicho de mercado ao comprar e reformar aviões. Numa dessas atividades, conheceu e associou-se ao Engenheiro Carlos Gonçalves, um expert em modelos de treinamento, que já possuía experiência no projeto e fabricação de aeronaves, como o Uirapuru e o Tangará. A jornada não foi fácil, foram anos de trabalhos intensos, fins de semana dedicadas ao projeto e montagem do protótipo, noites sem dormir dentro do hangar X10 do CTA em São José dos Campos. Coincidentemente foi nesse mesmo hangar que nasceu o Bandeirante, o primeiro avião da Embraer. Jesus Rodrigues fala com gratidão da ajuda recebida do Engenheiro Ozires Silva, na época presidente da Embraer e do Brigadeiro Taveiras, comandante do CTA. Ajuda essas de grande importância, pois levaram o Guará G200 ao seu primeiro vôo, a partir do X-10.
Para aqueles que acreditam que fabricar um avião no Brasil é um plano ambicioso, a Airtechs avança com força na área da Aviação Agrícola. Em atendimento a crescente demanda no país foram desenvolvidos o Guará G300 e o Guará G400. Aeronaves estas que estarão disputando o mercado já em 2010 e 2011.
O Guará G300 é destinado à pulverização agrícola com capacidade de 600 quilos. Esta aeronave foi projetada a partir do Guará G200 e possui estrutura totalmente metálica, com grande poder de manobra, destinada a propriedades de tamanho médio. Já o Guará G400 tem capacidade de 1.000 quilos. Seu projeto é inovador no mercado. O tanque de defensivo é posicionado atrás do piloto e desenvolvido de forma garantir sua segurança. Sua estrutura é em material composto e destinado a grandes propriedades.
Rodrigues é enfático ao falar sobre segurança, para ele é o item mais importante na aviação, por isso a cabine do Guará G300 e G400 foram projetadas e constituídas de tal forma a preservar a integridade do piloto, tal como nos carros de corrida atuais, o cockpit é uma célula de segurança.
A Airtechs aponta as vantagens na aplicação da Aviação Agrícola.
Rapidez: é a característica mais evidente para a aplicação agrícola, pois cobre grandes áreas em curto espaço de tempo, sendo assim a maior responsável pela eficácia no tratamento de doenças e combate a pragas.
Uniformidade da aplicação: Como o avião aplica em velocidade praticamente constante, e não sofre influência das condições do terreno como umidade, vales e montanhas , a uniformidade de distribuição é excelente.
Independência das condições do terreno: O avião não necessita aguardar que o solo seque, após um período de chuva, pois não depende dele para a aplicação. Assim que cessam as chuvas pode ser iniciada a pulverização.
Não provoca danos à lavoura: A pulverização aérea não causa perdas por danos diretos à plantação como amassamento ou compactação do solo. Alguns dados indicam que a redução de colheita devida a danos ocasionados pelo uso de equipamentos terrestres pode chegar a 5%, ou 2 sacas de soja por hectare.
O nome Guará foi emprestado de uma das mais belas aves. Essa ave povoava todo o litoral da América do Sul e de algumas localidades da América Central. Possui a cor vermelha, pois habita os mangues e tem no caranguejo e siri seu principal alimento. Sua presença era muito intensa, a ponto do Padre José de Anchieta em 1560 dar o nome Guará Parim a um povoado do Espírito Santo, que significa ninhos de Guará, hoje o nome oficial desta cidade é Guarapari. A ave Guará esteve a beira da extinção, a beleza das suas penas causava muito cobiça, pois era usada como adornos, mas hoje já está em recuperação e pode ser vista com certa freqüência no litoral de São Paulo e outros estados. A revoada de Guarás contrasta o vermelho forte da suas penugens com o azul do céu e é tão linda, que quem vê jamais esquece.
Texto de: Eng. Reinaldo Ribeiro da Silva

reinaldo.silva@plasmatec.com.br

(12) 3909-1300







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